Ir para conteúdo

Expedição Lanin


Postagens Recomendadas

  • Administrador

By Menandro ;)

normal_EL01.jpg

Mapa Temático com o Logo da Viagem feito em 2009, para só acontecer em 2015

Sim a palavra nos reporta a sonhos, montanhas, vales, neblinas e, trutas, muitas trutas saltando, brigando, vales encantados, rios deslumbrantes serpenteando a Patagônia Argentina, os sonhos que pairam sempre em nossas mentes.
A muito ponderava sobre uma ida de carro até a Patagônia, mas "os diversos medos" disso e daquilo que criamos faziam refletir, muita quilometragem, possíveis panes do carro, policia argentina inescrupulosa, dias perdidos dirigindo ao invés de estar pescando dentre outros possíveis problemas que podiam acontecer faziam-me refutar, tudo poderia sair mais caro que o previsto.
Não consegui voltar ao trabalho, uma licença médica já vinha me rodeando há quase dois anos, então pensando em de alguma forma aproveitar a licença e as férias da universidade, e necessitando "aliviar" a mente para recompor, afinal a quantidade de remédios diária que tomo é algo muito ruim, e não podendo ficar sem eles, tinha que pescar, estava de molho e sacudi a poeira e tomei a decisão de tornar realidade a Expedição Lanin, então...
normal_EL02.jpg
Adesivo criado em 2009 para colocar no carro, foi reeditado e impresso para usar este ano
...resolvi convidar meu velho companheiro de pesca, Seu Paulo, 83 anos, muita experiência, mas prótese no joelho e rengo do outro, será que vai, mas não teria melhor, pescador e caçador há mais de 60 anos, já tendo pescado muito e com muita gente boa nestes quatro costados do Brasil e exterior, pescador de fly há quase 20 anos e experiente nas indiadas, aceitou de bate pronto.
Resolvemos nada mais nada menos que acampar, pois conheceríamos o caminho, passeava um pouco a mente e seria um custo menor. Então chegamos à conclusão que os limites nos gastos era fundamental para a viagem, afinal estou me tratando de problemas graves e acreditamos que isso ajudaria em muito, decidimos ir.
Seu Paulo já tinha estado outras vezes em Rio Pico, mas aproveitei então um bate papo com o Jamanta também que, além de conhecer bem o lugar, ainda o recomenda, digno de elogio e grande reputação como pescador e companheiro, sem sombra de dúvidas ficou mais de hora desenhando mapas, anotando nomes, dados e fatos e isso já estávamos em 11 mapas, sem palavras. Dedicou-se a montar um pacote de dias determinados, de lugares específicos e mais a parte exploratória perfazia o total que sonhava.
normal_EL03.png
Lote de bonés usados durante a expedição, alguns foram dados, assim dividindo um pouco em cada um
Quanto às moscas, um capítulo a parte, gosto muito de pescar com minhas moscas, atadas por mim, sei das minhas qualidades e defeitos, mas buscando estar o mais prevenido possível, resolvi negociar umas secas com o Mestre Jorge, afinal ele ata centenas de tipos diferentes de moscas para todo mundo que conheço e sabidamente deveria saber o que mais é efetivo, ele protagonizou um punhado de secas, ninfas e algumas únicas, mas duas simplesmente arrebentaram, foram duas pequenas ninfas que deram o show, um espetáculo a parte, e pelo que conheço da Patagônia, esse é um item que devemos acertar de cara para dar certo sempre.
Assim, montamos em dois dias o carro, equipamento básico de camping, básico de pesca, umas roupas a mais por causa do frio, e, em uma quinta feira, 6:30hs da manhã pegamos a estrada rumo à fronteira com o Uruguai, elaborei mapa, atualizei o GPS (levamos um GARMIN NUVI 2580TV) e sabíamos que teríamos que descer muito. Antes de passar a fronteira, paramos em Santana do Livramento e compramos uma boa erva mate, afinal lá é muito diferente e ótima companhia nas viagens.
Sem dar trégua ao carro, fomos no meu Citroen C3 Picasso que se mostrou maravilhoso, simplesmente impecável, 8000 mil quilômetros, muita estrada de rípio, campos, e ruim mesmo só aqui no Brasil, só abastecemos de nafta e água, nem foi necessário calibrar, no dia anterior tinha revisado e calibrado com nitrogênio, melhora a condição do pneu, e assim tranqüilo como fomos, voltamos, com bastante conforto e dirigibilidade fantástica, carro aprovado.
normal_EL04.jpg

