Dois momentos de seca

[Carlos Mitidieri]

Salve,

 

esta primavera tem sido boa por aqui para quem gosta de pescar com seca. Tem havido boas eclosões de Olivas (Baetis sp.) no Blau e de vários gêneros de Heptagênias,  como Súlfuras (Heptagenia sulphurea) e algo que me parece ser uma espécie de March Brown (Rhithrogena sp.), no Jller.

 

Embora na primavera seja comum a pesca com seca no Blau, nem todo ano é assim no Jller. Se a vazão do Iller estiver alta, há pouca atividade na superfície. Mas do ponto de vista da pesca, e ainda com secas, está sendo um bom ano.

 

As características de cada pesca, embora ambas com seca, é bem diferente e cada uma apresenta as suas dificuldades. 

 

No Jller, a correnteza é rápida e as área  de pesca aberta e extensa. O Grayling está normalmente em maior número, e se vê peixe subindo para todo  lado que se olha. Parece fácil pescar nestas condiçoes mas, de certa forma surpreendentemente, não é.  Na torrente rápida, o Grayling se desloca muito pouco lateralmente quando sobe. Ele sobe e desce em uma pista muito estreita. A mosca tem que ser apresentada em deriva morta nesta pista, no compasso  de subida do peixe. 

 

Foto 1: dia de gala na barra do JIler, um trecho muito rápido. Pesca do barranco com seca.



 

Foto 2: KEEPEMWET.



 

 

O Blau é bem diferente. Tem muito mais estrutura. Mas para contrastar com o Jller, quero escrever agora sobre um trecho extremamente lento, com fundo lodoso e cercado de mata, que se vê na foto abaixo. Em um ambiente tão calmo e com esta mata, as dificuldades são respectivamente a aproximação  e o arremesso. A foto foi feita do local de onde eu estava arremessando. Em água tão calma, e se tratando de marrom,  pode excluir qualquer tipo de arremesso q ancorado. Prá "arco-e-flecha", estava muito longe.  Restava um arremesso lateral. A 2 metros atrás de mim, havia um vão de 1 metro entre uma galhada e a água. A minha  solução foi meter o back cast neste vão. Acocorado por mais de meia hora .

 

Foto 3: Welcome to the jungle! A marrom estava saindo lá debaixo das galhadas na outra margem prá pegar Olivas descendo pelo meio do rio. Saía, pegava a mosca, e voltava, sem nenhuma pressa.



 

Foto 4: Marrom número 1.

 

Foto 5:   Marrom número 2, do mesmo lugar. Hummm, não parece uma híbrida de marmorata?



 

Prá fechar, quero dizer que achar a mosca certa foi bem difícil nas duas situações. Mas uma vez achada, tudo pareceu tão fácil.

 

[]'s 

 

[Carlos Mitidieri]

 

Fora isso, tenho conversado muito com os peixes mas até agora, felizmente, nenhum respondeu.  

[Odimir]

Momentos espetaculares e certamente inesquecíveis, parabéns !
Recompensa proporcional ao grande esforço.
São momentos como esse que fazem a pesca valer a pena.

Abração

[Carlos Mitidieri]

Certamente, Odimir.

 

Principamente nestes tempos difíceis que estamos atravessando, é muito bom fazer algo que requer concentração e nos faz esquecer dos problemas. 

 

[]'s

[Odimir]

Sem contar que esta é uma forma de isolamento social das mais saudáveis.

[Fausto]

Reservei o tempo certo para ler mais um de seus bons relatos. Imagino que o verão batendo a porta no hemisfério norte as pescarias começariam e no inverno passado foi tempo de atado. Agora aqui estamos no outono e como tal, também momento de atado, mas com essa pandemia e sem perspectiva de tudo voltar ao normal, fica difícil planejar pescarias por aqui. Tenho fé que logo isso vai passar e as fronteiras vão se abrir. 

 

 

Em 04/05/2020 at 15:42, Carlos Mitidieri disse:

Welcome to the jungle!

Vejo que pescar na "selva" não é nada fácil, mas o prêmio é bom para quem fizer o dever de casa direitinho. 

 

Em 04/05/2020 at 15:42, Carlos Mitidieri disse:

não parece uma híbrida de marmorata?

Parece sim ter uns reflexos bem diferentes ao redor do opérculo.

 

Em 04/05/2020 at 15:42, Carlos Mitidieri disse:

KEEPEMWET.

Conceito certíssimo para manter o peixe bem e evitar sufocar o bichinho. Lembro-me muito bem como era "importante" pra mim uma fotografia do peixe capturado e hoje estou fazendo como você, mantendo o peixe dentro d'água. Por falar nisso, ao baixar as fotografias da Patagônia esse ano, fiquei impressionado com a falta de peixes fotografados, mas em troca muita paisagem. Se continuar assim, creio que vou investir numa câmera Digital Reflex e uma boa lente.  

 

 

[Tcheigor]

Linda essa foto do Blau! Imagino a dificuldade de apresentar uma mosca ali!

[Carlos Mitidieri]

Salve Igor, 

 

Um bom dia pesca prá mim não é necessariamente um dia em que pega peixe, mas sempre um dia em que resolve um problema de pesca.

 

[]'s