Ir para conteúdo

Tutorial Beadheads - Parte 1 - História e teorias sobre a eficiência


Jost

Postagens Recomendadas

  • Moderador

post-1089-0-93628300-1418416491_thumb.jp

HISTÓRIA

Roman Moser, um influente atador austríaco do presente, relata que a história da utilização de contas no atado de moscas remonta a 1900 na região norte da Itália, mais precisamente Piemont, Bergamo, Brescia e Friulia. Segundo ele, os pescadores dessas regiões pescavam com uma ninfa atada em um anzol sem olho, na qual o corpo era feito com seda de diversas cores e ribbing de ouro, prata ou arame preto e que possuíam uma "cabeça" feita de conta de vidro e presa no lugar com laca (resina). Inicialmente essas ninfas eram utilizadas em sistemas rudimentares de pesca com spinner, mas depois passaram a ser utilizadas com um tipo especial de sistema flutuante de pesca upstream, denominado "Tiroler-Hölzel", que consistia em um aparato de madeira com várias dessas ninfas presas, o qual era arremessado o mais longe possível e vinha rolando lentamente downstream sobre o leito do rio. No momento que o Tiroler-Hölzel parava de se mexer o pescador puxava a linha com força e fisgava a truta. Tudo indica que esses sistema de pesca se revelou eficiente demais, tanto que se tornou proibido na maioria daqueles rios.

post-1089-0-32899000-1418415283_thumb.jp

Roman Moser

Voltando à história das beadheads, as primeiras contas eram principalmente miçangas de vidro prateadas e douradas da indústria de vidro de Murano, na Itália. Mais tarde foram substituídas por contas de plástico de diferentes cores, provenientes da indústria de brinquedos. Essas ninfas era utilizadas exclusivamente por pescadores de bait e spinner nos rios glaciares do Tirol, Suíça e norte da Itália, nunca tendo sido documentada, no período de 1900-1970, sua utilização no fly.

Em 1978 algumas dessas ninfas com contas plásticas foram presentadas a Roman Moser, sendo que os pescadores tirolezes que as presentearam o advertiram que essas ninfas eram leves demais para o tipo de pescaria que faziam. Moser atou, então, uma versão mais pesada, consistindo em uma camada inicial de chumbo, seguido da receita original com seda, ribbing e uma conta plástica. A seguir as utilizou, com estrondoso sucesso, para sua própria surpresa, na captura de graylings e trutas no rio Traun, na Áustria, observando que os graylings nadavam atrás das ninfas por vários metros a fim de capturá-las. Rapidamente desenvolveu uma técnica, que batizou de RM bottom downstream, na qual utilizava líderes longos (15 pés) em um lento swing downstream, documentada no vídeo "New ways with the caddises and new ways with mayflies".

Aqui umas imagens subaquáticas do Traun: ( :facepalm: )

O próximo passo lógico foi a utilização de contas de latão para adicionar ao mesmo tempo o brilho e o peso. As primeiras contas utilizadas por Moser foram as vendidas pela Cabela para confecção de spinners, mas possuíam o inconveniente de não terem um dos orifícios escareados para facilitar a passagem da conta pela curva do anzol, o qual tinha que ter a farpa amassada e a curva levemente aberta antes da conta ser inserida. Logo em seguida Moser publicou seu artigo na "Fliegenfischer" alemã (edição de janeiro/março de 1985, pg. 58), expondo sua técnica de como atar ninfas com beadheads e mostrando sua criação, a Gold Head (Goldkopff). A partir dessa edição o uso das contas metálicas começou a crescer na Europa.

