Streamers grandes

[Matheus]

 

Olá pessoal,

 

No passado, numa época que eu estava empolgado com algumas pescarias na Amazônia,  dediquei um tempo razoável ao atado de moscas grandes.

 Pesquisei várias receitas e experimentei os mais variados materiais e técnicas tentando vencer o desafio de atar uma mosca que, apesar do tamanho, afundasse rápido, tivesse pouco peso e  não fosse tão difícil de arremessar.

 Acredito ter evoluído, mas como na prática não vi muita relação entre o comprimento das moscas e o tamanho dos peixes capturados, acabei deixando o assunto de lado.

 Além disso, como não haviam exemplares com tamanho significativo na minha região, voltei a pescar com moscas cada vez menores.

 Retomei o assunto depois de uma pescaria em Salta onde o guia comentou que as minhas moscas eram muito pequenas para a pesca dos Dourados.

 Gosto de atar meus streamers com bucktail e penas, mas a limitação do tamanho das fibras, principalmente no caso do bucktail, tem sido um problema.

 Neste aspecto, as fibras sintéticas levam vantagem por causa do seu comprimento. Porém, ainda não encontrei material sintético que superasse as qualidades do bucktail.

 Comecei a me perguntar e não haveria algum material de origem vegetal que pudesse ser usado, quem sabe alguma fibra que contribuísse na solução da equação das moscas grandes.

 Na internet é fácil encontrar informações sobre uma variedade enorme de fibras vegetais, muitas delas produzidas no Brasil (sisal, juta, coco, etc). Tentei fazer contato com algumas indústrias do norte do país, mas não obtive resposta. A maior parte das empresas só vende o material em grande quantidade.

 Certo dia, procurando uma ferramenta numa loja de agropecuária encontrei um feixe de fibra de sisal para vender. Apesar das fibras serem bem grossas acreditei que o material tivesse  potencial por ser um recurso renovável, biodegradável e  barato.

 Cheguei a trocar várias idéias com dois amigos mosqueiros sobre como as fibras poderiam ser tratadas para que pudessem ser usadas para o atado, mas acabamos abandonando o projeto por falta de tempo e conhecimento técnico sobre o assunto.

 Mesmo assim, tentei preparar alguma fibras manualmente usando uma escova de metal comprada em petshop. As fibras vão ficando cada vez mais finas e cônicas conforme vão sendo escovadas. Usar um pouco de água também ajuda a retirar as impurezas dos fios com a escova. Deu bastante trabalho, mas o resultado foi satisfatório.

 Para colorir o material, usei corantes para tecido comprados em mercado. Gostei bastante do resultado. As fibras ficam com um tom perolizado muito bonito. Mas se fosse para produzir comercialmente esse material o uso de corantes naturais e biodegradáveis seria uma opção interessante, valorizando o lado ecológico das fibras.

 Na minha opinião, o bucktail ainda continua sendo o melhor material para atar o corpo de streamers, mas o sisal tem algumas características interessantes. As fibras são baratas, longas, relativamente rígidas e com pouca flutuabilidade. Elas podem ser usadas em conjunto com outros materiais, também servem para imitar antenas ou pernas de insetos. O resíduo que sobra depois das fibras serem penteadas forma uma espécie de dubbing mais grosso, que pode ser facilmente torcido.

 Enfim, fica o registro da experiência. Espero que algo possa ser útil para os amigos mosqueiros. Tomara que no futuro seja possível atar uma mosca apenas com materiais produzidos no Brasil.

 Um abração,

 Matheus

 

 

 

MIX_60º.avi

Editado Fevereiro 28, 2016 por Matheus

[Tcheigor]

Muito boa a idéia e muito bem preparadas as fibras também!

Pra mim pareceu bem bom o resultado, parabéns pelos atados!

[Cazes]

Bem legal, ficaram boas as iscas com esse material.

[Guilherme Benevenutti]

Dale! Parabens ein, acho que essa ideia tem muito futuro.

[Odimir]

Ola Matheus,

Na década de 80 desenvolvi a pedido da Companhia Brasileira de Sisal da Bahia, uma máquina para desfibrar folhas de sisal diretamente no campo onde são produzidas, de maneira automática, onde são lançadas em uma esteira e levadas por esta a um cabeçote desfibrador.
Este foi um trabalho que me deu muito prazer pelo conteúdo social envolvido, visto que as máquinas rudimentares existentes na época eram causadoras de acidentes.
Acompanhei o desempenho destas máquinas no campo e para se ter idéia do problema, grande parte da população de Santa Luz no interior da Bahia tinha os dedos decepados por acidentes de trabalho com estas máquinas.
Uma gente muito pobre e que dependia deste trabalho para sua subsistência.

