Metamorfose e Estágios de Vida

[Jost]

INTRODUÇÃO

Durante seu ciclo de vida, todo inseto aquático passa por uma série de mudanças de forma, em um processo denominado metamorfose, conforme ele se desenvolve do ovo até ao adulto. Essas diferentes formas do inseto são conhecidas como estágios de vida, e eles marcam duas fases distintas do desenvolvimento. A primeira fase, denominada desenvolvimento embrionário, ocorre dentro dos ovos. A segunda fase, denominada desenvolvimento pós-embrionário, inclui todos os estágios entre a eclosão do ovo até o momento que o inseto se torna reprodutivamente maduro. A maturidade reprodutiva é alcançada no estágio adulto, algumas vezes denominado imago, o qual possui órgãos sexuais funcionais e está apto a se reproduzir. As necessidades ecológicas dos diversos estágios de um inseto aquático, e suas respectivas adaptações morfológicas e comportamentais, podem ser bem diferentes umas das outras. De um modo geral, um ou mais estágios são terrestres. Um conhecimento dos ciclos de vida e dos diversos estágios é de suma importância para o estudante de entomologia e pode ser importante para o pescador.

DESENVOLVIMENTO PÓS-EMBRIONÁRIO

O desenvolvimento pós-embrionário inclui o crescimento e maturação do inseto. Crescimento é geralmente considerado o aumento de tamanho, enquanto maturação é a obtenção progressiva de características morfológicas e fisiológicas dos adultos (asas, genitália, etc.), as quais encontram-se plenamente desenvolvidas apenas no adulto.

Uma vez que os insetos possuem um exoesqueleto, esse deve ser periodicamente trocado e um novo, e maior, é criado para acomodar o indivíduo em crescimento. O processo de troca do exoesqueleto denomina-se ecdise ou muda e o exoesqueleto vazio (casca), deixado para trás, denomina-se exúvia. O período entre quaisquer duas mudas denomina-se intermuda e o inseto nesse período é denominado ínstar ou subimago. O número de subimagos de desenvolvimento pode ser constante ou variável, dependendo da espécie ou grupo de insetos. O número de ínstares durante um desenvolvimento pós-embrionário pode variar de 4 a 40 ou mais.

Durante o desenvolvimento pós-embrionário, os insetos podem ser denominados de imaturos, mesmo que haja um ou dois estágios bem diferentes durante essa fase, dependendo do tipo de inseto e do tipo de metamorfose que ele sofre. Os estágios pós-embrionários são discutidos abaixo.

LARVA

O estágio larval ocorre em todos os insetos aquáticos. Ele sucede o estágio de ovo e precede ou o estágio adulto ou o estágio de transição que precede o adulto. O crescimento (e variados graus de maturação) ocorre durante o estágio larval e existem três ou mais ínstares larvais. Os termos relativos "larva jovem" e "larva madura" referem-se a um ínstar inicial e um ínstar final, respectivamente. Os ínstares larvais podem variar consideravelmente de um inseto para outro e, algumas vezes, recebem nomes especiais.

SUBIMAGO

O subimago (ou estágio subimaginal) é um estágio que ocorre apenas nos efemerópteros (mayfly). Ele sucede o estágio larval e precede o estágio adulto. Ao contrário de estágios pré-adulto em outros insetos, é uma forma alada. O subimago é um estágio de maturação e possui apenas um ínstar.

PUPA

O estágio pupal é um estágio de transição que ocorre em grupos mais avançados de insetos. É primariamente um estágio de maturação e possui apenas um ínstar. Dependendo do tipo de inseto, a pupa pode ser quiescente (imóvel) ou ativa. Ela pode ainda ser livre ou encapsulada em um casulo ou pupário. Um pupário é encontrado em alguns grupos avançados de dípteros (mosquitos e afins) e é confeccionado da pele modificada do último ínstar.

TIPOS DE METAMORFOSES

Dois tipos básicos de metamorfoses ocorrem entre os insetos aquáticos. Os tipos de estágios pós-embriônicos envolvidos no desenvolvimento do inseto determinam o tipo de metamorfose pelo qual ele passa. Os estágios larvais dos insetos convenientemente refletem os diferentes tipos de metamorfose pelos quais passarão pelo fato de possuírem, ou não, determinados traços morfológicos. As listas abaixo relacionam as principais ordens de insetos aquáticos e o tipo de metamorfose pelas quais passam, os coloridos indicando as mais importantes para o pescador de fly. Adiante uma descrição sucinta de cada tipo de metamorfose.

