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Uma grande pescaria de poucas trutas...


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  • Patrono

Ano passado comecei o meu relato com o seguinte parágrafo:"Voltei da Patagônia feliz e um pouco chateado, tudo ao mesmo tempo. Desnecessário explicar porque feliz. Detenho-me no pouco chateado. A Patagônia nos ensina humildade. Eu volto achando que pouco sei de pesca com mosca. Um tanto de exagero, decerto. Tenho de melhorar meus arremessos, minha apresentação de iscas e minha leitura do rio... Não faz mal. um alemão disse que tudo aquilo que não nos mata nos torna mais fortes. Ou ainda, outros destes pensadores, conhece-te a ti mesmo! A Patagônia fez isto comigo.

Este ano, se número de capturas foi menor, a a pescaria foi muito melhor! Não voltei nada chateado, pelo contrário, sabedor de que consegui evoluir na pesca com mosca. Melhores arremessos, pouquíssimos nós de vento, melhor apresentação de iscas e, penso eu, melhor leitura de rio ainda que longe da ideal... Entre as duas idas à Patagônia, miles de arremessos, treino com lambaris na Tapera, no Imbé e em um valo perto de casa. Um curso avançado de arremesso e um de atado com o LF Pinheiro na Fragária. Vi o resultado de todo este investimento.

Bueno, chega de muito lero-lero (tem hífen?) e comecemos o relato.

Saímos dia 27/02/2009 de Macaé, pernoitamos em Buenos Aires (bife de chorizo e Quilmes) e no sábado, 28/02, chegamos no Aeroporto de Chapelco, pegamos nosso carro e tocamos para Junin de los Andes e em torno das 17h00 estávamos na Hosteria Chimehuin ( a foto é do ano passado...).

mitica_host_chimenhuin.jpg

Ainda dava tempo para pescar! Tiramos os permisos de pesca e toca para o rio Malleo na reserva Mapuche. Lá descobrimos, ou deveríamos ter desconfiado, de que os dias seriam dureza. Trutchas muy selectivas! Tippet seis atche! Apesar de ver algumas trutas comendo na superfície, faltava descobrir o que estavam comendo. Depois de um tempo sem ações, coloco uma timberline e começo a varrer o rio a minha frente. Roll cast a direita, mending com a vara a direita. Repete colocando a linha um pouco mais a esquerda até terminar com um roll cast (bem, algumas vezes uns false cast e uns pick up e lay down...) bem a esquerda. Nada de ações. Avança três passos e repete tudo. Deu certo. Uma trutinha avança na timberline mas o parceiro de pesca esta longe e este pescador tem de se virar como pode para a foto. A truta deve estar na ponta da linha que se ve na foto ai embaixo... :cool2:

chegada_1.jpg

Bueno, encerramos a pescaria. Já que o espírito estava alimentado faltava alimentar o corpo. Fomos bater ponto no restaurante "La Posta de Junin" (favor caprichar na pronuncia!!!). Bife de chorizo, assado de tira, papa frita, salada e um malbecão que foi consumido pela metade. A outra metade ficou para o dia seguinte.

O domingo amanheceu esplendidamente. A flotada prometia. Depois de ajustado o horário (ver o tópico do Serginho...) tivemos de decidir com o guia Mauro onde iríamos pescar. Fomos para o collon Cura mas mais desconfiado que cachorro em baile de cobra que, como vocês sabem, cachorro, em baile de cobra, vai de bota! Anos passado a pescaria foi muito ruim no Collon Cura. Como já estávamos com as botas de vadeio, fomos para o baile no Collon Cura.

O guia avisa: trutchas muy selectivas! Tippet muy fino. 6X! Iscas pequeñas! Creio que comecei com uma caddis marron em anzol 18. As ações demoraram um pouco pois, como eu, as trutas mal e mal enxergavam a isca! Mas o baile começou! Comecei a adotar um princípio de sempre fotografar a primeira truta, sem importar o tamanho. Não sei porque todas pequenas como vocês verão.

Collon_Cura_2.jpg

A devolução deste tiburón

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Depois a coisa melhorou! O sergio não deixou por menos e garantiu o que eu acho que foi a maior truta da flotada. uma bela arcoíris. Vejam as cores e o formato do corpo.

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Para meu conforto visual, eu aumentei um pouco o tamanho da isca. Caddis 16! Já havíamos observado que as boas trutas estavam tomando o alimento com uma grande delicadeza. As pequenas, só esporro! Então, a mágica. Vejo minha isca desaparecer delicadamente. Trutcha. Eu a ferro não tão delicamente!

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Mas a soltura é feita com devida gentileza reverência para esta truta pela alegria que ela me proporcionou.

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Mais adiante, vento em alta, qualidade dos arremessos e ações em queda, passei a usar uma linha sinking tip 150 (a mesma do ano passado). Tive várias ações e a isca mais efetiva foi um tipo de wolly burger, verde e branco. Menos emocionante mas muito efectivo! Trutcha! Olha a cara do vivente!

Collon_Cura_8.jpg

Mas a pescaria segue e aparece esta foto... Não me "alembro" quem tirou, se eu ou o guia. A ponta da bota que aparece no canto da foto não ajuda em nada pois eu e o Sérgio usamos o mesmo modelo de botas, Borger, argentinas. De todo forma, fica uma composição luz e sombra e truta...