O Carro, aqui com um belo suporte de varas imbatível, rápido e muito seguro

E esse era um item que me preocupava bastante, ficar no caminho, depender sei lá do que e, buscar ter a melhor condição possível de viagem, é salutar mesmo. Quanto mais confiável melhor, único, porém, meu carro vem com pneus 16/55 com perfil muito baixo, o melhor neste caso era o de 60 para cima, mas ai teria que trocar os cinco linearmente, muito caro, vamos fazer o melhor assim mesmo e deixa como está.
No meio do caminho no Uruguai resolvemos de última hora ir por Paysandu, apesar de ter recebido recomendação que a estrada não tava boa por um amigo que recém passara por lá, o GPS nos deu uma volta e não reparei, queríamos ir por salto, mas acabou sendo o destino mesmo, um rípio com asfalto, muito interessante, mas ruim por ruim, eles não sabem nossa capacidade do nosso país de deixar uma estrada ficar muito ruim mesmo.
normal_EL05.jpg
O rípio Uruguaio, um show de pedrinhas a parte
Conseguimos cruzar o Uruguai no mesmo dia, pais pequeno, de campos repletos de gado, lindos e gordos e à medida que se ia, iam sendo chamados de "bifes", a lembrança do bife de chorizo feito na argentina, víamos carros muito antigos em galpões históricos, açudes, campos e o GPS dando um contorno da região, colaborava para termos noções de espaço e localização, Seu Paulo com as historias de caçadas no Uruguai, foi uma das tantas que perfizeram num ótimo caminho.
Na chegada a fronteira, aponte de passagem Uruguai/Argentina, onde encontramos a clássica imigração, documentos e formulários, revista para alimentos e frutas e em seguida o pedágio, 100 pesos de entrada e também de saída, interessante, aceitam reais, pesos argentinos, uruguaios e dólares, barbada, coisa que aqui não me ative a ver, mas acho que deve ser mais difícil.
Em território argentino, nos programamos para abastecer sempre quando chegasse meio tanque ou menos de 200km para o final do combustível segundo o computador de bordo, ótima ferramenta, atualiza automático quando abastecido e altera a medida de uma melhor media, afinal, nas pesquisas feitas poderíamos ter confiança no instrumento e ter essa media é um fato, afinal entre um posto e outro podemos ter isso de distancia e não vale à pena correr um risco desnecessário.
No primeiro posto que paramos, começam os problemas de cambio, não tínhamos muitos pesos, achamos que o pouco que tínhamos bastaria, mas os postos não trocam, são raros os que fazem e um bom conselho é levar pesos suficientes para não ter este tipo de problema, teve caso que não tínhamos, o posto não trocava, e se não fosse um cliente argentino, ficaríamos sem, mas, como bom Argenbtino 10 x1, ótimo assim mesmo, em outro aceitou o cartão de crédito e foi por um milagre, mas ninguém querer dólares a 10 ou 9 por 1 era de rir. Saímos do posto e voltamos para a Rota 14 em direção a Buenos Aires, e no primeiro posto da policia que vimos, um policial vindo em nossa direção, não acredito, eles sentem o cheiro de estrangeiros de longe, "parar" não acreditei, documentos, explicações que estávamos indo pescar, e sem dar uma palavra apontou com um sinal para as luzes apagadas, havíamos saído do posto e sem querer tinha desligado, reorientou-nos e desejou boa viagem e que mantivesse sempre acessa as mesmas, e eu tinha me esquecido, com a ansiedade a flor da pele, liguei tudo e agradecemos, saímos sem nenhum problema e nenhuma "propina", e até o caminho de volta mais nenhum policial nos parou, foi impressionante.
normal_EL06.jpgnormal_EL07.jpg
Aqui começa o sonho, entrando na Argentina, via Paysandu, a ponte sobre o Rio Paraná
Pela Ruta 14 chegando em Zarate atravessamos o Rio Paraná e cada vez mais imaginávamos como deveria ser estar chegando perto, brincando durante as pontes, "é nessa" ?? E faltava muito ainda em termos de estrada, mas como recém começando, a ansiedade ainda a mil.
Assim, sempre acompanhando os mapas elaborados, continuamos em direção a Santa Rosa, caminho que já tínhamos decidido fazer, só que o caminho não é perto, então, como tínhamos nos propomos a andar o máximo possível, acabamos desistindo do almoço ou substituindo pela compra de um lanche nas paradas para abastecer.
Sempre ouvimos que levava pelo menos três dias para chegar, sendo assim no final do primeiro dia, fomos atrás de um lugar para dormir e comer bem, muito "ambre", e cansados resolvemos parar na primeira cidade que encontrássemos, casualmente era a cidade de Bragado, muito maior do que imaginávamos, e o por do sol que nos recebeu foi muito acolhedor e bonito, acabamos ficando em um hotel no centro, consideravelmente bom com uma diária para dois em 530 pesos com desayuno, banho quente, boa ducha, assim depois de abastecidos, saímos, mas uma coisa muito legal que chamou a atenção foi na saída de Bragado, seus inúmeros bancos nas calçadas, na frente de praticamente todas as casas, prosear, tomar chimarrão, parecia que tínhamos regredido no tempo, em suas ruas, limpeza e organização, a prática de esportes ao ar livre é habitual do povo argentino, trailers, motor homes, bicicletas, inúmeras caronas, das mais diferentes possíveis, pessoal da caminhada, muitos mochileiros, saindo cedo, vendo o nascer do dia e "bora" estrada afora, rumamos a Santa Rosa.