Duas variantes da Goldkopff de Moser - a da esquerda com um "ribbing" de seda rosa e a da direita com um ribbing tradicional de cobre:

post-1089-0-49386100-1418414744_thumb.jp

Algumas das primeiras beadheads metálicas comercializadas na Europa, por uma fly shop alemã, especificamente para o atado de ninfas, com um dos orifícios escariado de modo a permitir que a conta contorne a curva do anzol:

post-1089-0-29070600-1418414812.jpg

Uma das primeiras ninfas comercializadas na Alemanha com beadheads:

post-1089-0-21590200-1418414828.jpg

Então, em 1989, o mundo foi tomado de assalto pelo Polish Nymphing, durante no Campeonato Internacional de Pesca com Mosca, realizado na Finlândia. Nesse campeonato o mosqueiro polonês Vladi Trzebunia ganhou a medalha de ouro utilizando uma inovadora técnica de linha curta, vara longa e ninfas extremamente pesadas, muito semelhante ao que atualmente é conhecido como Czech Nymphing. O sucesso dessa técnica com essas ninfas foi tão desmesuradamente grande que Vladi sozinho capturou mais trutas que a soma de todos os pescadores dos times do segundo ao quarto lugar! Isso demonstrou a importância das beadheads no desenvolvimento de novos padrões de ninfas.

Chocados com esse resultado no campeonato internacional, os ingleses convidaram Moser, no início da década de 1990, para fazer uma palestra sobre esse sistema de pesca e um workshop de atado na Inglaterra para demonstrar o uso das beadheads. A partir desse workshop figuras importantes do atado inglês, entre eles Oliver Edwards, o qual estava presente no time inglês que presenciou a vitória esmagadora do time polonês em 1989, começaram a utilizar as ninfas com beadheads, as quais se disseminaram rapidamente pelo Reino Unido.

post-1089-0-64730600-1418415555_thumb.jp

Oliver Edwards - Importante atador inglês autor de um excelente livro e de uma EXCELENTE série de DVD's de atado e técnicas de pesca (http://www.essential-skills.tv/)

Aqui https://www.youtube.com/watch?v=JTz8Ou8B0k8 você encontra um vídeo falando sobre o trabalho nesses DVD's (junto com outras coisas).

Logo em seguida, por meio de intercâmbio entre pescadores ingleses e americanos, as ninfas com beadheads foram levadas para o outro lado do Atlântico. Pouco tempo depois a empresa Orvis comprou os direitos autorais e relançou o vídeo de Moser nos Estados Unidos, agora sob o título "New ways of fishing the caddis" e isso levou Tom Rosenbauer, coordenador da Orvis para o desenvolvimento e lançamento comercial de novos padrões de moscas, a criar uma ninfa simplificada com beadhead, muito semelhante à Golden Head, a qual foi comercializada pela Orvis nos Estados Unidos. O resultado disso foi a inserção das ninfas com beadheads no mercado americano e dali para o mundo.

A partir de meados da década de 1990 em diante, com o sucesso marcante de várias ninfas com beadheads, ou adaptação de padrões tradicionais para a adição das beadheads, o mercado foi paulatinamente inundado por beadheads de latão nu, seguidas pelas foleadas (douradas, prateadas, acobreadas) e depois pelas pintadas (brancas, pretas, laranjas, etc). Posteriormente foram introduzidas as beadheads de tungstênio, cerca de cinco vezes mais densas que as de latão, como uma alternativa mais pesada, mas mais cara, também nas versões metalizadas e pintadas. Paralelamente, houve o desenvolvimento de outras formas de lastreamento, como contas com vinco para serem atadas no corpo do anzol, olhos em forma de alteres, coneheads e outros, nos mais diversos formatos e cores.

Hoje a utilização das beadheads, a despeito de ainda ser considerada polêmica por alguns pescadores e atadores tradicionais, é amplamente disseminada, sendo praticamente uma necessidade em competições internacionais em conjunto com o empregos de técnicas de pesca com linha curta (Czech Nymphing, Polish Nymphing, French Nymphing, etc), as quais requerem ninfas muito lastreadas para seu sucesso em águas rápidas.

post-1089-0-43291200-1418415676_thumb.jp

Uma típica caixa de ninfas modernas, mostrando várias delas com beadheads.

Curiosamente, o caminho feito pelas beadheads (Europa Continental --> Inglaterra --> Estados Unidos) poderia ter tido um atalho, mas que não aconteceu por falta de marketing. Em 1972 Ed Sisty introduziu o conceito de ninfas com beadheads para os americanos por meio de seu livro "Ed Sisty's New Professional Methods in Tying the Nymph". Ele denominou essas ninfas de "The Beaded Nymph" e demonstrou como atá-las, mostrando o resultado final com fotografias. Como vimos, os americanos tiveram que esperar mais vinte anos antes das beadheads serem amplamente inseridas em seu mercado.

post-1089-0-47421800-1418416530_thumb.jp

Isso completa o breve histórico da inserção das beadheads na pesca com mosca.


