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The Kite


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  • Administrador

Em recente pesquisa por padrões parachute, buscando alguma variação promissora, me deparei com esta interessante história e depois de lê-la não pude me conter para atar algumas moscas e experimentá-las na prática. O texto mencionava uma reportagem da Freshwater Fishing Magazine de Novembro/Dezembro de 2009, na qual Mick Hall e Philip Bailey descreviam o surgimento de uma variante da famosa Kite's Imperial, um padrão consagrado do não menos famoso Oliver Kite. :)

TK_1.jpg

The Kite, um excelente padrão de parachute

Oliver Kite era um minimalista e considerava que a apresentação era mais importante do que a cor ou o formato da mosca (fidelidade ao inseto real). Depois de ter publicado 6 receitas de moscas secas de sua autoria, com o tempo passou a acreditar que apenas uma, a Imperial, era capaz de produzir capturas não importando de qual inseto real os peixes estivessem se alimentando. Um outro aspecto que se tornou marca registrada de suas moscas era o padrão anzol nú, uma quantidade significativamente reduzida de material sobre a haste do anzol, recoberta por algumas voltas de fio de cobre fino (tão fino e em tão pouca quantidade, que não comprometeria a flutuabilidade de uma mosca seca).

TK_2.jpg

O padrão minimalista de Oliver Kite está bem representado no corpo esguio da Kite

Quando Philip Bailey mudou-se para a Inglaterra, influenciado por Oliver Kite, usava com frequência a Imperial em suas pescarias nos rios do norte do país. A performance da mosca era boa, mas em águas rápidas as Imperial afundavam. Bailey estava convencido de que o padrão de Kite era efetivo em muitas situações, inclusive em momentos que outras moscas falhavam, porém em águas mais rápidas o desempenho não era satisfatório. Isso o motivou a adaptar a Imperial para um padrão parachute, e foi assim que surgiu a Kite.

Não existe uma descrição muito clara dos passos necessários para o atado da Imperial, o que se sabe é que por conta da tendência nude hook, tudo era pensado para que o resultado final fosse uma mosca delgada. E apesar da descrição detalhada de montagem publicada por Philip Bailey, experimentei algumas maneiras diferentes de construção da Kite, a que descrevo abaixo foi a que produziu o melhor resultado, em minha opinião, levando-se em consideração os fundamentos de Oliver Kite. Fiz duas substituições na lista de materiais: a primeira foi o uso das fibras de pena de avestruz, no lugar das fibras de pena de Blue Heron (Garça Azul). A segunda foi a troca do fio de cobre por tinsel oval dourado, pois seguindo o objetivo de atar uma mosca que não afunde, achei por bem, mesmo o fio de cobre sendo muito fino, retirar qualquer peso adicional.

Material Básico:

  • Anzol Partridge Capitain Hamilton #12
  • Fio de Atado Veevus Cinza 10/0
  • Polyyarn Branco
  • Tinsel Oval Fino Dourado
  • Pena de Avestruz
  • Fio de Seda Roxo
  • Pena de Galo (Saddle) Marrom
  • Pena de Galo (Hackle) Marrom

DSCN0431.JPG

Passo a Passo:

1º Coloque um anzol com a farpa amassada na morsa e faça uma pequena base de linha para ancorar o poste de polyyarn, comece a prender o fio de atado no ponto que representa 25% do comprimento da haste, a partir do olho do anzol. Dê umas 5 ou 6 voltas em direção à curva do anzol e retorne ao ponto inicial.

DSCN0438.JPG

2º Selecione um tufo de polyyarn, dobre ao meio, envolvendo o fio de atado e prenda na parte de cima da haste com 2 ou três voltas do thread.

DSCN0440.JPG

3º Em seguida, puxe as duas metades do tufo para cima e aplique algumas voltas com o fio de atado para formar a base do poste. Pode-se aplicar uma gotícula de cola na base para fixá-lo em definitivo.

DSCN0441.JPG

4º Logo atrás do poste, prenda o fio de seda roxo e leve a amarração até à curva do anzol.

DSCN0443.JPG

5º Selecione de 10 a 12 fibras de uma pena das costas de galo e prenda no ponto onde o fio de atado está, bastam 2 a 3 voltas.