normal_EL08.jpgnormal_EL09.jpg
Os campos argentinos e nisso se vai o primeiro dia
Lá como havíamos chegado cedo, resolvemos parar e almoçar bem, mas perdemos um bom tempo e não achamos um restaurante, nem eu acredito nisso, mas, pegamos uma comida pronta, e pé na estrada em direção a Baia Blanca até o entroncamento a direita para Bariloche via Ruta 231, no caminho Puelches, para mim, a pior parte de todo o caminho, retas intermináveis, pista ruim, única parte que pegamos neste estado.
normal_EL10.jpgnormal_EL11.jpg
De Santa Rosa Rumo a Baia Blanca, um retão interminável, logo a direita outros tantos rumo a Neuquen
Puelches é nada no meio de lugar nenhum, nem quisemos parar no único posto local não sei por que, mas a La Pampa é um lugar meio inóspito, a vista se perde em um único platô interminável, seco e rústico, de repente por incrível que pareça, uma casa, alguém resolveu sobreviver ali.
normal_EL12.jpgnormal_EL13.jpg
normal_EL14.jpgnormal_EL15.jpg
Em todas as retas, nada tem, de repente uma casa. Ao fundo El Chocon.
O caminho vai dar nas proximidades de Neuquem, cruzamos a cidade reto, com um único destino, rumo a Junin. Na saída de Neuquem, alguns quilômetros abaixo, El Chocon e mais uma reta interminável rumo a serra, aí que percebemos como abastecer é importante sempre que chegamos a meio tanque de combustível, ficamos angustiados em alguns momentos afinal as distancias são longas mesmo, descobrimos os caminhos que nos levam a Patagônia pelos seus contornos e sabemos que estamos muito perto, assim chegamos à noite em Junin e, por sorte, uma hora depois, conseguimos uma pousada,
normal_EL16.png
Hospedaje Alejandro 1, até se mostrou satisfatória e barata para a época
"Alejandro 1" logo na entrada de Junin, isso depois de vermos umas dez lotadas, a mesma nos atendeu por 3 dias consecutivos, resolvemos que um banho e uma cama boa fazem diferença considerável na pescaria, e para o corpo todo, pois passávamos a maior parte do dia na rua. Toda a pesca foi de vadeo, apesar de termos levado um barco inflável emprestado pelo nosso amigo Álvaro, mas quando era para ser usado o vento não permitia, e assim, começamos nas margens da pousada, um rio bem conhecido chamado de Chimenuim, rumo a sua nascente.
normal_EL17.pngnormal_EL18.png
Seu Paulo tirando a licença de pesca, aqui já entregam plastificada, a seguinte, um restaurante em Junin de Los Andes, temático e de ótima qualidade gastronômica.
normal_EL19.jpg
LANIN - O INSPIRADOR
La Boca sempre ostentou uma fama avessa a sua realidade, por ser um lugar de cota diferenciada, deveria ter um escopo similar, mas não foi o que encontramos, tive meio que correr dois argentinos pescando de bait, disse que não podiame, que tem cota especifica e só na modalidade flyfishing, disseram que foram orientados pelo guarda parque, mas foram embora assim mesmo. Descemos o rio de vadeio e com muita dificuldade para achar a mosca certa, depois disso, vários pools, corredeiras, uma cor verde esmeralda linda demais, mas, o rio praticamente já tomado pelo Didymo, isso causa um mal estar muito sério. Ferramos várias arco-íris e marrons, todas pequenas e medias, mas como estávamos longe um do outro, não conseguimos fazer boas fotos, descemos e escalamos bons pedaços e no final do dia, borá, no caminho resolvi entrar em uma propriedade particular as margens do rio, difícil convencer o caseiro, muito amável, nos ouviu, se solidarizou e deixou pescarmos um pouco, lugar de uma rara beleza, um campo regado pelo próprio rio, que guardava em sua grama, partes de historia de pesca, grama finamente cortada e aparada, um lugar lúdico que o caseiro solicitou que não fizéssemos nenhuma foto do local, assim cumprimos, mas temos um acesso para o próximo ano a um tramo do rio singular.
normal_EL20.jpgnormal_EL21.jpg
"La Boca", sua deslumbrante água translúcida, suas memoráveis historias
EL22.png
Chimenuin abajo
Para o segundo dia queríamos explorar o Malleo acima, mas é muito diferente do abaixo, sendo bem mais difícil e tendo que garimpar espaços factíveis, vimos grandes trutas, grandes pools, e ainda não tínhamos acertado na mosca certa, e tivemos dificuldade para as top, no mais, as chicas e medias continuavam nos acompanhando, apesar de sonharmos com os grandes troféus, não foi hoje ainda. Descemos o Malleo para terminar o dia e almoçar, assim fomos atrás dos velhos pontos conhecidos, das grandes rochas, pools e corredeiras, ficamos até cair à tardinha e isso já era perto das 9 da noite, anoitecia perto das 10 e sem o confuso horário de verão.
normal_EL23.jpgnormal_EL24.jpg