Mas, voltando às fibras, estas são muito resistentes e usadas principalmente para a fabricação de cordas e tapetes.
O material que aglomera as fibras é chamado de mucilagem, e dele pode ser extraido cortisona.
A partir de uma folha, as fibras podem ser obtidas de maneira artesanal por martelamento com um macête e raspagem.
Dependuradas ao sol e ao vento, as fibras secam rapidamente, e a mucilagem ainda aderida pode ser removida por penteamento como você fez.
Tenho cordoalha de sisal em casa, mas confesso que nunca me ocorreu usa-la no atado.
As fibras são muito longas, e basta destorcer as fibras da cordoalha, umedece-las e deixa-las secar ao sol para se ter fibras bastante dóceis para se trabalhar.
Muito boa tua experiência, e com material em mãos vou experimentar.
Obrigado por compartilhar.

Grande abraço

Odimir

[Luiz Almeida]

Acompanho essas suas montagens faz tempo. Um primor!

[Fausto]

Que criatividade você tem Matheus e o resultado impressiona qualquer atador.  

P/S: Seu streamer está muito bem guardado em minha caixa de atado.  

 

[Matheus]

19 horas atrás, Tcheigor disse:

Muito boa a idéia e muito bem preparadas as fibras também!

Pra mim pareceu bem bom o resultado, parabéns pelos atados!

Valeu Tcheigor!

Não supera o bucktail, mas o resultado é interessante.

Um abração,

Matheus

[Matheus]

Obrigado Cazes e Guilherme!

 

[Matheus]

10 horas atrás, Luiz Almeida disse:

Acompanho essas suas montagens faz tempo. Um primor!

Obrigado Luiz Almeida!

As informações que vc compartilha são sempre muito valiosas.

Um abração,

Matheus

[Matheus]

48 minutos atrás, Fausto disse:

Que criatividade você tem Matheus e o resultado impressiona qualquer atador.  

P/S: Seu streamer está muito bem guardado em minha caixa de atado.  

 

Valeu Fausto!

O fórum tem sido um ferramenta de aprendizado importante.

Um abração,

Matheus

[Matheus]

14 horas atrás, Odimir disse:

Ola Matheus,

Na década de 80 desenvolvi a pedido da Companhia Brasileira de Sisal da Bahia, uma máquina para desfibrar folhas de sisal diretamente no campo onde são produzidas, de maneira automática, onde são lançadas em uma esteira e levadas por esta a um cabeçote desfibrador.
Este foi um trabalho que me deu muito prazer pelo conteúdo social envolvido, visto que as máquinas rudimentares existentes na época eram causadoras de acidentes.
Acompanhei o desempenho destas máquinas no campo e para se ter idéia do problema, grande parte da população de Santa Luz no interior da Bahia tinha os dedos decepados por acidentes de trabalho com estas máquinas.
Uma gente muito pobre e que dependia deste trabalho para sua subsistência.

Mas, voltando às fibras, estas são muito resistentes e usadas principalmente para a fabricação de cordas e tapetes.
O material que aglomera as fibras é chamado de mucilagem, e dele pode ser extraido cortisona.
A partir de uma folha, as fibras podem ser obtidas de maneira artesanal por martelamento com um macête e raspagem.
Dependuradas ao sol e ao vento, as fibras secam rapidamente, e a mucilagem ainda aderida pode ser removida por penteamento como você fez.
Tenho cordoalha de sisal em casa, mas confesso que nunca me ocorreu usa-la no atado.
As fibras são muito longas, e basta destorcer as fibras da cordoalha, umedece-las e deixa-las secar ao sol para se ter fibras bastante dóceis para se trabalhar.
Muito boa tua experiência, e com material em mãos vou experimentar.
Obrigado por compartilhar.

Grande abraço

Odimir

Obrigado Mestre Odimir!

Que experiência de vida. Parabéns!

Sem dúvida, além de ser um recurso renovável e biodegradável, o sisal tem um aspecto social importante. Lembro de algumas reportagens sobre o assunto no Globo Rural. Parece que a planta já foi introduzida em outros países visando criar empregos e renda através de cooperativas de trabalho.

Sonhando alto, alguma cooperativa dessas na Bahia poderia produzir a fibra. Processo socialmente adequado, corantes naturais, embalagem biodegradável, quem sabe um anzol que  se dissolvesse mais facilmente na natureza. Algumas receitas de moscas ecológicas para peixes brasileiros. Só faltam as mosca...rs

Um abração,

Matheus

 

[Tcheigor]

Como assim só faltam as moscas? A mosca taí. Tu já deu o pontapé inicial mostrando a funcionalidade do material. Agora é conquistar o mundo!

