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  • Moderador

Se temos que dar nomes aos bois, vamos la: isso é um single handed spey cast na qual ele puxa a linha à montante com uma técnica chamada snap-T, só que por trás do corpo, seguido de um crossarm cast. :p:p:p

Acho que ele está complicando a coisa desnecessariamente. Sendo um arremessador destro e estando desse lado da corrente, ele poderia simplesmente puxar a linha para montante pela frente do corpo e fazer um roll cast à jusante (um spey cast bem simples).

Ou outra técnica de spey pela frente do corpo com aquela passada dupla: primeiro à montante, depois à jusante seguido do arremesso ortogonal ou levemente à montante.

:p:bag:

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  • Moderador

Tentar diferenciar um roll cast de um snap cast é meio ridículo, mas acho que dado o dinamismo do arremesso, se eu tivesse que chamar o que ele faz de algo, não seria de roll cast. :p

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  • Moderador

Os polinésios e os esquimós tinham um rico vocabulário para descrever os estados das ondas e da neve. Eles eram mestres nos seus ambientes. Porque deveríamos limitar o vocabulário para descrever o nosso metier?

Em algum momento do século retrasado uma técnica de pesca com mosca se desenvolveu nos rios  da Escócia e acabou por receber o nome de Spey. Tal técnica teve influência direta dos materiais disponíveis na época para a manufatura de caniços e linhas. O caniços tinham até 24 pés de comprimento e eram bem flexíveis (diríamos lentos hoje em dia). As linhas eram feitas de fibras naturais e seu taper era DT. Com a linha extendida à frente, o arremesso começava com o caniço às 11-12 horas e progredia com um longo movimento curvo de cima para baixo até 3 horas (veja aqui). O movimento tinha que ser longo porque o caniço era muito flexível. Uma onda era gerada na linha que ao se propagar dava a impressão de uma roda girando, portanto o nome "roll cast". O roll cast foi o arremesso fundamental do Spey. A técnica do roll cast é a mesma até hoje, apenas o rolado parece mais dinâmico hoje em dia devido aos materiais modernos.

Isto ficou assim até o advento do underhand cast, também conhecido como switch cast, também conhecido como Scandi (navian). O underhand se baseia em caniços relativamente rápidos e shooting heads relativamente curtas com um longo front taper. Estamos falando de caniços de duas mãos obviamente. No underhand,  a mão de cima serve de ponto de alavanca e fica mais ou menos fixa durante o arremesso, que é executado pela translação da mão de baixo. O efeito é literalmente o de uma catapulta, que "atira" a linha. Quando se fala em underhand para caniço de uma mão, se entende que uma certa técnica é aplicada com apenas uma mão para produzir o tal efeito catapulta (veja aqui).  Eu consegui fazer o switch cast no dia que entendi isso.

As vantagens do underhand cast são óbvias, e isto influenciou a forma como se praticava o Spey nas ilhas. O Spey clássico, aquele que descrevi acima, quase desapareceu, e surgiu o que se chama de Spey moderno, tecnicamente muito similar ao Scandi, mas com algumas peculiaridades: caniços e shooting heads são mais longos, o que resulta em e uso da mão de cima em movimentos de arresso mais extensos longos do que no Scandi.

O terceiro ramo notável de desenvolvimento das técnicas de arremesso ancoradas n'água é o Skagit, o qual foi um consequência pela adaptação das Shooting Heads escandinavas às condições de pescaria de Steel Heads e Salmões nos rios norte-americanos e canadenses. A enorme vazão e relativa profundidade destes rios, e a percepção de que moscas volumosas eram a chave para o sucesso, levou os pioneiros do Skagit a encurtar as Shooting Heads escandinavas (removendo o taper frontal) e a acoplar uma "tip" afundativa de 2 a 4 metros. Mas para lançar este conjunto, tiveram que abandonar a finesse do switch cast escandinavo (no qual apenas o líder é ancorado por um breve momento antes do arremesso) e carregar o caniço arrancando um longo pedaço  da cabeça e tip  de dentro d'água. Casts como o Snap-T e o Perry Poke são as técnica típicas do Skagit e ilustram bem o que eles chamam de "âncora sustentada" (sustained anchor). 

 

Um breve comentário final é o seguinte. Esta tendência de chamar tudo que tem a ver com cast ancorados n'água de Spey nada mais é do que a consequência da decisão marqueteira das associações de fabricantes de materiais de pesca de promover o termo "Spey" junto aos consumidores, talvez dentro da filosofia de que tudo tem quer descomplicado para massificar o segmento.  Acho isto uma pena.

[]'s

 

Editado por Carlos Mitidieri
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  • Moderador
6 hours ago, Jost said:

Acho que ele está complicando a coisa desnecessariamente. Sendo um arremessador destro e estando desse lado da corrente, ele poderia simplesmente puxar a linha para montante pela frente do corpo e fazer um roll cast à jusante (um spey cast bem simples).