Malleo - suas cores, suas curvas, suas luzes.

normal_EL25.jpgnormal_EL26.jpg

Ficar o dia todo no rio as lembranças dos refúgios que paramos para comer e descansar, dos buracos novos que descobrimos com grandes possibilidades fomentam nossos sonhos futuros de mais tempo, de melhores troféus e como sempre, voltar, voltar e voltar, como o Beto Saldanha, que sabe pools e corredeiras que só a mente grava, desenha e pinta, que só de lembrar, sempre bate a saudade.
Precisávamos de moeda local e fomos a San Martin trocar um lote de dólares por pesos, nossa cotação foi de 12.5 x 1, já que estavam vendendo a 13, então achamos satisfatório, nisso fomos ver o Alejandro Klap, Mercedes nos recebeu como habitualmente faz todas as vezes que vamos a Patagônia, sempre muito gentil, também sugeriu inúmeras possibilidades, e nos regalou com um bom vinho, Malbec é claro.
normal_EL27.png
Tivemos a oportunidade de saber que o Ale acompanhava outro amigo e pescador Pedro Flack e sua esposa Pâmela, também estavam lá, passando uma semana de pesca, postaram fotos lindas, varias trutas, muito legal.
Com vontade de pegar grandes trutas, conversamos, atualizamos e veio a vontade de descer a Rio Pico, e como não tínhamos relógio, nem com hora e nem com data, bora estrada afora, rumo a Bariloche via Ruta 40, apesar de perfeita, recomendo o caminho por San Martin, Quillen e vamos descendo, lago machonico rumo à Bariloche, seguindo por Vila Angustura e continuando a descer para Rio Pico, via Ruta 40
normal_EL28.jpg
A tão clássica e maravilhosa visão dos contornos de Bariloche
normal_EL29.png
Bariloche, trutas, chocolates, ahumados e muitas paisagens
normal_EL30.jpgnormal_EL31.jpg
Confluência do Rio Traful com o Rio Limay, seguindo mais abaixo, diversos pontos de pesca da estrada

El Bolson é um lugar lindo que lembra muito cidades americanas aos pés da cordilheira, legal, pequena e tinha um posto com muita fila que vendia gasolina, nafta, a 9,45, muito barato, chegamos a ver até 13,20 pesos, assim descendo rumo a Teka e Rio Pico, olha é chão, muito chão, mas muita vontade e prazer de fazer tudo isso, nem sentimos, foi bala, um caminho estranho, de muitas possíveis paradas, precisaríamos de um motor home para parar em todos os lugares que desenhamos e mapeamos, que vimos, que ouvimos, que nos deixaram sonhando, e sabemos, voltaremos.

normal_EL32.jpg

Chegando a El Bolson, aos pés da cordilheira, lindo de ver

Pouco antes de chegar a Rio Pico, abastecemos em Teka, uma referência que o Jamanta tinha passado, se precisar dormir, atrás do posto tem uns quartos bem bons para pernoitar, mas não carecia, um comentário chamou minha atenção no posto, a placa do Brasil era a única na cidade, "Ta longe hein", sim e se deixar vamos cada vez mais.