[Matheus]

Em 09/02/2016 at 16:03, Tcheigor disse:

Como assim só faltam as moscas? A mosca taí. Tu já deu o pontapé inicial mostrando a funcionalidade do material. Agora é conquistar o mundo!

Valeu Tcheigor! Acho que uma mosca nós já temos...rs

Atei mais algumas para próxima pescaria.

[Mário Cardin]

Matheus,

Quando você me mostrou as suas moscas feitas com esse material, me impressionou a sua dedicação em ter se empenhado tanto pra conseguir esse material! Parabéns!!

Quem sabe esse post não seja a nascente de um futuro mais respeitoso para com a nossa natureza animal?

 

[Matheus]

4 horas atrás, Mário Cardin disse:

Matheus,

Quando você me mostrou as suas moscas feitas com esse material, me impressionou a sua dedicação em ter se empenhado tanto pra conseguir esse material! Parabéns!!

Quem sabe esse post não seja a nascente de um futuro mais respeitoso para com a nossa natureza animal?

 

Grande Mário!

Essas últimas eu atei com as fibras invertidas. Gostei bastante do resultado. A fibras ficam bem esparsas e com bastante volume. A mosca afunda rápido.

Vamos testar!

Um abração,

Matheus

[Evandro LC]

Parabéns Matheus, baita descoberta. Valeu por compartilhar!

 

Abraços

[Matheus]

Em 19/02/2016 at 17:07, Evandro LC disse:

Parabéns Matheus, baita descoberta. Valeu por compartilhar!

 

Abraços

Valeu Evandro!

Um abração,

Matheus

 

Editado Fevereiro 26, 2016 por Matheus

[André Vergara]

Muito show seus streamers, ainda mais com um material biodegradável!

Na minha humilde opinião não deixa nada a dever pro bucktail (no caso dos streamers).

Seria interessante se esse material arrepiasse igual o buck ou deer hair, ai fazer "ratinhos de sisal"...hehehehe

Vou tentar atar uns streamers desses, ficou muito bacana mesmo!

Parabéns parceiro!

[Matheus]

1 hora atrás, André Vergara disse:

Muito show seus streamers, ainda mais com um material biodegradável!

Na minha humilde opinião não deixa nada a dever pro bucktail (no caso dos streamers).

Seria interessante se esse material arrepiasse igual o buck ou deer hair, ai fazer "ratinhos de sisal"...hehehehe

Vou tentar atar uns streamers desses, ficou muito bacana mesmo!

Parabéns parceiro!

Obrigado André!

Na verdade ele é um pouco diferente do bucktail. Vc pode definir o comprimento das fibras, que são mais rígidas e resistentes. Mas elas tem que ser atadas de forma "invertida" para formar o shape da mosca.

Até dá pra fazer moscas no estilo do deer hair, mas aquela técnica do spinning não funciona. As fibras tem que ser amarradas no mesmo estilo daquele vídeo postado sobre "cabeças densas de EP". Não é fácil, mas fica praticamente indestrutível.

O sisal também não tem tanta flutuabilidade. O que pra mim é uma vantagem, já que eu gosto de usar moscas que afundem rápido na correnteza.

A possibilidade de tingir as fibras conforme as necessidades pessoais também é muito interessante.

Tem sisal numa loja na Vila Portes, perto da Casa Vitória. Acho que o nome é Sacaria Dias ou algo assim.

A parte chata é ficar passando a escova pra que elas fiquem finas. Cheguei a usar uma escova comum de nylon com um pouco de água e condicionador de cabelo. Funcionou, mas dá trabalho...rs

Um abração,

Matheus

 

[André Vergara]

1 hora atrás, Matheus disse:

Obrigado André!

Na verdade ele é um pouco diferente do bucktail. Vc pode definir o comprimento das fibras, que são mais rígidas e resistentes. Mas elas tem que ser atadas de forma "invertida" para formar o shape da mosca.

Até dá pra fazer moscas no estilo do deer hair, mas aquela técnica do spinning não funciona. As fibras tem que ser amarradas no mesmo estilo daquele vídeo postado sobre "cabeças densas de EP". Não é fácil, mas fica praticamente indestrutível.

O sisal também não tem tanta flutuabilidade. O que pra mim é uma vantagem, já que eu gosto de usar moscas que afundem rápido na correnteza.

A possibilidade de tingir as fibras conforme as necessidades pessoais também é muito interessante.

Tem sisal numa loja na Vila Portes, perto da Casa Vitória. Acho que o nome é Sacaria Dias ou algo assim.

A parte chata é ficar passando a escova pra que elas fiquem finas. Cheguei a usar uma escova comum de nylon com um pouco de água e condicionador de cabelo. Funcionou, mas dá trabalho...rs

Um abração,

Matheus

 

Grande Matheus!