Metamorfose incompleta:

• Ephemeroptera (mayfly)
• Odonata (libélulas e donzelinhas)
• Plecoptera (stonefly)
• Hemíptera (percevejos aquáticos)

Metamorfose completa:

• Megaloptera (dobsonfly)
• Neuroptera
• Coleoptera
• Trichoptera (caddis)
• Lepidoptera
• Diptera

METAMORFOSE INCOMPLETA

Insetos aquáticos que não possuem um estágio pupal passam por metamorfose incompleta, a qual é geralmente considerada um processo de desenvolvimento mais primitivo. A larva desses insetos passam ao mesmo tempo por crescimento e maturação. A larva, com exceção das muito novas, possuem olhos compostos bem desenvolvidos e tecas alares (wingbuds - nas espécies cujos adultos que possuem asas). O grau de diferenciação morfológica e ecológica entre as larvas e os adultos varia consideravelmente de um grupo para outro. Os termos ninfa e náiade são algumas vezes utilizados para os estágios larvais desses insetos, especialmente por pescadores de fly. O termo larva, entretanto, é mais universalmente aceito entre os zoólogos. As ilustrações abaixo mostram as principais ordens de interesse dos pescadores com metamorfose incompleta.

Stonefly (Plecoptera) Mayfly (Ephemeroptera)

Libélula (Odonata - dragonflies) Donzelinha (Odonata - damselflies)

METAMORFOSE COMPLETA

Insetos aquáticos que possuem um estágio pupal passam por metamorfose completa, a qual é geralmente considerada um processo de desenvolvimento mais avançado.Nesses insetos, o crescimento geralmente é levado a cabo nos estágios larvais e a maturação no estágio pupal. A larva não possui tecas alares (wingbuds) ou olhos compostos. Seus olhos são geralmente reduzidos ou composto por uma faceta simples ou grupo de facetas simples. A diferença morfológica entre a larva e os adultos é geralmente enorme. As ilustrações abaixo mostram as principais ordens de interesse dos pescadores com metamorfose completa.

Caddis (Trichoptera) Midge (Diptera)

Mosquitos (Diptera)

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* O criador dessa postagem salienta que o texto visa ser apenas uma introdução ao assunto (para pescadores de fly) e não um texto acadêmico extensivo, a despeito de ser uma pesquisa em diversas referências bibliográficas relativamente avançadas (citadas abaixo). Salienta, ainda, que NÃO é biólogo ou entomólogo e que provavelmente o texto terá incoerências acadêmicas, ou mesmo erros, pedindo àqueles que são conhecedores do assunto que delicadamente intervenham no sentido de serem efetuadas correções para a melhoria do conteúdo. Salienta, por fim, que considera o texto em permanente estado de edição, podendo haver correção, retirada ou inserção de material a qualquer momento e sem aviso prévio

REFERÊNCIAS

• Aquatic Entomology - The Fishermen's and Ecologists' Illutrated Guide to Insects and Their Relatives, McCafferty, W. P., Jones and Bartlett Publishers, Estados Unidos, 1981. (Segundo alguns comentários da Amazon a respeito desse livro, ele se encontra desatualizado no que tange à identificação dos insetos ao nível de especie, mas penso que para identificação das ordens e famílias, bem como procedimento de coleta, ele é perfeitamente satisfatório.)
• An Introcution to the Study of Insects, Borror, D.J.; Triplehorn, C.A.; Johnson, N.F., Saunders College Publishing, Estados Unidos, 1992. (tem uma versão desse livro em português, mas nunca encontrei para comprar).

[Jost]

Espero que seja útil... qualquer mudança, erro ou sugestão, é só dizer.

Obrigado.

[Mauro Cba]

Aula de biologia ... Jostpédia ...

[Marcelo R. S.]

Perfeito chara muito bom,

[Leandro Vitorino]

Muito legal esses assuntos... Tenho muitas imagens de estágios de vida desses insetos do cerrado... Vou juntando aqui, um dia junto o quebra cabeça...Acho que deve ter tanta espécie brasileira qu nunca foram catalogadas...

Parabens pela mensagem!!

[Diogo Pedriali]

Informações inéditas pra mim.

Obrigado por compartilhar.

[A.Medeiros]

!!!

[Fausto]

Recentemente tenho tratado muito desde assunto e assim ajudando os novatos. Esse ano fiz uma coleta de insetos imaturos no arroio Calfiquitra na Patagônia, justamente no local onde capturamos muitas fontinalis. Boas lembranças tenho de lá.