normal_EL33.png

Mas desta vez, um endereço, Rio Pico, a chegada ainda não tinha no GPS, era tida como estrada de terra ou rípio, mas estava 90% asfaltada, dois pedaços ruins, mas nada demais, paisagem rústica, lugar distante, e quando chegamos, uma praça central, era isso, o ponto central e único da cidade, seguindo as orientações do Jamanta e do Paulo que já tinham estado lá, resolvemos ficar na pousada Lefin, um ótimo ambiente, fale com o Carlos, dono do lugar, gente fina, mas uma boa sugestão é reservar antes, apesar de ter dado tudo certo, isso pode não acontecer. Quartos de um lado, Cozinha do outro, sem cheiros e separamos muito bem ambas as coisas. Têm também outras formas de disposição, o principal são duas peças gigantes, uma cozinha e lareira para parrija e quartos e banheiro no outro, acomoda até seis fácil.
Dali a 50 metros a praça e temos o posto de gasolina, internet no posto, o Ernani que atende ali também é um cara legal, experimente o café dele enquanto posta umas fotos. Na praça tem o centro turístico e de desinfecção, possui uma taxa de 100 pesos e um selo que vai junto à licença, o lugar abre as sete e fecha às 22h, achamos perfeito o atendimento ser nesta forma e conseguimos constatar que funciona mesmo, mas, como ninguém nos fiscalizou, nossa atitude permeia nossos atos e sabemos o certo. E isso basta para muitos e para nós.
normal_EL34.jpg
Uma cena no primeiro dia de pesca em Rio Pico marcou muito, pelo conjunto da Obra...
Das rotas que saem dali temos o Lago 3 - o mais badalado, possui camping municipal nas suas margens, a direita de quem chega, antes tem as cabanas Los Toldos, do Mario, camarada de boa data do Paulo, seguindo lateralmente à esquerda, contornamos o lago 3 em direção a sede de uma fazenda...
normal_EL35.jpg
..."Los Tres Leones", e seguindo as orientações, fomos falar com o Pube, dono do lugar, estava carneando uma ovelha morta para os pêros, ele pareceu estar de mau humor e foi logo cobrando, queria 500 pesos para pescar ali e não nos recebeu muito bem, disse ser a cota por dois caniços,
normal_EL36.png
só resolvi desistir e não pagar, por que ainda tinha uma ótima indicação do Jamanta ali perto, mas o lugar, a fazenda do Pube tem uma característica única, a confluência de canais, do rio pico, da saída do lago 3 e rio corcovado, então reserve os pesos e vá bem cedo mesmo, a estrada não esta muito boa para meu carro baixo, mas para aproveitar todo o dia leve comida e água na mochila e aproveite ao máximo os canais, em certa época do ano sobem as grandes para desova, assim volte no dia seguinte e após a placa de entrada da fazenda, tem só mais 15 metros e esconde o carro no buraco da mata a esquerda, a dica que tinha referenciado acima que ainda tinha dali, uns 30 minutos de muito boa caminhada, é um acesso publico entre fazendas, tem cerca de ambos os lados desenhando um corredor até o rio, barrancos, praias, galhos, lindo lugar, suas margens terminam na confluência com o Rio Nilson, é outro lugar que não se paga nada e deve ser muito bem explorado. A mochila deve conter um kit obrigatório composto de água, comida, bronzeador, óculos, capa de chuva (apesar de fazer nove meses que não chove direito lá pelas bandas), buff, protetor labial e boné, é claro, fora à indumentária, toda a pilcha, de ser conhecido pelos quatro costados mundo afora, este é o peão pescador.
Não recomendo desistir do Pube, foi desculpa para voltar novamente, a flotada chegou a 1800 pesos, ou seja, dois dias de flotada mais o Pube dão 4100 pesos ou 330 dólares, e sem muita infra também, como tinha um vento de levantar, não fizemos, mas de longe, economize o café da tarde, para que possa desfrutar só por alguns dias no lago e no Pube, valem muito à pena, por tudo que vimos e ouvimos.
normal_EL37.jpg

Seu Paulo no Rio Pico, primeira praia após um pool com uma ilha, lindo, mas também bem baixo

Bem que o Jamanta já tinha dito, ali precisa de uns três dias pelo menos, e digo mais, tem pescaria farta por 15 dias, em 15 lugares diferentes, cada uma especifica e localizada, dentro de um roteiro que tentarei transcrever, ainda no lago 3 o mesmo deve ser pescado de Gomon, ou bote inflável, assim consegue cobrir uma área maior, juncos, pedras, praias, foz e meio do lago são pontos diversos, Rio Pico e Nilson, Pube, devem ser explorados e, numa dica que conseguimos, antes do Pube, à direita, em uma porteira com uma bandeira da Argentina, tem outra fazenda que abre também em direção ao Nilson, e cobra bem menos, assim, é possível explorar satisfatoriamente a esquerda do lago 3 em todos os pontos, e sempre interessante um 4x4, apesar do meu não ser, o bichinho rosna ao ver terra e vai, vou fazer o que, mas não é todo o lugar não, tem bastante limite.

