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  1. A foto está na Dete Pesca em Macaé. Na parede esquerda de quem entra. Eu e um robalão. Foto padrão de pescador. Completa com pescador, vara, molinete, linha, isca artificial e o peixe. Um robalo-flecha. Um camurim. Um fincudo. Um cambiaçu. Para não deixar dúvidas, latim: Centropomus undecimalis. Vão e vejam, a foto esta lá. Dias atrás, eu estava lá e o Toninho falou para outro cliente, foi ele, apontando para mim, que pegou aquele robalão, aquele ali da foto... Uma vez mais tive de contar como havia sido a captura, como o robalo tomara linha até praticamente esvaziar o carretel, como um guri arremessara uma bóia luminosa e quase enroscara aquilo na minha linha, qual vara, linha e isca usados... Estes detalhes sempre saem no automático, gravados de um causo contado, recontado e contado por muitas e muitas vezes. E de novo. E outra vez. O peixe é verdadeiro, mas a história é com vara, linha e molinete é pura invenção. Sim, é uma mentira e continua a ser mentira mesmo depois de tanto tempo. Porém, depois que a gente passa dos cinquenta, é melhor manter nossas contas em dia, afinal, nunca se sabe... Já é tempo da verdade aparecer. Vou acertar as contas com meu passado e contar a verdadeira história do robalão. Era um pouco antes da meia-noite do dia primeiro ou o início da madrugada do dia dois de fevereiro de 2003. Eu estava sozinho. O nordestão que havia arruinado a pescaria daquela noite havia acalmado e já não ventava mais. Uns cem metros à minha esquerda, na praia Campista, uma meia dúzia de pescadores ainda tentava uma que outra espada com bóia luminosa. É bonito de se ver o arremesso de uma bóia luminosa. Uma luz risca os céus! Parece uma salva de artilharia. Já a galera da isca artificial havia desistido fazia tempo. Nem eu, nem ninguém tivéramos um mísero ataquezinho sequer nas “rapala”. Na praia dos Cavaleiros, duzentos metros à minha direita, apareciam as primeiras ofertas para Iemanjá. Tivesse eu jogado umas flores ou ao menos derramado um pouco de cerveja para o santo... A maré baixa repontava e eu havia avançado uns 50 m pelas pedras no costão que separa a praia dos Cavaleiros da praia Campista. Eu já caminhava sobre uma mistura de areia e pedacinhos de conchas, uma praiazinha que só aparece na lua cheia ou na lua nova e me posicionava para novos arremessos. Então aconteceu. Já não lembro se primeiro vi aquela bola de fogo ou se primeiro escutei o “whoooossshhhh”... Foi tudo muito rápido. Aquela coisa vindo na minha direção quicou duas vezes no mar e, se eu não salto de banda, chomisco, me atora ao meio... A coisa passou e meio que atolou na praiazinha jogando areia e casca de marisco para todo o lado. Ave Maria!!! Que foi isto? Olhei para a turma da espada e eles continuavam na deles. No máximo um comentou com outro, que pombas de arremesso daquele lá... Vai ver quer usar brinquinho luminoso. Olhei para a direita e as ofertas continuavam seguindo para Iemanjá. Ninguém percebera nada. Peguei a lanterna e fui olhar “a coisa” de perto. Meu queixo caiu, minha boca abriu, meus olhos arregalaram, minhas pernas bambearam... Era um robalão. Um metro de robalo (1,12 m medidos depois). Caraca! Como? Será que o bicho se assustou com o bólido e saltou para fora d’água? Não, não pode ser. Ele ainda estaria pulando. Ou robalo morre de susto? Este estava morto. Fresco ainda, olhos brilhantes, guelras vermelhas, mas morto. Começo a examinar o robalo de perto. Cabeça, barbatanas, escamas, ferrão, corpo e cauda. Tudo certinho... Só que... Epa, epa, tem uma marca no rabo! Uma mancha meio azulada, meio arroxeada com uns riscos brancos e um vermelho atravessado... Firmo a vista e vejo que não é mancha, é um tipo de carimbo, um selo. E os riscos brancos, quatro letras: N A S A. Um robalo da NASA! A luz se fez e entendi o que aconteceu. A NASA tinha sido notícia o dia todo! Às 10h16min do dia primeiro de fevereiro de 2003, o ônibus espacial Columbia explodiu ao reentrar na atmosfera terrestre. Deve ter voado ferro para tudo que foi lado... O freezer da nave foi junto. Com o impacto, a porta do freezer se abre e o robalo e mais um monte de hambúrguer e torta de maça vão, o mais literalmente possível, para o espaço. O robalo fazia parte de um experimento idealizado pela NASA (pesquisei no google depois) chamado An investigation of the zero gravity effect on the flavor of a Brazilian fish stew: with and without palm tree oil. Trocando em miúdos, os astronautas deveriam preparar duas moquecas no espaço, com e sem dendê para não comprar briga nem com baianos e nem com capixabas. Bueno, robalo tinha de sobra... Porém, o experimento foi cancelado quando alguém do marketing ponderou que os trajes espaciais americanos poderiam não suportar um astronauta com uma tremenda diarréia e não ficaria bem na CNN... O robalo estava congelado no espaço! Quando foi lançado longe da Columbia, miraculosamente sem um arranhão, o robalo congelado ainda manteve uma perfeita trajetória orbital reentrando na atmosfera da Terra sem se superaquecer. Graças ao seu perfil hidrodinâmico, baixo atrito, o calor da reentrada somente o descongelou... O robalo deve ter orbitado por um pouco mais de quatorze horas até quicar no mar de Macaé e finalizar sua jornada aos meus pés, entre areia e conchas. Quase me partiu ao meio e quase me matou de susto, é verdade, mas parou na praiazinha. Olhei para os lados e tudo estava calmo. Ninguém percebera o acontecido. E agora, tchê? Tchê, e agora? Conto a verdade, digo que o robalo veio do espaço, e vai ser uma confusão da pombas, vira um incidente diplomático, um caso de espionagem, algo assim... Dá para imaginar as manchetes: “NASA rouba receita de moqueca da baiana do acarajé”. E o Lula, recém empossado, iria querer mostrar serviço: “Nunca antes na história deste país, uma receita nordestina...” Melhor eu ficar calado. Ninguém iria acreditar mesmo! Um robalo do espaço? E da NASA? Ah, fala sério! Pensei mais um pouco e liguei prá minha mulher: “me traz a máquina fotográfica que eu pesquei um robalão”... O resto, vocês sabem, esta lá, na parede esquerda da Dete Pesca de Macaé. Eu e o robalão da NASA. Um robalo cosmonauta, o cosmobalo!
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