POR QUE AS BEADHEADS FUNCIONAM?

A questão não é se as beadhaeds funcionam, mas por quê. Mantidos todos os parâmetros iguais, a presença de uma beadhead em uma ninfa parece dar uma pequena vantagem frente a outra que não a possui. Com o passar dos anos, embasadas em observações de campo, surgiram algumas teorias sobre o motivo dessa vantagem.

  • A primeira e mais simples das teorias sugere que uma ninfa com beadhead afunda mais rápido e mais fundo que uma sem beadhead. Mantido todo o resto igual, isso é uma verdade. Uma ninfa com beadhead afunda mais rápido que uma sem e uma ninfa lastreada com beadhead afunda mais rapidamente que uma somente lastreada. Tendo-se em mente que as trutas geralmente encontram-se próximas ao leito do rio, ou seja, no fundo, e que a ninfa possui uns poucos metros para afundar antes que o drag no líder induza a essa um movimento pouco natural, parece fazer sentido a ideia de que colocar uma beadhead em uma ninfa aumenta suas chances de entrar no espaço aéreo de ataque das trutas.

post-1089-0-75408200-1418416323_thumb.jp

O gráfico mostra que ninfas lastreadas com tungstênio afundam mais rapidamente que ninfas lastreadas com chumbo, devido ao fato do tungstênio ser mais denso. Os experimentos de Kiyoshi Nakagawa (http://www.manictackleproject.com/flyfishingarticlesinkrateofnymphsinrivers/) mostraram ainda que ninfas pequenas com beadheads densos tendem a afundar mais rápido que ninfas grandes e mais pesadas, devido à diferença de densidade geral da ninfa.

  • A segunda teoria, que pode ser estendida a qualquer outro material que reflita luz, é de que o uso de beadheads geral um pequeno brilho que capta a atenção das trutas. Mais ainda, o formato esférico da beadhead, que a transforma em um espelho convexo e capaz de refletir a luz em quase todas as direções, garante que pelo menos um pouco de brilho será emitido na direção da truta. Essa segunda teoria na verdade reforça o fato de que em duas ninfas, uma lastreada com chumbo sob o atado e outra lastreada com beadhead brilhante, a segunda será mais atacada por trutas. Algumas vezes isso se revela verdadeiro, noutras não.
  • A terceira teoria refere-se ao tipo de movimento que uma beadhead imprime ao nadar de um ninfa em função da distribuição bastante desigual de peso no anzol. Observações subaquáticas de Garry LaFontaine mostraram que uma grande quantidade de insetos aquáticos sobem e descem na coluna de água, subindo com a cabeça para cima e descendo com a cabeça para baixo, seja em busca de oxigênio, seja preparando-se para eclodir, seja em busca de alimento. Uma vez que a adição de uma beadhead concentra o peso na parte da frente do anzol, isso faz com que a ninfa simule corretamente as posições dos insetos ao subir e descer na coluna de água o que, somado ao brilho, induz o truta ao ataque.
  • A quarta teoria, que na verdade sintetiza as outras três em uma base comportamental, sugere que as trutas associam diminutas coisas brilhantes na coluna de água com comida. A entomologia vem em nosso socorro e sugere que essa indução ao ataque a coisas brilhantes advêm do fato de que uma grande quantidade de insetos aquáticos emite brilho de uma forma ou de outra em alguma fase da vida. Exemplos: stoneflies possuem carapaças negras e brilhantes (beadheads pretas e brilhantes); mayflies enchem seus corpos com gases logo antes de nadar rapidamente para a superfície para eclodir, adquirindo uma cor dourada ou prateada (beadheads douradas ou prateadas); dípteros saem do leito do rio e dos lagos e sobem rapidamente à superfície para eclodir por meio de uma grande "boia" que produzem enchendo seus corpos com gases (beadhead prateada ou dourada); alguns casulos de caddis podem conter partículas brilhantes (como mica - beadhead prateada ou dourada);