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6º No mesmo ponto, fixe um pedaço de tinsel e em seguida adiante o fio de atado até a frente da base do poste. Faça uma alça com o thread e aplique mais duas ou três volta na haste.

DSCN0453.JPG

7º Na frente do poste, fixe 2 fibras de pena de avestruz, voltadas para a parte de trás do anzol.

DSCN0455.JPG

8º Enrole o fio de seda em volta da haste até alcançar o poste, continue enrolando na frente do poste, fixe-o com o fio de atado e corte o excesso.

DSCN0458.JPG

9º Corte uma das pontas da alça do fio de atado, em sua volta torça as duas fibras da pena de avestruz, como se fosse uma corda.

DSCN0459.JPG

10º Enrole as fibras em direção à curva do anzol, até à base da cauda de forma espaçada.

DSCN0461.JPG

11º Mantenha as fibras tensionadas e no sentido contrário, enrole o tinsel sobre as fibras da pena de avestruz, também de forma espaçada até à frente do poste. Prenda o tinsel com algumas voltas do fio de atado e corte o excesso.

DSCN0465.JPG

12º Fixe a pena de galo na base do poste com algumas voltas do fio de atado, cuidando para que a parte brilhosa da pena fique voltada para baixo. Levante a pena segurando-a junto com o poste enquanto aplica algumas volta do fio de atado, enrolando o thread para cima, até atingir aproximadamente o tamanho de 1/4 do comprimento da haste. retorne com o fio até a base do poste, reforçando a amarração.

DSCN0468.JPG

13º Enrole a pena em volta do poste, uma volta colada à outra, de cima para baixo, até atingir a base do poste. Puxe a pena para baixo, em ângulo reto com a haste do anzol e fixe-a com duas ou três voltas as do fio de atado.

DSCN0470.JPG

14º Aplique o nó de acabamento em volta do poste, corte o excesso da pena, o fio de atado e pingue uma micro gota de cola pra finalizar.

DSCN0472.JPG

15º Corte o excedente do poste para que tenha aproximadamente o mesmo tamanho da haste do anzol.

DSCN0475.JPG

E pra quem acha que essa mosca não pega peixe, pois afinal da contas não existem insetos com essa coloração na natureza, está aí a prova. :happy:

DSCN0251.JPG

A história completa do surgimento da mosca e mais alguns detalhes no blog: http://www.fuzzyflies.com/2015/10/the-kite.html


Grande Abraço ;)

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  • Administrador

Muito bom André e vou atar algo com o material que tenho para fazer test drive na Patagônia. :ok:

Por falar em Patagônia... mesmo sabendo que vais ainda com o rios cheios, e eu também, pesca com essa mosca para assim nos contar sua experiência com ela por lá. ;)

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  • Mosqueiro

Show de atado mestre!!

Muito bacana mesmo e esse estilo de "nude hook" achei bem interessante.

com o pouco material que tenho vou tentar atar umas dessas iscas para os lambas e, quem sabe, umas trutinhas catarinenses..

hehehe

Grande abraço e obrigado por compartilhar!

:D

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  • Administrador

Muito bom André e vou atar algo com o material que tenho para fazer test drive na Patagônia. :ok:

Por falar em Patagônia... mesmo sabendo que vais ainda com o rios cheios, e eu também, pesca com essa mosca para assim nos contar sua experiência com ela por lá. ;)

Já estão na lista, mas certamente funcionarão. No "teste drive" que fiz, pesquei em alguns trechos relativamente curtos (6 a 8 metros) e consegui fisgar mais de 10 peixes. :)

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  • Administrador

Bom dia, André

Obrigado por compartilhar a historia e o excelente atado.

Abraço

Luis

Obrigado Luis,

Eu que agradeço pelos comentários. :)

Grande Abraço ;)

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  • Administrador

Show de atado mestre!!

Muito bacana mesmo e esse estilo de "nude hook" achei bem interessante.

com o pouco material que tenho vou tentar atar umas dessas iscas para os lambas e, quem sabe, umas trutinhas catarinenses..

hehehe

Grande abraço e obrigado por compartilhar!

:D

Fala xará!

É interessante mesmo, quando for executá-la, lembre-se de aplicar poucas voltas com o fio de atado, pode não parecer mas ajuda muito a manter o pouco volume do corpo da mosca.