Então, eu descobri um pesque-pague que possui dourados e aceita pesque-solte, tendo espaço para casts de fly.

Estou pensando em atar umas dessas em anzol um pouco menor e ver o que eles acham...hehehehe

Vou usar minha Okuma SLV #6 que acredito dar conta do recado de um anzol tamanho #6 ou #4, que também deve ser o suficiente para os douradinhos (na faixa de 2-3 kg).

Se quiser conhecer o lugar, me avise! Qualquer coisa, combinamos pelo whats!

A loja eu conheço sim, se chama Sacaria Iguaçu. Vou comprar um pedaço de sisal lá amanhã de manhã e tentar umas "experiências" em casa...hehehe

Grande abraço parceiro!!

[André Vergara]

Falando nisso, temos que combinar uma tarde de atados, eim!

Seria uma grande honra pra mim poder ter uma aula de atado com você!

O que acha?

[Matheus]

25 minutos atrás, André Vergara disse:

Falando nisso, temos que combinar uma tarde de atados, eim!

Seria uma grande honra pra mim poder ter uma aula de atado com você!

O que acha?

Ixi André, vai demorar pra eu me tornar professor de alguma coisa....kkkkk

Mas podemos combinar um dia desses e trocar algumas experiências.

Também tem o Tilapinha que pesca com mosca aqui na região. Cara muito gente boa.

Um abração,

Matheus

 

[Matheus]

32 minutos atrás, André Vergara disse:

Grande Matheus!

Então, eu descobri um pesque-pague que possui dourados e aceita pesque-solte, tendo espaço para casts de fly.

Estou pensando em atar umas dessas em anzol um pouco menor e ver o que eles acham...hehehehe

Vou usar minha Okuma SLV #6 que acredito dar conta do recado de um anzol tamanho #6 ou #4, que também deve ser o suficiente para os douradinhos (na faixa de 2-3 kg).

Se quiser conhecer o lugar, me avise! Qualquer coisa, combinamos pelo whats!

A loja eu conheço sim, se chama Sacaria Iguaçu. Vou comprar um pedaço de sisal lá amanhã de manhã e tentar umas "experiências" em casa...hehehe

Grande abraço parceiro!!

Isso mesmo. Sacaria Iguaçu, lá também tem alguns corantes.

Pode usar um anzol 1/0 sem medo para os douradinhos...rs

Um abração,

Matheus

[André Vergara]

8 minutos atrás, Matheus disse:

Ixi André, vai demorar pra eu me tornar professor de alguma coisa....kkkkk

Mas podemos combinar um dia desses e trocar algumas experiências.

Também tem o Tilapinha que pesca com mosca aqui na região. Cara muito gente boa.

Um abração,

Matheus

 

5 minutos atrás, Matheus disse:

Isso mesmo. Sacaria Iguaçu, lá também tem alguns corantes.

Pode usar um anzol 1/0 sem medo para os douradinhos...rs

Um abração,

Matheus

Ixe cara, acho que você está atrasado! Na minha opinião, você é professor sim!

Mas se prefere "trocar experiências", pode ser também! hehehe

Sim, conheço o Tilapinha, muito gente boa ele!

Com relação aos atados, o meu medo não é em relação ao tamanho do anzol X peixes e sim tamanho do anzol X equipamento...Não sei se meu conjunto #6 dá conta de jogar algo maior. Mas quem sabe vai, né! hehehe

Grande abraço cara, e vamos combinar algo baca sim!

 

[Marcelo Longo]

Matheus,

Parabéns pela criatividade! Muito bom!

Esse post valeu a pena a leitura.

Abraços,

Marcelo Longo

[Matheus]

5 horas atrás, Marcelo Longo disse:

Matheus,

Parabéns pela criatividade! Muito bom!

Esse post valeu a pena a leitura.

Abraços,

Marcelo Longo

Obrigado Marcelo Longo!

Gosto muito das suas matérias.

Um abração,

Matheus

[Matheus]

Fiz um vídeo para mostrar a forma que estou usando as fibras. Não é nada profissional, mas dá pra ter uma ideia.

Um abração,

Matheus

 

[Milton Bueno]

Bom dia Matheus...

 

Suas moscas dispensam comentários. Perfeição na aplicação dos materiais, sempre espetaculares...

 

Parabéns

 

Milton Bueno

Maringá/PR

[André Vergara]

"Don't worry about the things, cause every little thing is gonna be allright!"

Muito show o atado mestre!!

Bem ilustrativo, mesmo não sendo um video "profissional", ficou bem didático!

Agora é só preparar o material e atar!

hehehe

Abração e obrigado pela ajudado vídeo!!