Snap-t e rewind cast não são duas maneiras equivalentes de fazer a mesma coisa, e isto é explicado no vídeo.  O rewind cast é melhor que o snap-t quando o vento entra da direção em que a linha esta, pois ao movimentar a linha pelas costas, a gente se safa de receber ela na cara.

A outra possibilidade seria um switch cast em back-hand (que é o que eu netnedi que você está sugerindo acima). Neste caso , o posicionamento da linha no d-loop seria praticamente o mesmo obtido com o rewind. Ok, me parece até melhor naquela situação.  Mas eu consigo imaginar uma situação em que o rewind seria superior a outras opções (exceto se o vento estiver pelas costas): estando na margem direita, para reposicionar a linha de montante a jusante.

Editado por Carlos Mitidieri
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  • 2 semanas depois...
  • Moderador

Concluí a pequena revisão histórica  que eu havia começado. Haveria muito mais a escrever sobre as técnicas de Spey, Skandi e Skagit em si, mas fica prá outro tópico.

Encontrei ainda este vídeo, que explica sem elocubrações as diferenças entre cabeças Skandi e Skagit. 

 

 

 

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  • Moderador

Note que o rewind é um arremesso Skagit, o que e mais ou menos claro pela ancoragem sustentada. E de fato, ele é executado com uma cabeça Skagit para caniço de 1 mão, desenvolvida pela firma OPST   http://www.opskagit.com/.  Se eu estivesse pescando predadores no vadeio nos rios do Brasil, eu estaria experimentando os produtos destes caras. 

Editado por Carlos Mitidieri
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  • Moderador

Bom, já a algum tenho procurado uma solução prá apresentar streamers no fundo com rio alto e que seja ao mesmo tempo lançável com arremessos ancorados n'água. Especialmente, visando o Hucho em novembro  e dezembro cuja pesca está permitida no Jller nesta temporada.

Assim não resisti e encomendei uma cabeça Skagit  modelo Commando da OPST. Encomendei na quinta, recebi hoje de manhã, e pesquei com ela a tarde. Timing perfeito porque oi rio subiu de novo na última noite.

Minhas primeiras impressões são as seguintes:

A promessa do fabricante de que uma cabeça de 275 grauns (a recomendada para vara  peso 7 de uma mão)  carrega uma Tip Sink 8 com 3 metros de comprimento  é verdadeira. Não só carrega, como vira no final do loop os três metros de Tip junto com mais 1,5 metros de líder e um zonker.  Com um Tip destes, a mosca desce legal pro fundo e fica lá mesmo quando se acelera o swing.

Prá lançar, tem que ser aqueles tipos de casts Skagit com "ancoragem sustentada". Outra coisa não funciona. Arremesso sobrea cabeça também não sai direito. Mas com as técnicas adequadas, dá prá se divertir bastante. 

:)

Não saiu um Hucho hoje, mas pelo menos uma steelhead'zinha  prá marcar minha estréia no estilo Skagit.

DSC_1302.JPG

DSC_1304.JPG

Editado por Carlos Mitidieri
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  • Moderador

O homem é um bicho que foi construido para ser um classificador e interpolador pela evolução... de outra forma estaríamos extintos.

Para alguns o fly é apenas um hobby sem grandes pretensões, para outros é assunto sério... tanto mais sério quanto mais tempo o sujeito passa o inverno pensando em pescar no verão...

E quando se junta a tendência de classificar com a seriedade (e um inverno longo), o que se vê é o que se vê.

Cada um nos seu quadrado.

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  • Administrador

Não sei se é mera impressão minha, talvez pelos videos, mas a plástica desses arremessos me parecem ainda mais bonitas que os arremessos de fly (single hand rods). :wub:

Claro que em primeiro lugar sempre a eficiência e o propósito funcional do cast, mas que é bonito de se ver é. :) 

Tipo ganhar a partida jogando futebol arte. :happy:

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  • Moderador

Eu acho que não é a questão da técnica que está se discutindo aqui.

Quando um pescador de fly mais experiente vê uma determinada técnica de arremesso sendo aplicada, ele instintivamente sabe em qual situações aquela técnica vai resolver determinado problema que ele encontra no rio. Assim, mesmo sem saber a hermenêutica, como diz o Beto, ele vai tentar aplicar a tal técnica na pescaria dele.

O que o povo encrenca é com a hermenêutica em si, não com a técnica ou o emprego dela. Tem gente que curte dar nome às coisas e não vejo problem com isso... no meu HD ainda tem muito espaço pra guardar nomes :p

Isso me faz lembrar da última Patagônia, quando passei uma boa meia hora observando um pescador francês pescando com uma Adams parachute e executando uma perfeita técnica de mending aéreo no upstream, arremesso após arremesso, e sacar uma truta marrom maior que a outra na saída de um pool no Chimehuin. Dá gosto de ver alguém que sabe arremessar e pescar. Como bem disse o André, ganhar o jogo jogando com classe :)

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  • Moderador

Hoje pesquei de novo com a cabeça de Skagit, e tudo foi muito mais fluido do que ontem. A pescaria também, estava bem melhor em número de piques.

