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Um bebum e seu tucunaré (uma looooonga história)


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  • Patrono

Eu ainda morava em Minas Gerais, mais precisamente em Ituiutaba. Solteiro, sem namorada. Só por conta do trabalho e pescaria.

Ituiutaba é uma cidade do interiOOOORRR, cercada de represas. Bons locais para se pescar tucunaré com artificial.

Todo domingo seguíamos para Ipiaçú, Cachoeira Dourada ou Santa Vitória...

Turminha de 3 pescadores:
Vander, o dono MUITO cuidadoso da tralha impecável, (caminhonete, lancha, m.elétrico, etc....);
André, um alucinado por tucunaré. Participava de todas as competições na região. O rapaz era fominha mesmo, ai de quem pegasse o maior. Gostava de se vangloriar pelos belos arremessos (realmente o pescador lançava muito bem, eu admito...);
Eu, meio "Zé Ruela" que não compensa comentar.

Era agosto, época de ventos fortes, mas marcamos mais uma descida para Ipiacú.

Eis que recebo uma ligação no sábado de um amigo da época da faculdade, o Bola. Caboclo nota dez, fomos parceiros de república, fizemos engenharia juntos, 5 anos de convivência, muitas histórias e estórias na gibeira, muito cachaçada, mulherada...enfim, o cara é daqueles amigos que levamos pro resto da vida.

"Tô entrando em Ituiutaba, te espero na Cachaçaria com o João Preto*" (João Preto = Black Label)

Pensei comigo: Vai dar bosta!!!

Conversa vai, conversa vem, água pra dentro, porção de pururuca, mais água pra dentro, porção de pastelzinho e água pra dentro.

Lá pelas tantas: "Vamo pra casa das primas"

E a vaca foi pro brejo. Viramos a madrugada a La Vadinho (aquele mesmo...do romance de Jorge Amado)

Lá pelas 4 da matina, lembro da pescaria:
Eu: "Bola do céu, preciso estar em casa às 5, tenho uma pescaria"
Bola: "Pescaria? Rapaz, as sereias tão tudo aqui!!!" (e as primas foram a loucura...e a festa recomeçou)

4:30
Eu: "Bola, é sério. Preciso ir! Pessoal vai passar lá em casa às 5"
Bola: "Cara, vc não vai pescar nada. Tamo tonto igual uma cabaça"
(eu admito e me desmonto novamente na cadeira)

5:00
Eu: "To indo embora, Bola!!! Não posso furar com esse pessoal"
Bola: "Calma, eu te levo"
(eu não tinha condição pra dirigir, tampouco Bola, mas naquele grau de bebura pronunciar as palavras era tão complicado que aceitei...)

De longe avistei a caminhonete do Vander estacionada no portão da minha casa.
"Ih...lascou"
Chegamos no portão e percebi que a caminhonete estava ligada...
"Hummm...lascou mais ainda"
Naquela formalidade de quem está "p" da cara, Vander e André nos comprimentam: "O que houve? Esqueceu?"
Bola, muito receptivo, brincalhão e tentando me ajudar:
"Que nada, ele me encheu o saco a madrugada toda...é que a gente tava lá no Jorginho*...sabe como é, né?!"
Jorginho = casa das primas)

Entro correndo em casa, dou uma olhada pro equipo de fly e num momento de lucidez admito que não ia dar certo castear com tanto whisky na cabeça. Pego o primeiro caniço de bait, já montado com uma artificial da Storm (posso estar enganado, mas era uma Chug Bug).

"Tô pronto! Bora!"
Vander e André se olham.
André não aguenta: "Cara, cadê sua caixa de iscas? Vai levar só essa? Cadê sua comida? Água ? Não vai nem trocar de roupa?"
Eu: "Me viro com isso. Tô bem, relaxa. Bola, um abraço. Te ligo quando chegar"

E foram longos minutos de silêncio naquela cabine...até que Vander decide ligar o CD...nada como uma musiquinha para acalmar os ânimos e fazer reinar a paz.

