Ir para conteúdo

No Chile, com o Maestro!


Postagens Recomendadas

  • Mosqueiro

Mestre Paulo Cesar e eu resolvemos – na última hora – viajar durante o Carnaval, para pescar trutas em Coyhaique, na Patagônia Chilena.

Após uma tremenda engenharia de conexões (os aviões estavam lotados) conseguimos nossos bilhetes e lá fomos nós, encontrar nosso guia e amigo Nino (Bernardino Sanhueza - ninopescador@gmail.com) e sua esposa Elsa.

Foram apenas 5 dias de pesca e 9 dias de viagem. Mesmo com pouco peixe na linha, foi uma semana fantástica, pois ter o Paulo Cesar como companheiro de pesca é um privilégio, em todos os sentidos! E ter o Nino como guia é, simplesmente, pescar com o melhor guia de pesca de trutas de todo o Chile. Além da simpatia e de trabalhar de forma incansável pela satisfação de seus clientes (não há limite de horas de pesca; pescamos até 12 horas ou mais por dia) o Nino já foi, por duas vezes, campeão nacional (do Chile) de pesca de trutas.

Pescamos no Lago Misteryoso, no rio Emperador Guillermo e no rio Simpson e, em todos eles, a pesca foi muito difícil. Paulo, que conhece a região há mais de 25 anos, estava inconsolável pela escassez de trutas e, mais ainda, pela redução do seu tamanho médio em cada um dos respectivos habitats. Também eu, que faço minha sexta viagem de pesca ao Chile, notei a diferença absurda na qualidade da pesca. São muitas as explicações para que isso venha ocorrendo, mas a principal é simples: pesca predatória em ambientes delicados! O pescador amador chileno mata peixes, da mesma forma que se mata no Brasil: com muita intensidade e sem critério! Além disso, há a pesca comercial exercida por amadores, que durante anos e anos foram matando a vida dos rios. O Chile, embora apresente bom padrão econômico/social/educacional na área de Santiago, é ainda uma sociedade rude, inculta e pobre, nas áreas mais afastadas da capital.

Assim, a deterioração da pesca esportiva que já ocorrera em outras áreas (como na região dos lagos, em Puerto Varas), vem atingindo também a região de Coyhaique, quer seja pela pesca predatória, quer seja por outras razões, como as centenas de propriedades de criação de gado que os rios cruzam (que acabam com a vegetação ciliar) ou pelo despejo de esgotos pouco tratados nas águas. E agora, agravando tudo isso, há projetos para a construção de várias represas na região (para produzir energia elétrica). Para piorar, o didymo – alga que envolve as pedras e mata as ninfas – já é uma realidade em todos os rios de Coyhaique.

Mas, mesmo com as dificuldades, podemos dizer que valeu a pena! Valeu muito! Foram dias felizes, passados em rios e lagos de beleza ímpar, desfrutando da mútua companhia, partilhando histórias, causos, vinho, boa comida, paisagens incríveis e também algumas trutas.

Que falem as imagens:

Sorrisos ansiosos, durante o vôo da Aerolíneas Argentinas, até Buenos Aires, nossa primeira escala:008.jpg

A Aerolíneas mudou seus horários nos vôos do Rio para Buenos Aires e nem nos avisou. Por sorte, um dia antes, fui checar tudo e descobri que não teríamos tempo para fazer a conexão para Santiago. Consegui um novo horário para Santiago e correu tudo bem! Mas poderia ter sido um transtorno. A notícia boa é que essa nova frequência vai do Rio a Buenos Aires e de lá, à Nova Zelândia e Austrália, sem trocar de avião, que é um baita Airbus 340. A notícia ruim é que esses aviões estão em péssimo estado. Pertenciam a Air Mauritius (ainda tem as partes internas com cores e logos dessa companhia) e, ao que parece, precisam de uma boa revisão. Na parte de baixo da poltrona à minha frente, um monte de fios expostos aflorava do chão do avião:

007.jpg

Chegamos bem e tomamos outro avião – agora da LAN, que é ótima – para Santiago, onde iríamos pernoitar. Bem dormidos e após um belo café-da-manhã no próprio hotel (nos hospedamos no moderno Holiday Inn que fica no próprio aeroporto, uma comodidade que recomendo a todos que tiverem que passar a noite por lá, pois evita traslados para a cidade) voamos finalmente para Balmaceda, minúscula vila que abriga o principal aeroporto da província de Aysén, onde se localiza Coyhaique. Durante a viagem fiz algumas fotos da janelinha que, mesmo não ficando boas, mostram os danos do efeito estufa: pouquíssima neve nas montanhas! Essas montanhas ficavam sempre com muita neve, mesmo no verão! Agora, mal acaba a primavera, a neve já se foi.

012.jpg

Nino nos esperava no aeroporto e logo estávamos a caminho de Coyhaique, onde Elsa nos esperava, em sua casa nova, com um “cerdo horneado”, de grandes lembranças.

Logo em seguida estávamos na estrada, rumo ao Lago Misteryoso, a cerca de três horas de viagem em estrada de “rípio” (pedrinhas) e, em alguns trechos, sem qualquer estrada. Como sempre, muitas porteiras para abrir, em um trajeto que corta dezenas de propriedades particulares, as quais só se cruzam com o auxílio do guia. Ou seja, é quase impossível pescar nos melhores pontos de pesca do Chile sem um guia. Aliás, sobre esse tema já comentei em outro relato, pois no Chile se cercam rios e lagos de forma ilegal, sem deixar o acesso obrigatório ao público em geral...E fica por isso mesmo!

101.jpg

Vencida a estrada e muitas porteiras trancadas com cadeados, chegamos ao paraíso, em uma tarde perfeita, com sol forte, águas espelhadas e temperatura de 28º, algo impensável na região.

DSC07541.jpg

O Paulo estava um pouco cansado da viagem e preferiu não pescar nesse final de tarde. Mas era a “hora mágica” de uma tarde muito especial e eu, como bom fominha, fui logo para a água. Como resultado, 12 ataques de trutas grandes, com quatro capturas (nas demais, eu panelei na ferrada, tamanha era a ansiedade).

029.jpg

DSCN5462.jpg

Às 21:00, quando já era quase noite fechada, a arco-íris entrou na aranha de EVA com vontade e também veio para a foto:

DSCN5468.jpg

Sem mais enxergar a mosca, voltei para a cabana, onde o jantar nos esperava:

DSC00664.jpg

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Administrador

Com o mestre PC é pescaria de grande satisfação! :mestre:

Li seu relato e gostei da forma que expressa seu ponto de vista. Gostei da forma que se referiu ao Niño, pois é respeitando profissionais assim que outros amigos poderão ter essa mesma oportinudade. E fico triste em saber que a pesca no Chile está ruim, ainda mais sabendo que é em função da pesca amadora que devia agir de outra forma. Talvez leis como as aplicadas na Argentina possam mudar isso com o tempo, talvez...

Um grande abraço! :bye:

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Participe da conversa

Você pode postar agora e se registrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça seu login agora mesmo para postar com sua conta

Visitante
Responder a este tópico...

×   Você colou conteúdo com formatação.   Remover formatação

  Apenas 75 emoji são permitidos.

×   Your link has been automatically embedded.   Display as a link instead

×   Your previous content has been restored.   Clear editor

×   You cannot paste images directly. Upload or insert images from URL.

×
×
  • Criar Novo...

Informação importante

Ao usar este site, você concorda com nossos {termos}.