post-1089-0-87886700-1418417176_thumb.jp

Uma Stonefly com sua carapaça brilhante

post-1089-0-33376500-1418417286_thumb.jp

Pupas de dípteros com seus corpos brilhates, prontos para eclodir

post-1089-0-75312600-1418418260_thumb.jp

Uma caddis com seu casulo brilhante

Uma quinta teoria, pessoal minha e ainda em estudo, é que o uso de beadheads laranja berrante induzem ataques devido ao fato de que as trutas associam essa cor a crustáceos mortos ou em muda de carapaça ou, ainda, a ovas de peixes. Em tese a preença de hotspots (literalmene "pontos quentes") em ninfas, usando pequenas faixas de dubbing de cor laranja ou rosa berrante, ou mesmo linha de atado nessas cores berrantes, também induzem ataques pelos mesmos motivos.

post-1089-0-87652000-1418416611_thumb.jp

Uma ninfa com "hothead" (cabeça quente)

post-1089-0-54076000-1418416720_thumb.jp

Uma ninfa com hotspot


Com isso terminamos essa breve abordagem do histórico e das teorias sobre a eficiência da utilização das beadheads no atado de ninfas.

Clique aqui http://www.mosqueirosdorio.com.br/forum/index.php?showtopic=10865&hl= para ir para a segunda parte do tutorial, mostrando algumas características das beadheads e a relação de tamanho entre elas e os anzóis.

Obrigado por ler até aqui :)

  • Like 4
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Moderador

é fato!

as múmias do Egito que o digam :natal_laugh:

Instrumentos complexos da era paleolítica recente (~200.000 anos atrás) já possuíam artefatos de pedra presos à madeira (lanças, machados, etc.) mantidos no lugar por meio de tendões resinados... mas não vamos digredir...

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Mosqueiro

Esse ponto aqui eu já havia percebido:

"Uma quinta teoria, pessoal minha e ainda em estudo, é que o uso de beadheads laranja berrante induzem ataques devido ao fato de que as trutas associam essa cor a crustáceos mortos ou em muda de carapaça ou, ainda, a ovas de peixes. Em tese a preença de hotspots (literalmene "pontos quentes") em ninfas, usando pequenas faixas de dubbing de cor laranja ou rosa berrante, ou mesmo linha de atado nessas cores berrantes, também induzem ataques pelos mesmos motivos."

Atei no passado algumas Phesant Tail com dubbing laranja e era impressionante a quantidade de ataques!

Editado por De Bortoli
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Moderador
  • A terceira teoria refere-se ao tipo de movimento que uma beadhead imprime ao nadar de um ninfa em função da distribuição bastante desigual de peso no anzol. Observações subaquáticas de Garry LaFontaine mostraram que uma grande quantidade de insetos aquáticos sobem e descem na coluna de água, subindo com a cabeça para cima e descendo com a cabeça para baixo, seja em busca de oxigênio, seja preparando-se para eclodir, seja em busca de alimento. Uma vez que a adição de uma beadhead concentra o peso na parte da frente do anzol, isso faz com que a ninfa simule corretamente as posições dos insetos ao subir e descer na coluna de água o que, somado ao brilho, induz o truta ao ataque.

Vou tentar fazer algumas minúsculas contribuicoes que nao contradizem minimamente o que está escrito.

A primeira é que Garry LaFontaine, pelo que eu entendi da obra dele, observou que as pupas formam bolhas de ar em torno do corpo na hora de emergir, o que as ajudaria a alcancar a superficie do rio. Esta bolha é o que ele tenta sugerir no seu mais famoso padrao "Sparkle Pupa". Segundo outras fontes, beads sugeririam esta bolha em padroes de pupa que as utilizam.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Moderador

Hoje a utilização das beadheads, a despeito de ainda ser considerada polêmica por alguns pescadores e atadores tradicionais, é amplamente disseminada, sendo praticamente uma necessidade em competições internacionais em conjunto com o empregos de técnicas de pesca com linha curta (Czech Nymphing, Polish Nymphing, French Nymphing, etc), as quais requerem ninfas muito lastreadas para seu sucesso em águas rápidas.