E pode meter ferro nos lambas com confiança, os danadinhos não resistem. :D

DSCN0254.JPG

Grande Abraço ;)

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  • Mosqueiro

Fala xará!

É interessante mesmo, quando for executá-la, lembre-se de aplicar poucas voltas com o fio de atado, pode não parecer mas ajuda muito a manter o pouco volume do corpo da mosca.

E pode meter ferro nos lambas com confiança, os danadinhos não resistem. :D

DSCN0254.JPG

Grande Abraço ;)

Realmente parceiro, o padrão de parachute é uma das moscas mais efetivas (pra mim) quando busco os lambas nas corredeiras!

Acho muito lindo o ataque deles na superfície!!

Grande abraço!!!

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  • Administrador

Muito legal! Os teus artigos sempre são um prazer de ler.

Posso usar calf tail no lugar do poly warn?

Obrigado Guilherme,

Muito bacana saber disso. :)

Certamente pode, assim como outro indicador visual que o ajude a localizar a mosca (Antron, EP Fiber, CDC, até EVA). O interessante é que tenha alguma rigidez (que não seja uma fibra muito molenga nem muito fina), para ajudar a fixação do hackle. E de preferência que seja naturalmente hidro repelente (não encharque com facilidade), mesmo uma fibra que não possua essa característica, pode ser "besuntada" de flotante e cumprirá bem o papel que se propõe.

Grande Abraço ;)

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  • Moderador

:):):)

Ola André,

Parabéns pela matéria e pelo passo a passo muito bem elaborado e detalhado.

Certamente uma mosca muito eficiente assim como tem demostrado ser a Adams Parachute e outras similares.
Difícil dizer que possa ser uma mosca única já que também representa um estágio na vida das efêmeras.
Muitos atadores e mosqueiros supõem que as parachutes são tomadas como moscas caídas ou ainda não completamente emergidas ou nascidas (stillborn).
Alguns estudiosos do tema acreditam também que as cores que estejam acima da superfície da água não tem influência na forma com a truta ou outro peixe enxergam a mosca.
No caso das parachutes, o perfil baixo do corpo navega diretamente sobre a superfície do filme e algo submersa.
Neste caso é possível que a cor influencie fortemente no processo de atração e torne essa uma mosca especial.

Grande abraço

Odimir

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  • Administrador

:):):)

Ola André,

Parabéns pela matéria e pelo passo a passo muito bem elaborado e detalhado.

Certamente uma mosca muito eficiente assim como tem demostrado ser a Adams Parachute e outras similares.

Difícil dizer que possa ser uma mosca única já que também representa um estágio na vida das efêmeras.

Muitos atadores e mosqueiros supõem que as parachutes são tomadas como moscas caídas ou ainda não completamente emergidas ou nascidas (stillborn).

Alguns estudiosos do tema acreditam também que as cores que estejam acima da superfície da água não tem influência na forma com a truta ou outro peixe enxergam a mosca.

No caso das parachutes, o perfil baixo do corpo navega diretamente sobre a superfície do filme e algo submersa.

Neste caso é possível que a cor influencie fortemente no processo de atração e torne essa uma mosca especial.

Grande abraço

Odimir

Obrigado mestre,

É no mínimo curioso, pra não dizer incongruente, que Oliver Kite considerasse mais importante a apresentação da mosca do que os materiais e cores empregados em sua construção, e tenha escolhido justamente uma combinação tão inusitada para a montagem da Imperial (roxo com detalhes dourados). E que também foram empregadas nessa receita (The Kite). Ou talvez tenha sido até proposital! :D

Pelo que li, não só a respeito da Imperial, mas também sobre outros padrões que compartilham silhoueta e essa mesma combinação de cores, como por exemplo a Purple Haze (abaixo), alguns peixes (incluindo a truta) seriam capazes de identificar espectros do ultra-violeta que nós não conseguiríamos. :book:

Purple%2BHaze.jpg

Também já li que o roxo é o novo cinza para o atado de moscas, o que corrobora com a idéia de que a popularização dessa cor talvez esteja associada a sua eficiência. :hum:

Enfim, como dizem os que conseguiram bons resultados com moscas que usam essa cor: "Doesn't matter, it works!" :laugh::laugh::laugh:

Grande Abraço ;)

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  • Administrador

Boa tarde,André!