Balança pra cá, balança pra lá, o João Preto dá sinal de vida...
Eu: "Vander, pára! Pára! Pára!"
André: "Eu sabia, ele vai vomitar"
Vander: "Nossa senhora"
Saio correndo, arreio as calças e faço AQUELE serviço. Na correria toda, perdi o sapato e num ato de extrema higiene a cueca também. Não foi por cima, foi por baixo.
Entro novamente na bela e cheirosa caminhonete com aquela nuvem negra. Digna de farofa de urubú. Mas como diz o ditado: O que é um peidinho, pra quem está todo cagado?! Relaxei e pensei: "Beleza, agora vou melhorar"

Chegamos no porto. Me mandaram ficar debaixo de uma árvore. Como um bom menino, aceitei. Descarregaram toda a tralha, organizaram a lancha, fizeram tudo...

André: "Carlos, bora"
Wander: " Senta naquele banco lá do motor de popa, dá uma dormida e melhora"

Carlos: ...

Coloquei meu canicinho de lado, deitei no banco e relaxei. Aquele ventinho na cara: "Putz...vou melhorar rapidim"
Meu amigo, ventinho de agosto é ventão. Carneirinho vira nelore.
E a lancha começou a chacoalhar pra cima, pra baixo, pra cima, pra baixo... E pronto: Lavei o estrado da lancha do cara, como bônus vomitei também no meu caniço, bem na tal isca Chug Bug.
Carlos: "Calma, gente. Foi só um pouquinho. Eu vou limpar"
André: "Cara, que nojo"
Wander: "Tem balde e esponja aí na popa. Abre o dreno pra sair essa porcaria"

E o dia de sol rachando foi correndo. Eu dormia e acordava...aquela dor de cabeça insana...dormia de novo...acordava e o sol entrava como a espada do Musashi na minha cabeça...dormia de novo.
Nos poucos momentos de lucidez eu escutava os dois conversando: Que dia ruim! Nada! Cara, nunca vi uma coisa dessa! Nenhum!
Também não me lembro de terem embarcado algum. O dia realmente estava péssimo: Eu numa ressaca colossal e os parceiros sem peixe.

No final da tarde, último cartucho, eis que estoura um cardume de tucunaré perto de uma ilha de couve. No meio, sempre um estouro maior, deveria ser um macho...daqueles com cupim vermelhão, bravo, grande...que coloca o líder nas costas e diz: Tchau!"
Wander e André alucinados começam arremessar atrás desse maior. Um arremesso atrás do outro, troca de isca e nada...
Dou uma levantada, olho pela borda do barco e vejo aquela festa toda. Num mix de Rambo e Connan style, me levanto e dou um arremesso péssimo...longe absurdo do cardume, cabeleira na carretilha... Mesmo assim começo a trabalhar a isquinha e eis que levanta aquele torpedo fazendo marola e seguindo minha artificial...

André: "Não é possível uma cagada dessa"

Deu pra imaginar a cena?! O belo tucunaré estourou na superfície e encharutou a Storm. Foi uma briga linda. Peixe embarcado.

Wander começa rir na proa: "Mas é um cagão mesmo"
André senta emburrado e só negativa com a cabeça.
Fico na minha...vai que me jogam na água...

Na volta, Wander estaciona o carro no posto e intima: "Vamos tomar uma gelada, eu mereço"
Naquela ressaca toda tive que beber. Sabia que tinha sacaneado com a turma.

Hoje, quando visito a região, Wander e eu damos risada e sempre lembramos do dia. André nunca mais vi...acho que na verdade, ele que nunca mais quis me ver. Hehehehe.

Editado por Carlos Gomes
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  • Mosqueiro

André: "Não é possível uma cagada dessa"

rapaz, depois de uma dessa q vc contou ter dado, perdendo bota e cueca, teu colega ainda tem coragem de pronunciar nao ser possivel outra cagada ? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk :laugh: :laugh: quase morro de rir aqui...

eu ja me caguei assim tbm... :blink: :blink: nao por baixo, nao ao pé da letra... mas sai p pescar tucunas tbm... os caras equipados ate os dentes com isca rapala e nakamura, e eu com um molinete véi sem rolamento e uma linha q, o fio de cabelo da minha avó era mais resistente... e tirei no barranco um tucuna com quase 3kg...

é meu amigo Carlos Gomes, dessas cagadas agente entende ! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk :bs-aplauder: :bs-aplauder: :ok:

abraços

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