Para completitude, talvez fosse válido notar que French Nymph é praticado tradicionalmente com microninfas. Beaded, but small. Nem sempre, no dias de hoje em a técnica vai sendo usada por mais e mais pescadores, mas eu acho que ainda há franceses que gostariam de ver esta nota.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Moderador

Carlos, a gente pode escrever um tópico depois sobre essas técnicas de ninfagem de linha curta, mostrando semelhanças e diferenças... com o Tenkara crescendo aqui no fórum isso pode ser útil pra muita gente, especialmente no que tange a esses líderes com duas ou três ninfas em tandem. ;)

Quanto as ninfas subindo e descendo, correto seu comentário da bolha na pupa, inclusive sendo isso um gatilho de ataque citado em diversos livros.

Mas eu li em algum dos meus livros (não sei mais qual pq de ninfa devo ter uns 20... talvez seja um dos do Hughes) que algumas ninfas de efêmeras ficam meio histéricas com a proximidade da eclosão e fazem várias "escaladas falsas" à superfície e depois retornam ao fundo, até chegarem à derradeira, que coroa a eclosão em si. Inclusive o autor afirma que ficou espantado de ver isso, pois do ponto de vista evolutivo é um tiro no pé você ficar dando bobeira na frente dos predadores...

Pode ser que ele esteja se referindo a isso...

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Moderador

Uma quinta teoria, pessoal minha e ainda em estudo, é que o uso de beadheads laranja berrante induzem ataques devido ao fato de que as trutas associam essa cor a crustáceos mortos ou em muda de carapaça ou, ainda, a ovas de peixes. Em tese a preença de hotspots (literalmene "pontos quentes") em ninfas, usando pequenas faixas de dubbing de cor laranja ou rosa berrante, ou mesmo linha de atado nessas cores berrantes, também induzem ataques pelos mesmos motivos.

Scuds sao hospedeiros intermediarios de um tipo de parasita que os transformam em uma espécie de "walking dead" sem vontade própria. O parasita se manisfesta no corpo forma de uma manha cor de laranja, e forca um comportamento anormal do scud, de forma que ele seja predado pelo proximo hospedeiro na cadeia, um passaro. Mas as trutas reconhecem tambem a presa facil (coma vantagem de que o parasita nao se instala nelas), presumivelmente pela mancha laranja. As Czech Nymphs exploram este parasita intencionalmente.

img_scuds_03.jpg

Uma entre outras fontes:

http://www.flycraftangling.com/index.asp?p=123

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Moderador

Mas eu li em algum dos meus livros (não sei mais qual pq de ninfa devo ter uns 20... talvez seja um dos do Hughes) que algumas ninfas de efêmeras ficam meio histéricas com a proximidade da eclosão e fazem várias "escaladas falsas" à superfície e depois retornam ao fundo, até chegarem à derradeira, que coroa a eclosão em si. Inclusive o autor afirma que ficou espantado de ver isso, pois do ponto de vista evolutivo é um tiro no pé você ficar dando bobeira na frente dos predadores...

Pode ser que ele esteja se referindo a isso...

Como eu disse, nao estou contradizendo nada do que escrevestes.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Moderador

Como eu disse, nao estou contradizendo nada do que escrevestes.

Veudade veudadera :)

Tem tanta coisa pra escrever que fica difícil espremer num tamanho palatável... unf :dry:

Manda bala nas contribuições que só acrescenta pra todo mundo.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Moderador

Sabe que eu tentei usar Scuds na Patagônia (antes de conhecê-la mais de perto), seguindo a teoria dos grandes de que esses crustáceos são uma das principais fontes de proteína dos peixes, em quase todos os rios e lagos do mundo, e não tive sucesso nenhum nos rios que tentei (Malleo, Quillén, Aluminé, Collon Cura e Chimehuin)?