Collon_Cura_7.jpg

Em torno das 18h00 o tempo virou. Um temporal se avizinhava a se julgar pelo tempo. Esfriou. Nestes momentos uma boa capa de chuva faz a diferença... Apesar de que não choveu... mas o vento era bem frio. Ele vinha de oeste, o buraco de chuva da Patagônia argentina, e dava uma esfriadinha quando passava por sobre os Andes.

Como o vento estava muito forte e o Sérgio só tinha linha floating, o guia parou o bote e ele e o sérgio foram pescar em um lago bem abrigado formado por um braço do rio que ficou isolado com a baixa das águas. Lá, o Sérgio teve muitas ações. Eu, com linha sinking tip fiquei na barranca do rio, ao vento. Nada de piques. Fiz, então, um auto-retrato (autorretrato) para passar o tempo e engrossar o relato... :rolleyes:

Collon_Cura_11.jpg

Depois, fui procurar os outros dois índios. Encontro-os pescando no braço isolado, um pouco mais protegidos do vento, pero no mucho... Vejam que o sérgio está erguendo a linha ou preparando um arremesso ou reagindo ao pique da truta. o guia ergue os braços... se protege de um laçaço? Leva as mãos à cabeça e diz, non,non,non pois o Sérgio perdeu pique?Quem vai saber?

Collon_Cura_12.jpg

E antes de voltar ao bote, passamos por um braço isolado do braço isolado com a água já bem esverdeada pelo crescimento de algas e com duas trutas arrumadas e muito espertas pois não deram a mínima atenção para as iscas do Sergio... A foto pode ser onde está Wally? Tem uma truta na foto.

Collon_Cura_9.jpg

Logo depis, encerramos a flotada. Na van bebo uns mates bem amargos junto com os hermanos e depois vamos bater ponto no La Posta. Acabo com o malbec da noite anterior (muito melhor pois o vinho estava mais frio...) e peço uma truta a La Posta...

To be continued...

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  • Mosqueiro

Bom dia tocaio,

Estou contente ao constatar duas coisas:

1ª - você está aplicando os conhecimentos adquiridos através da prática com estilo e se aprimorando.

2ª - começou a aprender que é bem melhor pescar grande peixe que peixe grande.

Grande peixe exige avaliação, observação, técnica e muita, mas muita dedicação. Isso é para quem gosta de superar desafios usando astúcia.

Peixe grande precisa de força e isso é para quem gosta de fazer braço-de-ferro.

Abraços,

LF

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  • Administrador
Bife de chorizo, assado de tira, papa frita, salada e um malbecão

Cara!!! :D

Eu perdi isso esse ano? :D

Não tem problema, ano que vem estarei lá! :yahoo:

Quero ver mais fotografias e ler mais "causos e acausos"! ^_^

T+ :)

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  • Patrono

E segue o relato do Malleo

Eu e Sérgio planejamos fazer todos os nossos vadeios por nossa conta. Certamente há vantagens e desvantagens nesta abordagem. A maior vantagem é o fato de nós decidirmos onde ir mas também ai reside a maior desvantagem... Os guias do Alejandro Klapp são constantemente atualizados sobre os pontos onde as trutas estão. Sózinhos, seguimos nossos instintos, desejos e, por vezes, orientações que parecem claras no momento que são fornecidas e que na hora da verdade se revelam um tanto incompletas. No ano passado fomos ao alto Malleo assim, alone. Busquem por três pinheiros. Como quase não se ve pinheiros (araucárias) nas partes baixas da patagônia, pensamos ser uma moleza. Ocorre que no alto Malleo, devido a maior umidade e altitude, há uma bem maior concentração de mata e, ao invés de três pinheiros, encontramos três mil...

Na segunda-feira, depois da flotada de domingo, eu e o Sérgio estávamos por nossa conta. também na terça e na quarta-feiras. Decidimos ir ao baixo Malleo, da reserva Mapuche até a sua foz com o Aluminé.

Acordamos no horário padrão com o celular do Sérgio tocando uma melodia que ficava ressoando por umas duas horas no meu cérebro. Ele não tem filhos (ainda) então não conhece a letra da música. Eu tenho duas gurias e conheço. É assim: a dona aranha subiu pela parede. Veio a chuva forte e a derrubou... Caraca! Todo dia, 07h30, a aranha subia pela parede...

Vamos ao café, na volta tenho de atender ao chamado das tropas que vem do bucho, nos aprontamos. Pit stop no supermercado para comprar água, gatorade, Quilmes Bock (excelente) e Warsteiner, duas de cada, pão, presunto cru (jámon crudo) e lombo defumado (lomo ahumado) e gelo - antes de sair do Brasil pedimos ao Alejandro que nos arrumasse uma caixa de isopor. Agora sim prontos, seguimos para o Malleo.

Na Arábia Saudita está o maior campo de petróleo do mundo, Ghawar ou rei dos reis. Este é o sentimento que reservo ao Malleo. Para mim ele é o rio dos rios. Citando o Gustavo que citou o Alejandro é o rio com todos os rios.

Eu sou encantado por suas águas.

Ocorre que o Malleo não entrega as suas trutas facilmente. As suas grandes marrons e grandes arco íris ainda não pousaram nas minhas mãos.

O dia amanheceu grandioso como todas as manhãs durante nossa estadia. A foto abaixo é da terça-feira mas todas as manhã foram assim, calmas, sem nuvens (despejadas) e sem vento algum...

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Já, ao chegarmos ao Malleo, o vento já dava a sua cara.