normal_EL38.png

normal_EL39.png

Outra dica que foi de ótima e perfeita valia foi estudar o Google Earth, assim temos uma noção de outras coisas, mapeados e salvos no computador te dão um novo leque de opções, assim tínhamos todos os pontos praticamente georeferenciados e separados por pastas, podíamos pesquisar as fotos que já tínhamos salvo dos mapas e lugares para entrar.

normal_EL40.jpgnormal_EL41.jpg

Em mais um dia, rumo ao Lago Gal Winter no lado argentino e lago Palena no lado Chileno, resolvemos parar na entrada a direita antes da ponte, em uma casa, bom lugar para deixar o carro e descer a pé, sempre reforçando, água e comida, um bom planejamento, anda mais e só volta no final do dia.

normal_EL42.png

O motivo disso tudo, o prazer de pescar e devolver, de ler o rio, ouvir o vento, sentir a natureza ao redor para que, em uma escolha certa, acerte na mosca e... Feitooooo!!! E que bela foto.

normal_EL43.jpg

normal_EL44.jpg

O rio corcovado estava baixo, o vento corria solto, assoviava em todos os contornos que pegava, obrigava a atitudes malucas de colocar a linha n'água, o lago tinha ondas que dava para pegar um tubo, num surfe totalmente imperfeito tamanho vento, foi difícil e resolvemos lanchar e voltar, pegamos dias muito horríveis, vento de uns 80Km pelo menos se não mais, nos ganhou, e no caminho achamos o lago ninho, de fácil e publico acesso, mas deve ser dedicado um dia e com Gomon também, praticamente fundamental em muitos pontos, vale a dica assim como o Lago 4 na direção do Rio Pampa, tem as Cabanas Meli Lauquen, o acesso é por entrada particular e as cabanas ficam as margens do lago 4, uma ótima parada de dois dias pelo menos, e com gomon, a festa, bem mais protegido do vento, ficamos sabendo que tem trutas de 8 a 10kg, no meio do lago, também é um lugar perfeito para um bom acampamento ou fogo de chão.

normal_EL45.jpgnormal_EL46.jpg

Na cidade La Pampa, cortada pelo Rio Pampas nossos últimos dois dias dedicamos a esse rio lindíssimo, de uma piscosidade que não vemos ser possível, é claro, acertamos a mosca perfeita uma ninfa vermelha e preta atada pelo Jorge, o resultado era acima de 80% nos arremessos com resultados positivos, não precisava jogar longe, nas praias, galhos, bocas, era demais, muitas ferradas, e de bom tamanho, o rio se abre em todo o seu esplendor, água translúcida, verdes de vários tons, sumindo ao completo transparente, desfiladeiros em suas laterais, poços e corredeiras inesquecíveis e se pudesse recomendar, para esse eu recomendaria levar uma barraca e passar a noite a beira, indescritível presença e força da natureza em sua pesca e ambiente, um lugar que tranquilamente voltarei, e para acampar pelo menos um dia.

normal_EL47.jpgnormal_EL48.jpg

normal_EL49.jpg

Aqui se pode praticar a pesca fina varas no Maximo #2 ou #3, linhas WF tippets de 9 a 12 pés, ninfas em anzóis de 12 a 18, um detalhe, tem que ter vermelho e preto, indiscutível.

normal_EL50.jpgnormal_EL51.jpg

Linhas sinking, wolly buggers e similares, só para os lagos, estes devem ser bem explorados, pois possuem vários lugares factíveis de ótimas capturas e não devem ser desprezados em hipótese alguma.

normal_EL52.png

Ser tivesse que levar uma única vara, seria essa, uma BBD #3 7,3 sua delicadeza torna o prazer de pescar uma grande truta algo de raro valor, guardado na memória em um arquivo especial.