Lembro-me de ter atado scuds em diversos tamanhos e cores, tentando mapear as trutas de forma genérica, e nunca peguei uma com eles. Puxando pela memória, não me lembro de ter visto um scud sequer, vivo ou morto, nas vezes que revirei pedras ou cisquei pela margem... :hum:

Em tempos recentes abandonei esses bichos em favor de ninfas de efêmeras e caddis.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Moderador

Teoricamente, padroes de scuds sao a unica escolha razoavel durante periodos de inatividade de insetos. Eu uso nessa ocasioes, e de vez em quando tem um take. No ano passado, ganhei tanta confianca num padrao atado com CDC que praticamente so usei aquilo no tempo de agua fria. Este ano, eu estou vidrado em microninfas. Mas como disse o Göran Andersson, "quem escolhe a mosca é o pescador, nao o peixe". ;)

  • Like 1
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Administrador

Sabe que eu tentei usar Scuds na Patagônia (antes de conhecê-la mais de perto), seguindo a teoria dos grandes de que esses crustáceos são uma das principais fontes de proteína dos peixes, em quase todos os rios e lagos do mundo, e não tive sucesso nenhum nos rios que tentei (Malleo, Quillén, Aluminé, Collon Cura e Chimehuin)?

Lembro-me de ter atado scuds em diversos tamanhos e cores, tentando mapear as trutas de forma genérica, e nunca peguei uma com eles. Puxando pela memória, não me lembro de ter visto um scud sequer, vivo ou morto, nas vezes que revirei pedras ou cisquei pela margem... :hum:

Em tempos recentes abandonei esses bichos em favor de ninfas de efêmeras e caddis.

E eu peguei trutas (mais de uma) em um rio aqui no Brasil usando scuds, vai entender. :wacko2:

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Administrador

Muito bom Jost! :mestre:

É isso que faz de nosso fórum uma fonte de informação diferenciada e já disse isso antes, firmo o pé quanto a isso, não sou eu quem faz o fórum MDR, são vocês e quem ganha são aqueles que acessam essa informação. :cool:

Valeu meu camarada! :ok:

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Mosqueiro

Existe resina usada por humanos a pelo menos uns 10-15 mil anos, Marcelo.

Se não me engano, tinha resina nos materiais usados por Otzi (o homem do gelo alpino)...

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Patrono

O que me impressionou foi o fato de que bead heads começaram a ser utilizadas bem recentemente... Se me perguntassem antes eu diria que o Itzak Walton já usava... Mesmo descontando o exagero histórico, eu diria que bead heads já eram usadas desde uns 50-50 anos atrás...

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Moderador

:):):)

Excelente matéria !

Meus livros básicos de atado foram escritos por Randall Kaufmann, e em um destes livros "Fly Patterns of Umpqua Feathers Merchants" estão inseridos comentários de Theo "Gold Bead" Bakelaar, também conhecido como "Dutch Goldbead".
Este holandês é tido como um dos responsáveis pela popularização do uso de beads dourados tanto na Europa como EUA, sendo contratado como atador da Umpqua por Dennis Black.
O fato que levou Theo "Gold Bead" a receber este apelido é um tanto insólito como pode ser visto.
Theo que já se utilizava de "glass beads" conheceu a aplicação de "golden bead heads" no final da década de 80, e obteve um enorme sucesso em suas capturas por toda a Europa utilizando este recurso em seus atados.
Theo foi convidado a participar e expor seus atados na Dutch Fly Fair em 1990.
Para chamar atenção ao seu stand, Theo aplicou um spray de tinta automotiva dourada no rosto, o que causou sérios problemas para a remoção sendo inclusive necessária uma intervenção cirúrgica por conta de tinta aplicada no olho.
Durante suas demonstrações de atado tanto na Europa , como nos EUA, Theo era constantemente questionado sobre o porque da efetividade das ninfas atadas com bead heads dourados.
Suas considerações vão descritas a seguir e de certa forma coincidem com as razões descritas acima na matéria.

- Peso : os beads metálicos ajudam as ninfas a alcançarem a profundidade onde se encontram os peixes.
O ruido "plop" característico provocado na água parece atrair a atenção dos peixes.

- Bolha de ar : quando um bead dourado está abaixo da superfície da água ele se parece muito com a bolha de ar que circunda a pele pupal.

- Sistema de jig : quando trabalhado com a ponta da vara, o bead dourado impõe um movimento ou comportamento de coisa viva.

- Cor : o brilho do bead dourado atrai a tenção dos peixes.