Caminhando por um braço agora seco do Malleo, encontro um esqueleto de uma pâncora que não saiu a tempo deste braço. Vi outros depois...

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Seguimos subindo o braço seco até encontrarmos o Malleo novamente onde começamos a pescar. Neste momento havia uma eclosão em andamento e, portanto, ocasião para secas mas sem exagerar no tamanho. Começo com 6X e caddis 18. A ação não tarda. Como o Sérgio estava distante rio abaixo, eu mesmo faço as fotos... Dai a barbeiragem de aparecer um pedaço da correia da cãmera :blush: .

malleo_2.jpg

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Capturei outras pequenas mas não as fotografei... Será boato?

A eclosão se encerra e as ações caem drasticamente. Este ano, sem "fomeage" ao fazer uns roll casts percebo que posso tentar capturar a linha em movimento. Faço uns vinte auto retratos do meu roll cast. Abaixo, o mais plástico... ou menos feio... Observem pela ausência de sombras pronunciadas que o tempo havia nublado.

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Assim se encerrou a manhã. diz uma foto para marcar presença no Malleo e também por ser o último registro com aqueles óculos. Daqui a pouco conto como os perdi...

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Chegamos ao ponto onde deixamos o valente Celta 1.0 pé-de-boi e almoçamos. Arrumamos uns tijolos para sentar pois era difícil achar um pedaço de grama grande para acomodar nós dois mas sem bosta de ovelha :angry: Mas, no problem man, a Quilmes bock estava gelada à perfeição o bien fria!

malleo_6.jpg

Finalizado almoço decidimos seguir até a confluência do Malleo com o Aluminé. É um belo lugar.

Adotamos a mesma estratégia. Subimos o rio e depois viemos descendo, pescando até onde deixamos o carro.

Não tenho fotos mas fiz a melhor pescaria de trutas da minha vida. Três trutas foram responsáveis por este momentos mágicos, the finest hour como diria o velho Churchill (acho que o Tinho Kessler usou esta mesma expressão...).

Continuamos a pescr com moscas secas mas vi que o tamanho dos bichinhos (ponto a melhorar, identificar os bichinhos), talvez mayflies, havia aumentado e, portanto, aumentei o tamanho da mosca e mudei para humphy de barriga laranja em anzol 16 ou 14. O tippet continou 6X.

Uma das variações do Malleo. Em um local semelhante ao da foto, por baixo de um sauce, briguei com uma grande truta.

malleo_9.jpg

rio abaixo, o Malleo mostrava as suas variações. Riffles and runs, poções, áreas sombreadas, corredeiras iam se alternando.

Eu estava no meio do rio um pouco mais perto da margem direita.

Então eu a vi. A uns 10 m a frente, vi uma subida sutil, suave, um beijo na água. Truta boa. Fosse pequena teria feito mais alarde. Ela estava em um pequeno recuo do rio, protegida da correnteza com toda uma linha de alimentação passando a sua frente. Um perfeito lugar. Protegida, ela se mantém sem esforço ali escolhendo o alimento que o rio leva até ela. Lugar de peixe dominante. Peixe grande. Observo o rio. Planejo minhas ações. Recolher a linha até que quase só o líder esteja na água para fazer um pick up com o mínimo de movimentação na água. Com a linha no ar fazer um único back cast (nada de false cast para não assustar a truta) etransformar o forward cast em um reach cast para a direita e com alinha ainda no ar balançar a vara para que a linha caísse ondulada (serpentine cast). Uma vez com a linha n´água, mending para evitar que a mosca dragasse. Bom, treino é treino e jogo é jogo. o primeiro arremesso cai um meio metro mais a esquerda do que o desejável. vejo que a mosca passaria longe. Paro a deriva da mosca e começo tudo novamente. Desta vez, a perfeição. O zen. O caminho do samurai. Enquanto a linha se estende no ar, o mundo cessa de existir. Só existe a linha e o rio e a truta. nada mais. Eu mesmo não existo...A linha se estende e cai uns 10 cm à direita da linha de alimentação. Perfeito. A linha de fly está ondulada. Tenho linha na mão para emendar. A mosca deriva naturalmente. Quando chega no recuo do rio a mosca também recua seguindo gentilmente a corrente. Então, o sutil ataque. A truta beija a mosca. Movo a mão da linha e ergo a vara e ferro a truta. O mundo volta a existir. A truta é valente. Pula, briga e sai para a correnteza. Não me recordo se cheguei a usar a linha do carretel, ainda maravilhado, extasiado com a cena não só presenciada por mim mas protagonizada por mim. O tippet se rompe e a truta se vai. Pena? Não, nada disso. Foi uma honra te-la combatido mesmo sem ve-la. Tudo funcionou. Foi o meu melhor momento na pescaria e que não foi mais superado. Ali, naquele momento senti uma forte emoção. Não sei descreve-la. Senti-me um verdadeiro mosqueiro. Foi o coroamento de um ano de preparação.