Parabéns pela historio,excelente atado,com certeza estarei atando está semana está bela mosca!

Obrigado meu amigo, :)

Não deixe de nos apresentar os resultados, tanto do atado, quanto das capturas! :yes:

Grande Abraço ;)

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  • Moderador

Boa pesquisa, André. A informação que eu tenho na cabeça, é que a Kite's Imperial foi desenvolvida no ambiente do chalk stream, como uma imitação das "large dark olive" (Baetis rhodani). Então parece boa esta informação extra de que seria um padrão "all-round". E de fato, é notável como as fibra da pena do "Blue Heron" (Grau Reiher, em alemão), que são cinza, atadas sobre um fundo púrpura, podem imitar uma cor oliva escura.

Enfim, teu post me inspirou a tentar esta mosca. Ainda mais que estou com três penas de "Blue Heron" na manga, que achei pelo rio no período do fim do verão. Hora de atar umas Imperiais com elas.

[]'s

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  • Administrador

Boa pesquisa, André. A informação que eu tenho na cabeça, é que a Kite's Imperial foi desenvolvida no ambiente do chalk stream, como uma imitação das "large dark olive" (Baetis rhodani). Então parece boa esta informação extra de que seria um padrão "all-round". E de fato, é notável como as fibra da pena do "Blue Heron" (Grau Reiher, em alemão), que são cinza, atadas sobre um fundo púrpura, podem imitar uma cor oliva escura.

Enfim, teu post me inspirou a tentar esta mosca. Ainda mais que estou com três penas de "Blue Heron" na manga, que achei pelo rio no período do fim do verão. Hora de atar umas Imperiais com elas.

[]'s

Valeu Carlos, :)

Confesso que apesar de ter lido muita coisa, não cheguei a uma conclusão, pelo que me lembro a Imperial foi sim criada com o objetivo de imitar uma Baetis, mas me parece que foi um padrão dun (não estou bem certo). As informações são um tanto imprecisas e não encontrei uma descrição clara sobre o atado da Imperial, há muito pontos que deixam dúvidas sobre como era realmente a original. :mellow:

Se o pensamento do Kite estiver certo, só precisará desse padrão de seca daqui por diante. Uma idéia um tanto frustrante pra quem gosta de atar, mas bastante animadora pros colecionadores de records. :happy:

Por favor, mostre-nos os resultados! :yes:

Grande Abraço ;)

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  • Moderador

Obrigado mestre,

É no mínimo curioso, pra não dizer incongruente, que Oliver Kite considerasse mais importante a apresentação da mosca do que os materiais e cores empregados em sua construção, e tenha escolhido justamente uma combinação tão inusitada para a montagem da Imperial (roxo com detalhes dourados). E que também foram empregadas nessa receita (The Kite). Ou talvez tenha sido até proposital! :D

:):):)

André,

Podemos nos equivocar sobre as razões pelas quais um peixe aceita ou recusa nossas moscas, mas não estaremos errados com relação ao fato de que algumas moscas trabalham melhor em certas épocas, em certos tipos de águas ou sob certas condições.

Quanto a postura ou enfoque que pescadores podem assumir, Gary LaFontaine no seu livro "The Dry Fly, New Angles" dedica dois capítulos abordando as vantagens e desvantagens de cada uma dessas posturas.

Como se trata de um tema extenso, apenas descreverei o conteúdo simplificado destes enfoques :

1) Empiricismo - "Eu vou usar uma Pink Lady porque esta mosca funcionou bem nesta época quando o rio estava nesta condição."

2) Generalismo (minimalismo) - "Aquele peixe irá atacar qualquer mosca desde que eu a apresente corretamente ".

3) Naturalismo - "Eu vou usar uma Hendrickson para imitar aqueles duns de mayfly que estão sobre a água."

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  • Administrador

Concordo plenamente mestre! :)

Apesar de todo estudo e teoria ajudar em muito a performance de qualquer pescador, seja ele mosqueiro, baiteiro ou linguiceiro, nada substitui a experiência e o sexto sentido do verdadeiro pescador.

Ainda bem que a pesca continua a ser uma ciência inexata, senão seria previsível demais. :D

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