normal_EL53.png

Enfim começa o processo de volta e....
Depois que tu começa a voltar, não interessa mais, tocamos quase direto um caminho de volta que teve certas coisas inusitadas, o paradero "El Viejo" é um lugar muito rústico e interessante, fica no KM 1960,2 da ruta 40, sua decoração artesanal conta com peles nas paredes como javali, lebres, gato do mato, mas todas muito antigas, o javali tava mais para boi de tão grande, enfim toda a decoração é Viejo como o nome do estabelecimento, a comida é muito boa e o visual impressionante, recomendo a cerveja artesanal, sabores locais, desenhos regionais.
normal_EL54.jpgnormal_EL55.jpg
Ficamos muito a fim de dar uns pinchos no Limay, sua boca totalmente vazia compelia a uns arremessos, sei lá por que, resolvemos não parar, o que acabou sendo correto, pois mais a frente nós encontramos um guia de fly e disse ter muita truta, só que hoje não, que não valia à pena perder tempo, como já estávamos vindo embora, seguimos rumo ao próximo posto, estávamos quase sem combustível, precisamos rodar 40km até ele e o seguinte só com 200km de distancia, incrível, tinha uma enorme fila, eles tinham ficado sem nafta e não tínhamos como seguir e nem voltar até o próximo, foi ai que vimos o carro tanque recém abastecendo o posto, ficamos aliviados, mas o assunto combustível pode ser preocupante.
Também como uma parada a meia noite, perto de uma policia nos arredores do nada em coisa alguma, isso nas proximidades de Puelches, deu vontade, coisas que não dá para rodar mais de 5 metros, rimos muito, tinha que ser ali, agora, já.
Lá perto da uma hora da manhã, paramos para descansar em um posto que tinha uma policia caminera, nossa PRF, precisava descansar, sentado fica muito difícil dormir, não durou segundos a duvida, descemos montamos a barraca em 2 minutos, as iglus são uma barbada e pequenas, puxamos os colchonetes, ah e fomos pro ronco, uma ótima recuperação do cansaço. Ao acordar é que vimos outras barracas de ciclistas, carros dormindo e no caminho percebemos ser uma pratica comum, não tivemos problemas e conseguimos dormir um pouco e bem, recomendo é super barato, ou seja, nada, acorda vai ao banheiro lava a cara, toma café com mediaslunas ou o que quiser e estrada novamente.
Sempre que se guiar por GPS tem que tomar cuidado e ter um mapa junto, como ele processa a rota mais curta, pode ser que passe por algum problema de caminho que não gostes.
Muito legal o trecho no Uruguai que vem por Taquarembó, a descida é muito longa e economiza um bom combustível, ai, vem o Brasil e é também ai que se percebe como está as nossas estradas, o fundo do carro que não bateu nenhuma vez nas deformações, aqui tinha, e muito, feio de ver, nossos governantes nos cobram multa da incapacidade deles de fazer e manter estradas, se não corrermos não acontece acidentes, eles passam por reguladores, na Argentina a grande maioria é limitado a 110 ou 120, mesmo as simples e vicinais, só vi um pardal instalado, isso La em San Martin na entrada e mais nenhum, a responsabilidade, pagamento de multas e outras coisas é nosso, muito chato de ver as diferenças políticas nas realizações de obras. Em Rio Pico estão construindo as estradas com cimento, vimos uma rua inteira ser feita de um dia para outro, num sábado e domingo, trabalhando tranquilamente, não como aqui quatro olham e um trabalha.
Dentro todo o percurso, o fato mais importante e que conta muito, o apoio da família, principalmente quando ela não vai junto, quando sabemos da importância de ter uma estrutura forte e que nos ajude a construir o que juntos somos, uma família, fica aqui o meu obrigado a minha esposa, Dalva, que muito já carimbou a carteirinha da FUNAI, que tanto fiz ela participar. Isso não tem preço.
A viagem mesmo assim foi cinco dias mais curta que o programado, alem dos recursos escassos, a mente não ajudou e sugiro que tratamentos desta ordem sejam separados de coisas maravilhosas, elas não se misturam muito, mas sim umas superam outras, e deve ter faltado as grandes trutas para suprimir de vez os outros problemas.
Varas usadas, sugestões todos temos, mas levamos uma #6 LOOP e SAGE, uma #8 ORVIS HYDROS, #4 FENWICK e uma #3 BBD, Moscas foram as mesmas que todos levam, mas tinha um "AS" na manga, sempre tenha algo inusitado, como uma Leonis Barbadus, umas Hoppers especiais e ninfas By Jorge, assim escolhemos detalhes e ele as faz, sobra tempo para pensar em diversas outras coisas, itens fundamentais que elenco disse acima, mas bronzeador, protetor labial, almoço e água fazem falta, não perdermos tempo voltando, exploramos muito mais e aproveitamos na integra, ai no mais, fica ao gosto de cada um outros detalhes.
Como tocamos direto, chegamos a Porto alegre às quatro horas da manha, fizemos em dois dias e quatro horas Rio Pico x Porto Alegre, um show de viagem, de pesca, de conhecimento e o próximo já está definido, Chile, Chile, Chile. Bora bora pescar, pesquisar e viajar.
Menandro
  • Like 1
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Patrono

Belo relato, o seu Pube já é folclórico, esse ano o presenteamos com um boné da fish tv e conversamos com ele e seu filho, Leon (um dos 3 Leones). Sempre fomos bem recebidos! Primeiro ano que fui eram 100 pesos por dia e esse ano subiu pra 250 pesos por pessoa. Eu gastei 1000 pesos lá em 4 dias, que valeram cada centavo! Pouca pressão de pesca, e esse é o objetivo deles. Sem divulgação na internet, só no boca a boca. Disseram que não vale a pena ter mais de 6 pescadores por dia lá e não fazem questão.