Aí chega um amigo, O Félix, com um caniço switch. Eu já havia contado prá ele dos meus planos de testar esta cabeças da OPST. Ele chega e eu começo a elogiar o equipamento e faço um par de arremessos prá ele ver. Aí ofereço pra ele experimentar, ele aceita, e eu mando o streamer lá fora antes de passar o caniço prá ele. Ele se posiciona prá fazer uns arremessos e quando vai puxar a linha, tem uma arco-íris conectada na linha. :laugh::laugh:. Ele me olha e pergunta se eu quero o caniço de volta. Eu digo ...  Nein! Die habe ich für  dich gefangen!!! :happy::happy: 

Editado por Carlos Mitidieri
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  • Patrono

Carlos, 

O meu comentário foi uma brincadeira. Na verdade, tendo começado a pescar com môsca a mais de 50 anos sofri muito por absoluta falta de informação. Internet estava longe, informação sobre livros – nada - para ter uma idéia, televisão B&P ( em cor ainda estava longe) era quase uma novidade. O máximo de informação nesta matéria ( arremesso) que consegui foi uma única instrução em uma revista inglesa que recomendava segurar  um livro em baixo do braço e perto do suvaco. O resultado é que meu arremesso é bem ruinzinho até hoje.  Outra coisa, naquele tempo só havia linha DT – daí nunca senti falta desta infinidade de linhas modernas, que reconheço são bem eficientes. Mas como não pesco com mosca pela eficiência do método, continuo a usar as velhas DT em varas em bambu feitas por mim. Ou seja entre outros defeitos não passo de um velho anacrônico. 

Postagens como a sua, são sem dúvida uma grande ajuda.

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  • Moderador
15 hours ago, Beto Saldanha said:

Carlos, 

O meu comentário foi uma brincadeira. Na verdade, tendo começado a pescar com môsca a mais de 50 anos sofri muito por absoluta falta de informação. Internet estava longe, informação sobre livros – nada - para ter uma idéia, televisão B&P ( em cor ainda estava longe) era quase uma novidade. O máximo de informação nesta matéria ( arremesso) que consegui foi uma única instrução em uma revista inglesa que recomendava segurar  um livro em baixo do braço e perto do suvaco. O resultado é que meu arremesso é bem ruinzinho até hoje.  Outra coisa, naquele tempo só havia linha DT – daí nunca senti falta desta infinidade de linhas modernas, que reconheço são bem eficientes. Mas como não pesco com mosca pela eficiência do método, continuo a usar as velhas DT em varas em bambu feitas por mim. Ou seja entre outros defeitos não passo de um velho anacrônico. 

Postagens como a sua, são sem dúvida uma grande ajuda.

:):) Não te conheço pessoalmente Beto, mas através do Jost e isto me basta. Experiência não se encontra na rede e somos todos afortunados de contar com  a tua. E a apresentação de secas com bambu e DT continua sendo o estado  da arte.

[]'s

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  • Moderador
2 hours ago, Thiago Zanetti said:

a isca passa por trás da cabeça? perto da orelha, do olho, do pescoço?

 

 

Salve Thiago,

humm ... não estou advogando o Rewind, mas vou tentar ponderar.

Yes, you can hook yourself, mas todo arremesso de fly, não importa a técnica, envolve algum risco. Orelha, pescoço e olhos estão sujeitos a ser atingidos, mais ainda na presença de vento. Óculos e anzóis sem farpa são parte da boa prática. Os últimos ainda preservam os peixes. 

Note que o Rewind foi concebido para ser ser usado com vento pela frente. O vento pela frente afasta a mosca do corpo do casteador quando se circula a linha pelas costas. O contrário acontece com o Snap-T (que é um cast difícil de controlar) e o Perry Poke: o vento pela frente joga a cabeça, o líder e a mosca em cima do arremessador.

Pratiquei um pouco o Rewind nos últimos dias, sem vento. É um cast muito fácil de controlar. É muito mais fácil fazer a linha deitar suavemente sobre a água (na preparação do arremesso) com o Rewind do que com o Snap-T. Se for para não assustar o peixe, o Rewind é muito superior ao Snap-T. Mas com vento pelas costas não se deve usá-lo. E se o vadeo for muito fundo (acima da cintura), também não. 

[]'s

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  • Moderador

@Thiago

Apropo, muito bacana profissional e correta a forma como você tratou os peixes lá naquele programa com o Kid em Paranaguá. Acho que foi um marco. :)

Editado por Carlos Mitidieri
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  • 4 meses depois...

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