Ainda tive outro grande momento. Desta vez estava mais perto da margem esquerda e arremessava para o meio do rio tentando fazer com que a mosca passasse por debaixo ou bem ao lado de um sauce que se debruçava na água. Outra vez a mosca é tomada suavemente quase como se a mosca desaparecesse atrás das ondulações da correnteza. Uma grande arcoíris ataca a mosca. Era a trutona. O carretel canta. Se com a outra truta o tempo parecia suspendido aqui tudo é ação. O tempo se acelera em pura ação. A linha desaparece e chego a ver o backing. Começamos a negociar. Devolve minha linha, digo eu á truta. Ela, gentilmente, acede até recuperar suas forças e tomar linha novamente. Entretanto, cada arranco da truta toma menos linha. O Sérgio chega com o net. Acho que não vai caber ai, eu penso. A truta já estava perto o suficiente para se deixar ver de quando em quando, não claramente, mas o suficiente para se estimar o seu tamanho. Seria a maior truta arcoíris que eu capturaria. Então ela simplesmente se foi. O tippet rompeu novamente, eu pensei. Nada disso pois a mosca estava lá. O anzol abriu? Também não. dai que ela siplesmente se foi. Como a grande marrom do ano passado, O Malleo ainda reluta em me entregaras a suas grandes trutas.

Minha reação surpreendeu a mim mesmo. Ao invés de patear, praguejar, ficar puto da cara, nada disso. Aceitei na boa. Só a briga já me bastava. Só o vislumbre da trutona me deixara satisfeito até porque não creio ter feito nada errado. Este foi outro momento de grande emoção desta pescaria.

Ainda briguei com outra truta boa mas não vi exatamente como ela pegou a isca. sento o tranco, comecei a brigar, boa truta mas a perdi.

Por tudo isso, o Malleo é o rio. è o rio dos rios para mim.

Já o Serginho não foi tão feliz assim no Malleo.

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Ainda tive outra grande mas não tão boa emoção assim no final da pescaria. Eu era o guardião da chave. Coloquei a chave no bolso da jaqueta e fechei o zíper. Acontece que esta é uma jaqueta para esquiar ou para usar em caminhada em montanhas. O que eu achava que era bolso, era um acesso para o interior da jaqueta. A chave ficou solta lá no meio da jaqueta e a jaqueta estava por cima do wader. Abri o tal bolso e nada da chave. Abri outro bolso e nada. Nervoso, abri outro bolso e nada. Pãnico. E agora José, José e agora? Tirei os óculos e os coloquei no teto do carro. o sergio pediu a jaqueta e que disse que já havia visto e revisto os bolsos. Já imaginava o que teríamos de fazer? Como chamar a locadora e pedir outra cópia? Quando passaria um carro pois já eram quase 09h da noite? Ai, o milagre. O Sérgio revisa a jaqueta e encontra a chave pendurada no forro interno, quase caindo. Aleluia!

Entramos no carro e fomos jantar no La Posta. 500 g de bife de chorizo para compartir, papa ao natural e pure de papa. Quilmes e 3/4 de litro.

Os óculos ficaram no teto do carro... Eles já estavam remedados com um fio de cobre segurando uma das perninhas dele.

Ainda tem mais, aguardem.

NEumann

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  • Administrador
treino é treino e jogo é jogo

Com bons treinos, certamente fará um bom jogo! ok:

Muito bom o seu relato! :ok

Abomino a literatura e hoje vejo que sou mesmo uma mula em pensar assim, seu relato me levou ao momento mágico e agradeço por sua dedicação em nos repassar sua satisfação! ok:

"Eu mesmo não existo...A linha se estende e cai uns 10 cm à direita da linha de alimentação. Perfeito. A linha de fly está ondulada. Tenho linha na mão para emendar. A mosca deriva naturalmente. Quando chega no recuo do rio a mosca também recua seguindo gentilmente a corrente. Então, o sutil ataque. A truta beija a mosca."

Gostaria eu de ter esse talento em descrever momentos que passei em minhas pescarias! :D

Só posso dizer:

Obrigado! :)

E não pare! ok:

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  • Patrono

Caleufu, o rio de água mineral e o Aluminé, lar das trutas que gostam de montana

Na terça-feira tínhamos duplo compromisso: pescar e encontrar o Fábio e o Sérgio Krieger para a difícil missão de passar a régua em um cordero patagônico.

Eu acordo antes da aranha e cevo um mate usando um ebulidor elétrico. No RS nos referimos a ele com outro nome mas tem muito carioca lendo o relato então omito este outro epíteto... A manhã amanhece gloriosa como sempre.

No café decidimos nosso destino, rio Caleufu em um ponto onde o Serginho havai pescado com o Franco dois anos atrás. Antes um rápido pit stop para comprar pão, gelo, gatorade e cerveja. Errei na janta da segunda-feira. Cada um resolveu encarar um bife de chorizo (contrafilé) de 300 g mas o serginho, altruisticamente, deixou umas 127,8 g no prato. Pedimos ao garçom para fatear. Si, si, como non... Ao receber a vianda, o Sergio a balançou e vaticinou: não está fatiada. O detalheé importante como se verá adiante.

Fizemos um outro pit stop em San Martin de los Andes para que eu comprasse outros óculos. Escolhi um rapala mais fashion queo da perninha com fio de cobre... Agora estava preparado para ombrear com os olhos de águia do Sergio que enxergava as trutas na água e tentava me mostrá-las e u nada de enxergar. Vai ver eram os óculos da perninha com fio de cobre :rolleyes: Ou idade mesmo...

No caminho passamos pela boca do Melequina. uma eclosão estava em andamento e um monte de trutinhas lambaris pulavam fora dágua para garantir o seu café da manhã ou almoço pois já era quase meio-dia. Na descida uma viso comum nos rios da Patagônia

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As trutas eram capturadas na receita de sempre: mosca em anzol 18.Não fotografei nenhuma captura mas fiz um filmezinho da eclosão que postarei aqui assim que miha filha postar o filme no youtube.