  • Like 1
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Moderador

:):):)

Ola Menandro,

Parabéns a você e ao Sr. Paulo pela maravilhosa excursão pelos caminhos esplendidos que conduzem à Patagônia e também pelo relato minucioso que nos conduz ao teu lado nesta aventura !
Este relato é para ser lido de maneira pausada para ser bem assimilado e retornarei mais vezes ao tópico.
Obrigado por compartilhar.

Grande abraço

Odimir

  • Like 1
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Mosqueiro

André

Muito obrigado pela matéria, tinha compromisso com o pessoal do MDR de postar a mesma, só ruim de roda, ou teclado.

A Revista da ABPM pede mais relatos, e quem quiser se propor, falem com o Felipe e o André, nossos editores

tem mais uma galera por trás ajudando e todos são bem vindos.

Mais uma vez Obrigados a todos, foi aqui que aprendi o valor de bons relatos e como podemos economizar com cada detalhe

em tudo o que aqui aprendemos.

Obrigado

Menandro

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Administrador

Nós é que temos que te agradecer meu caro amigo, por essa maravilhosa narrativa de uma aventura incrível!

Obrigado, obrigado, obrigado, muito obrigado. :mestre:

  • Like 1
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Mosqueiro

Menandro, que viagem! Meu cumprimentos a você e ao Sr, Paulo! :bs-aplauder::bs-aplauder::bs-aplauder:

Fiz uma leitura diagonal e, com calma, vou ler e apreciar cada momento, além de incluir o relato em meus arquivos de boas informações.

Grato por compartilhar.

Luiz

  • Like 1
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Parabens pelo relato... estive lá 2x ano passado e o lugar é lindo. Fomos para o La Plata e Lago Wintter. pesca fantástica. Foi onde comecei com a pesca com mosca. estou voltando para lá proximo novembro... A grande diferença é que vou com meus amigos argentinos (sou o unico GRINGO do grupo) e posso afirmar que o pessoal mete a faca mesmo quando se trata de forasteiros oque nao acontece com nosso grupo pois só sou apresentado como brasileiro depois dos valores já terem sido negociados !!!! hehehehe

  • Like 1
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • 2 semanas depois...
  • Mosqueiro

É brincadeira isso...

E eu que vim morar tão longe...

Vou ter que ir pescar mais por aqui pelo menos para compensar um pouco a inveja que eu tenho dos sulistas que estão tão perto das trutinhas...

Mas como planejamento é uma parte muito importante de toda conquista, continuo meu planejamento (já faz uns 10 anos) de ir a Bariloche, Junin e San Martin com minha esposa/parceira de pesca e realizar esse sonho, infelizmente (ou felizmente), a chegada dos netos (já temos 3) atrapalhou a disponibilidade dela para pescarias e assim, continuamos planejando...

post-27-0-75399300-1436185571_thumb.jpg

post-27-0-10979500-1436185583_thumb.jpg

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Mosqueiro

É brincadeira isso...

E eu que vim morar tão longe...

Vou ter que ir pescar mais por aqui pelo menos para compensar um pouco a inveja que eu tenho dos sulistas que estão tão perto das trutinhas...

Mas como planejamento é uma parte muito importante de toda conquista, continuo meu planejamento (já faz uns 10 anos) de ir a Bariloche, Junin e San Martin com minha esposa/parceira de pesca e realizar esse sonho, infelizmente (ou felizmente), a chegada dos netos (já temos 3) atrapalhou a disponibilidade dela para pescarias e assim, continuamos planejando...

RTaciro

não desista de seus sonhos, se soubesse que era tão bala, não tinha idao nenhuma vez de avião

Abraço

Menandro

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Participe da conversa

Você pode postar agora e se registrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça seu login agora mesmo para postar com sua conta

Visitante
Responder a este tópico...

×   Você colou conteúdo com formatação.   Remover formatação

  Apenas 75 emoji são permitidos.

×   Your link has been automatically embedded.   Display as a link instead

×   Your previous content has been restored.   Clear editor

×   You cannot paste images directly. Upload or insert images from URL.

×
×
  • Criar Novo...

Informação importante

Ao usar este site, você concorda com nossos {termos}.