Não estou certo de que os bead heads dourados tenham sido os precursores dos bead heads metálicos, ou se eram os prediletos de Theo Bakelaar.

Grande abraço

Odimir

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Moderador

Comentando o comentario do Odimir, acho que toda boa ideia, antes de ser feita famosa por algum proeminente atador, ja circula pela beira dos rios na ponta da linha de anonimos. E normalmente a manha ja esta rolando em varias regioes ao mesmo tempo. Ai vem alguem, publica e leva a fama. E as vezes, varios publicam a mesma coisa, ou pequenas variacoes da coisa, quase simultaneamente.

@Jost: depois da nossa troca de posts ontem, usei hoje uma micro no dropper (dropper pra mim é a ninfa no meio do leader) e o scud (em anzol 12 com insercao de tungstenio) na ponta. Só deu take na micro. Agua com 6 graus, peixe muito pouco ativo.

  • Like 1
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Moderador

Tippet 0.10 boa qualidade, € 3.50. Chegar em casa com os pes gelados, entrar na cozinha, e dar de cara com a Dona "Best-catch-of-your-life" tirando uma fornada de bolachinha de Natal, nao tem preco.

Boa Noite!

  • Like 2
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • 2 semanas depois...
  • 1 ano depois...
  • Mosqueiro

Muito legal Jost, parabéns

Eu tenho uma duvida referente a essa teoria abaixo, e gostaria de saber se procede.

Eu li uma pesquisa que peixes não enxergam cores apenas tonalidades,.

Ai vai a duvida, então seria melhor atar moscas com varias cores, de cores mais claras para as mais chamativas, teria uma atenção maior dos peixes?

Em 12/12/2014 at 10:30, Jost disse:

Uma quinta teoria, pessoal minha e ainda em estudo, é que o uso de beadheads laranja berrante induzem ataques devido ao fato de que as trutas associam essa cor a crustáceos mortos ou em muda de carapaça ou, ainda, a ovas de peixes. Em tese a preença de hotspots (literalmene "pontos quentes") em ninfas, usando pequenas faixas de dubbing de cor laranja ou rosa berrante, ou mesmo linha de atado nessas cores berrantes, também induzem ataques pelos mesmos motivos

 

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Moderador

Estou pesquisando, mas tenho quase certeza que a imensa maioria dos peixes enxerga cores e enxergam bem... caçando referência para não falar bobagem.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Moderador

Peixes veem  (nova ortografia, puahh) cores, a ciência afirma e a prática confirma. Mas não exatamente o mesmo espectro que nós vemos, e conforme resultados publicados, espécies diferentes enxergam diferentes partes do espectro. Um lugar prá começar a puxar esta meada é  aqui, e aqui também. 

O que me intrigou foi descobrir que as truta veem o vermelho como um tom de cinza, embora todo o resto do espectro elas vejam. O laranja por outro lado  está dentro do espectro visto pelos salmonídeos.

Outro fato interessante e que o chartreuse está numa parte do espectro que pode ser visto por todas (exceções?) espécies de peixes, e o que o chartreuse, por não existir na natureza, tem um alto contraste com o ambiente. Quantas moscas pegadeiras levam o chartreuse? Muitas, e isso bate com  a prática.

 

[]'s

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • 9 meses depois...
  • Mosqueiro

Excelente trabalho Jost.

Ainda estou tentando absorver o munda da mosca aos passos de cagado, mas ainda chego lá.

Obrigado

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Administrador
21 horas atrás, Alzuguir disse:

Excelente trabalho Jost.

Ainda estou tentando absorver o munda da mosca aos passos de cagado, mas ainda chego lá.

Obrigado

 

À disposição quando quiser e no que eu puder ajudar. :ok: 

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Participe da conversa

Você pode postar agora e se registrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça seu login agora mesmo para postar com sua conta

Visitante
Responder a este tópico...

×   Você colou conteúdo com formatação.   Remover formatação

  Apenas 75 emoji são permitidos.

×   Your link has been automatically embedded.   Display as a link instead

×   Your previous content has been restored.   Clear editor

×   You cannot paste images directly. Upload or insert images from URL.

×
×
  • Criar Novo...

Informação importante

Ao usar este site, você concorda com nossos {termos}.