Seguimos para o Caleufu. lá adotamos nosso operativo padrão. Para o carro, sobe o rio e desce pescando até o carro. O Sergio nos guiou certinho para o ponto de pesca acima de uma ponte velha, hoje interditada. Subimos o rio até um ponto que permitiu que vadeássemos o rio sem vadiar muito...

Eu subi um pouco mais e passei a revirar algumas pedras para observar a fauna áquatica quando vi o (a) pâncora tentar fugir. Com gentileza o capturei e ele aceitou posar para a foto abaixo. Quando tentava capturá-lo vi que ele andava de lado e logo vi o porque. Ele não tem toda a seção de pernas do lado esquerdo. Assim que termino a foto o solto e ele nada bem "retinho" pra quem está totalmente "rengo".

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Vejo que o rio está absurdamente limpo. um rio de água mineral. Pensei que nunca havia visto um rio com água assim tão limpas mas logo me lembrei de um com águas igualmente cristalinas, o Aiuruóca.

Fiel ao princípio fotografar a primeira truta capturada não importando o tamanho, logo garantizo o momento.

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Depois disso as coisas se tornaram difíceis. Trocava-se a mosca e logo havia uma ação. Aha! agora acertei na mosca mas bastava este pensamento para que as ações cessasem por completo. Outro ponto, talvez, foi o horário em que pescamos, 13h00 até quase 17h00, muita luminosidade com o rio raso e água mineral, as trutinhas nos viam de longe.

Já o Sérgio foi bem mais feliz... Ferrava a truta mas elas erm muito tímidas. bastava eu me aproximar para fazer a foto que elas davam tchau...

Bueno, em um dia de poucas ações, fotografamos o rio. Ao longe ve-se a ponte que marca este pesqueiro.

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De volta ao carro, almoço. Pão, o que sobrou do presunto e do lombo defumado e bife não fatiado. O problema é logo resolvido deixando um gostinho de WD nas primeiras fatias de carne cortada. Uma delícia! Pão, carne fria, WD e cerveja. A foto também mostraos meu óculos novos mas continuo a não enxergar as trutas que o Sérgio indica: ou é a idade ou ali tem truta... :cool2:

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Encerramos a pescaria e vamos jantar com os intrépidos Fábio e Sérgio Krieger. Vinho e cordero patagônico. Na volta, por razões óbvias, é o Sérgio quem dirige até Junin.

Durante o jantar, piadas, camaradagem e troca de experiências. Arrebentei com a montana. Precisavam ter visto o Sergio com o apito... Ai vem a dica infalível. o Fábio fala que nós devemos ir pescar no Aluminé. Sua parte alta é cheia de corredeiras e rápidos. Ele começa a nos dar as coordenadas do local onde ele capturou aquela marronzona. Pega a estrada para Aliminé (OK - confere), sobe e desce uma serra (OK - confere), passa por uma fazenda com bandeira da Argentina (OK - confere apesar de todas terem a bandeira da argentina...), segue por X ou Y km. Eu escutei uma kilometragem e o Sergio outra. Andem até verem um monte caixa de abelhas. Ali o rio tem uma corredeira. Parecia fácil...

Acordamos na quarta-feira, 04 de março, com a aranha subindo pela parede... Segue o ritual, café, tropas, gelo, pão, gatorade, cerveja, presunto e lombo defumado. gasolina no carro, just in case...

Toca para o Aluminé. Os primeiros marcos da orientação do Fábio bateram todos. Perfeito. Faltavam as caixas de abelha. Passamos pelo Rincón de la Pistola (parece que o Fábio deu uma conferida nas pistolas locais :yahoo: - eu sei que o troco vem logo, logo...) mas nada das caixas de abelha. Lá pelas tantas, uma curva à direita, vimos uma grande corredeira e logo acima.. um monte de caixas de abelha. Tinha de ser ali. Não era. Era mais adiante mas isto somente soubemos no outro dia.

O lugar devia ser ali. Paramos e fomos pescar.

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O braço do rio que se vê na parte superior esquerda da foto é morto, para logo adiante. Assim toda a água do rio passa pela corredeira. Fábio e sergio afirmaram que um deles atravessou o rio. Fizemos nossa avaliação da correnteza e concluimos que os dois eram machos para caramba se, de fato, atravessaram aquele rápido (não atravessaram pois o rápido era outro...). Nós avaliamos, corretamente, que a correnteza era muito forte.

Um pouco antes de chegar na corredeira o Aluminé é largo e profundo com pedras na margem esquerda, onde estávamos caminhando. o Sérgio experimenta uma chernobyl. Segundo ele, no primeiro arremesso um submarino marrom sobe como que para tomar a mosca mas na hora agá para, dá uma olhada na mosca e com desdém e calmamente dá meia volta deixando o Sérgio atarantado, baqueado de perna mole não acreditando no que vira... Eu não tive ações ali.

Resolvo subir o rio e em uma corredeira larga e não muito profunda resolvo pescar de ninfa. Vamos ver se a tal da montana marron funciona. Pego uma montana marron, atada pelo Jorge no kit patagônia, e começo a pescar. Experimento primeiro a técnica empregada pelo Krieger. Lançar a ninfa para o meio do rio ou para a margem e deixar que ela seja arrastadapela correnteza sem dar linha até que ela fique alinhada, de frente para o pescador. Não houve ataque? dois passos, repete o processo. Tive um ataque. Ai resolvi pescar usando a técnica que o LF Pinheiro recomendou. Varrer o rio em um leque a nossa frente, emendando a linha (mending) deixando que a ninfa seja naturalmente carregada pela correnteza. para mim, sem juízo de valor, esta técnica parece funcionar melhor e tem maior plasticidade, é mais bonita. Logo tenho um ataque e consigo ferrar uma arco íris. Olhando com atenção pode-se ver a montana marrom na boca da truta. E até aqui, nada de marrons para mim...

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Logo depois reviro umas pedras para observar os bichinhos... Este é um bom ponto de estudo até o próximo ano, poder identificar estas ninfas - ninfa de que? Efêmeros ou mayflies? Ou ninfas de caddisflies ou tricóteros (tudo copiado do livro do Paulo Cesar)... A ninfa não está bem focada... O foco ficou na minha mão.

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Assim, encerramos a manhã. Para não mostrar outra imagem minha ou do Serginho almoçando (ninguém aguentaria Mais) mostro uma foto de outro constante filão do nosso almoço, especialmente se jogássemos umpedacinho de presunto no chão. Uma vespa carnívora... imagina uma ferroada de um bicho desses!!!

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A tarde experimentamos outros pontos de pesca com algumas ações mas sem muito sucesso. Eu capturei outra duas trutas sempre na montana marron. Valeu Jorge!

À noite, como sempre, batemos ponto no La Posta de Junin. A carne era tão boa que não enjoava. Bife de chorizo, claro!

Ainda falta a flotada com campamiento...

Aguardem!

Neumann

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  • Mosqueiro
malleo_9.jpg

Conheço esse ponto hehehe !!

No dia que pesquei nele, o 7o. dia de pescaria, passei umas horas batendo todo esse trecho...

Só saiu trutinha, todas marrons bem pequenas... mas era possível ver um ou outro rise, que segundo o guia, era de "Bicho Grande" !

Um pouco antes de chegar nesse ponto tem um rapido meio inclinado né ?! me diverti muito nele... Trutinhas de baciada na soft hackle...

Malleo é Malleo !

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  • Mosqueiro

Caro Neumann,

Estou lendo - encantado - seu relato, no calor de minha cabana no sul do Chile, hoje com um tempo tempestuoso que não nos animou a sair para pescar.

Esse trecho abaixo já li e reli algumas vezes é é uma lição de humildade e do que realmente tem valor quando tentamos enganar um peixe com uma mosca:

"Ainda tive outro grande momento. Desta vez estava mais perto da margem esquerda e arremessava para o meio do rio tentando fazer com que a mosca passasse por debaixo ou bem ao lado de um sauce que se debruçava na água. Outra vez a mosca é tomada suavemente quase como se a mosca desaparecesse atrás das ondulações da correnteza. Uma grande arcoíris ataca a mosca. Era a trutona. O carretel canta. Se com a outra truta o tempo parecia suspendido aqui tudo é ação. O tempo se acelera em pura ação. A linha desaparece e chego a ver o backing. Começamos a negociar. Devolve minha linha, digo eu á truta. Ela, gentilmente, acede até recuperar suas forças e tomar linha novamente. Entretanto, cada arranco da truta toma menos linha. O Sérgio chega com o net. Acho que não vai caber ai, eu penso. A truta já estava perto o suficiente para se deixar ver de quando em quando, não claramente, mas o suficiente para se estimar o seu tamanho. Seria a maior truta arcoíris que eu capturaria. Então ela simplesmente se foi. O tippet rompeu novamente, eu pensei. Nada disso pois a mosca estava lá. O anzol abriu? Também não. dai que ela siplesmente se foi. Como a grande marrom do ano passado, O Malleo ainda reluta em me entregaras a suas grandes trutas.

Minha reação surpreendeu a mim mesmo. Ao invés de patear, praguejar, ficar puto da cara, nada disso. Aceitei na boa. Só a briga já me bastava. Só o vislumbre da trutona me deixara satisfeito até porque não creio ter feito nada errado. Este foi outro momento de grande emoção desta pescaria. "

De verdade, não tenho palavras. Relatos e fotos, só emoção! Parabéns a você e ao Sérgio!

Abraços

Luiz

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  • Patrono

Então chegou o dia da flotada com acampamento. Dois guias nos acompanharam. Mauro e o Mario Chico que havia nos acompanhado neste trajeto no ano passado mas em um único dia...

A pescaria começou deveria ter começado da maneira tradicional com lider 5x mas eu me lembrei da orientação do Mario pra o ano passado, "3X, corto" e meti logo um 3X. Não deu certo pois no início as trutas só queriam iscas pequenas. Troquei para um 5X.

Com o passar das pescarias vemos que as flotadas se parecem... Arremesse atrás do sauce, diz o guia. Para mim parece que o mais correto seria dizer "arremesse na frente do sauce". Isto não nos afetou pois todo mosqueiro já estudou Einstein e sabe que o movimento depende da posição do observador. E se "atrás" é igual "a frente" não tem problema! E como sempre dizia o Mauro "asy és".

Outra coisa que termina ficando muito parecida, são as fotos das flotadas. Minha esposa chegou dizer que eu estava mostrando as fotos do ano passado... "É tudo igual! Mesmo peixe, mesmo rio, mesmo barco, mesma roupa... e mesma pose". Ela tem razão... As fotos terminam por serem muito parecidas. Neste ponto, o guia Mário Grande é imbatível. Ele tinha a preocupação de fazer fotos diferentes. Já o Mauro não. Pega a máquina, aponta para nós e aperta o botão. Enquadramento, luz, posição, maneira de segurar o peixe, criatividade passam longe. Tai um ponto que devemos apontar para o Alejandro! Curso de fotografia para os seus guias! Ou, ao menos, melhorar as noções de foto (enquadramento, iluminação, tema principal).

Assim, segue uma sequência de fotos muito parecidas de uma captura antes da parada para o almoço.

Entretanto em um coisa estou muito diferente do ano passado. Não usei protetor solar labial e fiquei com um bigodinho... Assim como o Errol Flyn ou Clark Gable...

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E esta foi uma tentativa de mudar o jeito ds fotos...

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Foi uma boa manhã. Ações, capturas e por final, as trutas começaram a comer coisas maiores, facilitando o nosso prórpio enxergar das moscas. o sérgio teve boas ações com stimulator e royal wulf.

Paramos para almoçar e sacamos uma foto do grupo.

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Depois do almoço,vendo que tínhamos boas ações em moscas maiores (14 e 12) resolvi utilizar minha adams torta... Uma das primeiras, senão a primeira mosca seca que eu atei (Curso de Atado na Fragária com o LF Pinheiro - valeu). As asinhas estão um pouco tortas e, talvez, enrolei muito hackle e a isca está um pouco "cabeluda".

Mesmo assim ela funciona. E funciona muito bem! E assim tenho outro grande momento de satisfação nesta pescaria. Eu fui capaz de passar a perna em uma truta patagônica com um atado meu!

A briga

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A truta enganada pela Adams torta... Acho que o Sérgio tem uma foto dela na água...

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A soltura da truta enganada pela Adams torta...

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A Adams torta e cabeluda

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Depois disso, gaurdei a adams torta. Vou po-la em um quadro, em uma moldura, algo assim. é uma homenagem e sempre que eu olhar para esta bela e valente Adams torta e cabeluda vou lembrar dos grandes momentos que ela me proporcionou!

Chegamos ao acampamento... Penduramos os waders, identificamos nossa barraca, definimos as regras para despachar as tropas (cava-se um buraco afastado do rio, capricha na pontaria para assegurar-se que as tropas vão para o buraco, o papel vai para o buraco também, tapa-se o buraco). Esta descrição do modus operandii foi providencial pois eu cai matando no churrasco e na Quilmes e a conta veio na madrugada...

Vende-se waders suados...

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A barraca dos mosqueiros brasileiros, dois quartos, quatro camas de campanha, quatro sacos de dormir...

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Na manhã seguinte, um chimarrão bem cevado com erva buena (gaúcha, não argentina...) não tem preço... E faço um aviso,antecipando algum comentário... Meus neurônios de reordenação facial só trabalham depois das 10h da manhã...

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Falta todo o relato do segundo dia de flotada mas não tenho foto alguma. Elas estão com o Sérgio. Foi dia de chernobyls, tarântulas e de gurgler pop, um cascudinho verde de eva com patitas de borracha. Muitas ações com ambos!

Bora Serginho, manda as fotos!

Ainda sem as fotos, conto o meu último grande momento desta pescaria.

na flotada, chegamos a um ponto onde o Chimehuin se divide em umas corredeiras. Uma longa e não tão inclinada pela direita e uma mais curta mas com maior inclinação pela esquerda. Esta corredeira formava um pequeno braço, calmo e fundo que logo adiante se juntava com o tramo da direita. Seguimos pela direita. Quando nos aproximamos da junção, vi que havia uma muito nítida divisão entre as duas águas. Pensei comigo, se isto não é uma linha de alimentação... eu não sei o que é então. Mandei um arremesso que foi desviado pelo vento. Caprichei no segundo arremesso. Pick up, back cast e shoting line. A natureza colaborou contendo o vento. Oloop é lindo de se ver e a mosca, um grugler pop chartreuse, cai exatamente sobre a linha divisória das águas. A mosca deriva e dou dois toquinhos...

A grande marrom estava patrulhando o rio. Era um grande peixe pois o local era um local para um grande peixe ficar. Profundo e com pedras para servir de abrigo contra a correnteza e com alimento sendo trazido dos dois lados do rio.

Imagino esta grande marron no seu local. Acima vem um inseto verde, batendo as patinhas desesperado, adivinhando o seu destino. o tamanho do inseto vale a pena e num átimo a grande marrom toma sua decisão. O tamanho da presa compensa o gasto de energia para preda-la...

O que eu vejo é uma imensa truta marrom saltando toda para fora d´água. Estávamos afastados entre 10 e 15 m. Era, seguramente, a maior truta que já se mostrara para mim. Era grande.

As ações se sucedem. A truta toma a mosca e a mosca toma a truta. A mosca ferra a truta. A truta nada em disparada e rapidamente estica a linha e verga a vara. dá umas duas ou três cabeçadas. Eu rapidamente olho para o excesso de linha que tenho no bote e começo a enrola-la furiosamente no carretel e cometo um erro. Eu cometo um erro. Foi minha ação ou melhor, falta de ação. Eu prendo a linha com os dedos sabendo que para retirar esta truta, eu teria de cansa-la brigando com vara e carretel. Esqueci-me de liberar linha para a truta e assim aliviar o tippet. A truta percebe meu erro e prepara o seu golpe. junta forças e golpeia em uma violenta cabeçada. Com a minha a mão esquerda enrolo a linha na carretilha e com a linha presa pelos meus dedos da mão direita não reajo a tempo. A truta é perfeita. Ela golpeia com precisão e o tippet 3X se rompe... Quanto tempo durou esta ação? 30 s, 1 min? Não sei... sei que a cena toda esta gravada na minha mente e após ler o relato do Luiz Pescador percebo que foi um gran finale para minha pescaria. Entretanto, desta vez, sabedor que o erro foi meu, fiquei chateado comigo mesmo.

No sábado, 07/03/2009, chegou o dia de encerrar esta grande pescaria. Encerramos em grande estilo, pescando pela manhã no corredor da trutas do Chimehuin. Levantamos cedo (a dona aranha...), cafe con leche, medialunas e pan. Tropas.

Colocamos a farda e chegamos ao Chimehuin... Tívemos o rio só para nós por uma ou duas horas... O plano de sempre, subir o rio pela margem e descer vadeando e casteando na direção do carro.

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Atravessamos o rio pela velha ponte de ferro e caminhamos pela margem esquerda rio acima na direção dos álamos. Caminhamos por uns 15-20 min e entramos no rio. Água cristalina, bem mais rasa do que no início de fevereiro de 2008. Estimamos em 30-40 cm mais baixa o que facilitou sobremaneira a travessia mas dificultou a pescaria. Ao fundo da últim foto do relato pode-se ter uma idéia de como esta(va) o corredor das trutas do Chimehuin

Bem dificultou para mim. Muitos macacos, meus lançamentos sairam muito altos e tive de caminhar até o sauce para soltar a mosca. Já o Sergio estava com a macaca!!! Ele estava colocando a mosca no ponto certo e logo teve uma de muitas ações. Eu caminho na direção dele para sacar a foto mas a truta escapa. Era boa truta.

Rio abaixo vemos um senhor e um guri pescando, talvez avo e neto...

As moscas, como sempre nesta nossa semana de pesca, pequenas, caddis e parachute adams 18 e 20. Eu fui inventar em experimentar mosca maior e até uma ninfa e nada. Coloquei tippet 6X e caddis 20... Foi tiro dado e bugio deitado. A primeira truta do dia. Foto nela e mal sabia eu que foi a primeira do dia e a última da temporada. Uma bela marronzinha com a qual já marquei encontro para o ano que vem.

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Assim terminou esta pescaria.

Voltei feliz e extremamente realizado. Vi que realmente aprendi muito. Os treinos no gramado e açude do meu condomínio, os dois cursos com pescaria na Fragária, a pescaria no Macaé de cima, a pescaria de lambaris perto da minha casa, tudo culminou nesta semana de pescaria. Entretanto, sei que nada sei... Vejo que ainda há muito mais a aprender. entre eles cito:

- controle de altura do arremesso para evitar macacos no sauce;

- melhor controle de linha na corrida inicial da truta

- como conseguir ser criativo n hora de tirar uma foto dos peixes

- ainda melhorar a leitura do rio.

Repito para não deixar dúvidas, voltei muito mais realizado do que no ano passado.

E repito, letra por letra, o último parágrafo do meu relato do ano passado...

Por fim, um agradecimento especialíssimo para a Paula, minha esposa, que sabe tão bem entender esta minha necessidade de ir pescar trutas na Patagônia. Sem parecer excessivamente pedante com tantas citações, faço uma última. Ela agiu como uma daquelas mulheres do Tempo e o Vento do Érico Veríssimo. Ele diz que quando a gauchada saia para as suas estripulias, especialmente pelear com os castilhanos (e foi o que nós fizemos, pelear com trutas castelhanas), quem cuidava da estância, criava os filhos e filhas, quem mantinha a terra, isto é, quem realmente mantinha o Rio Grande, eram as mulheres, aquelas nossas magníficas mulheres. Foi o que a minha esposa fez. Ela manteve minha terra, manteve e cuidou do meu lugar, pois se é muito bom ir, melhor ainda é voltar...

Um grande abraço a todos vocês

Neumann

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  • Patrono

Grande Nóiman, ano que vem, se Deus quiser, estaremos na mesma empreitada, afinal, não posso perder o companheiro do mate e dos "causos" afinal, as trutas, são as trutas, sempre estarão lá, quanto a companhia dos amigos, essa é indispensável. :p

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  • Mosqueiro

Meu caro Neumann,

Vou deixar passar em branco as suas pitadas.Inclusive acreditar que seu bigodinho foi produto da falta de protetor solar,mesmo sendo exclusividade sua !!! :cool2:

A Petrobrás está de parabens em tê-lo nos seus quadros !!! É o melhor DRAMATUNHEIRO que conheço!!!Antes que alguém faça,gostaria que relatasse a minha pescaria do ano que vem !!!!

Seu relato está showwwww !!!

Só faltou demitir o Serginho como guia !!!! Rsrsrsrsr

Estaremos lá ano que vêm para repetir a dose !!!!

E o pé da cama do Serginho ???? Problema de fabricação ou peso excessivo ????

Abração

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  • Mosqueiro

Relato riquíssimo! Sem palavras. Um dos melhores que já li com certeza! Gostei muto quando escreveu "Então eu a vi. A uns 10 m a frente, vi uma subida sutil, suave, um beijo na água. Truta boa. Fosse pequena teria feito mais alarde." Um detalhe que realmente só quem tem experienciado mais profundamente a pesca de truta poderia nos passar!

Abs!

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  • 1 mês depois...

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