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Carlos Mitidieri

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Posts postados por Carlos Mitidieri

  1. Salve Fred,

     

    nesta época, a expressão que mais se houve, e que significa algo como "se cuida", é "Bleib gesund!", literalmente: Permaneça saudável!

     

    Permaneçam saudáveis!

     

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  2. Salve,

     

    não há exagero em dizer que a eclosão da Ephemera danica (Mayfly) é a mais esperada do ano. Aqui no meu entorno, licenças para todas as águas em que a danica ocorre estão esgotadas, desde janeiro. Isto é normal, mas com as dificuldades atuais para se viajar, a coisa está exacerbada este ano.

     

    É difícil prever o período exato da eclosão, mas um bom chute é do meio de maio até o meio de junho. No Blau, começou na quarta passada, dia 20 de maio. Começa pipocando uma aqui outra ali, mas mesmo no início, as trutas perdem todas as inibições e se entregam à comilança mais afoita. Olhando o rio, a gente fica se perguntando de onda saiu tanto peixe. E aquelas cenas que já vimos filmes se repetem diante dos nossos olhos, com trutas pulando para pegar no ar o inseto que acabou de levantar vôo da água (acho que está na hora de investir numa GoPro).

     

    Foto 1: Alegria de ver a primeira danica da temporada. Sub-ímago, reconhecível pela transparência leitosa das asas, e a cor amarelada.

    DSC_3308.JPG

     

    A primeira fase da eclosão é mais fácil para o pescador. Conforme o ciclo se adianta, com eclosões mais numerosas e peixes mais saciados (redondos de gordos ) e ressabiados (a pescaria é intensa), as capturas vão ficando mais difíceis. 

     

    Foto 2: Ainda não tão gorda, e afoita.

    DSC_3310.JPG

     

     

    Outro aspecto interessante desta eclosão é o peixe vem para o raso, onde cresce aquele tipo de planta peculiar dos "chalk streams". Com o adiantado da primavera, fica aquele tapete verde claro contrastando com o fundo de areia nestes trechos, gingando ao sabor da torrente. Exatamente neste trechos é as populações de danica se concentram pois, como se sabe, a danica é do tipo de efêmera que vive enterrada na areia na fase de larva ("burrowing"). A torrente não é rápida nem lenta, apenas perfeita para apresentar uma seca ou uma emeger, que tem bastante sucesso nesta fase.

     

    Fotos 3 e 4: Aquele ar de chalk stream! Visão à montante, e em seguida à jusante.

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    Foto 5: Ontem, sábado. Cada vez mais gordos. 

    DSC_3338.JPG

     

    De todas as moscas com que tenho pescado, a que tem funcionado melhor é o minha versão comn CDC da "Hatch Master". Quando atada com CDC, a Hatch Master tem menos resistência do ar e torce consideravelmente menos o tippet durante o arremesso. É uma mosca muito elegante e não é frágil não, cada uma me rende pelo menos 20 peixes. A Klinkhammer vem em segundo lugar.

     

    Foto 6: minha versão da Hatch Master. 

    DSC_3420.JPG

     

    Anteontem, 30 de maio, avistei o primeiro ímago, isto é, a segunda forma alada da danica, madura para o acasalamento e a postura das ovas. É um sinal de que a eclosão está passando pelo ápice. O nome popular inglês do sub-ímago é "Dun", do ímago é  "Spinner".  O acasalamento é uma dança no ar, a chamada "spinner fall", com os ímagos fazendo subidas  verticais de 1 ou 2 metros no ar, para em seguida cair e subir de novo. (Veja uma "spinner fall" dos 5 aos 15 segundos deste vídeo)

     

    Foto 8: Primeiro ímago avistado. Reconhecível pela asa transparente com filigranas pretas, e a cor marfim do abdômen.

     DSC_3380.JPG

     

     

    Foto: eclosão associada: fêmea de Odontocerum albicorne ("Silver Sedge" ). 

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    Foto 10:  Posso voltar pro meu jantar agora? Pode, gordinho.DSC_3401.JPG

     

     

    Ontem estive no Lauter, um "spring creek" no meio de um vale numa área de preservação. A eclosão de danica é diferente da do Blau. No Blau, o período de eclosões é mais longo, mas cada eclosão é menos intensa. No Lauter, o período é mais curto, mas cada eclosão é muito intensa no número de insetos. 

     

    Pela manhã, a eclosão ainda não estava forte. Pipocava uma danica aqui, outra ali. Por íncrivel que pareça, a pescaria é muito mais fácil nestas condições do que quando há um eclosão em massa, como ocorreu à tarde (veja os vídeos abaixo).  Acho que a dificuldade vem de 3 coisas combinadas: primeiro, tem tanto inseto derivando em cima da água, que é a chance da truta escolher a tua mosca fica estatisticamente diluida. Segundo, acho que as trutas ficam mais seletivas durante uma eclosão em massa. E terceiro, acho que as trutas ja estão meio ressabiadas pois há estamos no meio do período das eclosões e muitas já froma pegas pelo menos uma vez.       

     

    As fotos são da manhã, e os vídeos da tarde.

     

    Ponto de partida em Unterwilzingen.

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    Lauter, ao fundo Unterwilzingen, um lugar onde o mundo ainda está em ordem.

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    Adentrando o vale, uma olhada para Ulterwilzingen lá atrás.

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    Vídeos de uma eclosão em massa de danica no Lauter, mais ou menos 6 da tarde. A qualidade ficou prejudicada com o upload para o seutubo. De qualquer forma, acho que dá para ter uma idéia.  Este hatch estava bem peculiar, pois havia todas formas misturadas: emergers, sub-ímagos, ímagos e spents.

     

     

    Marrons do Lauter.

    DSC_3470.JPG

     

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    Bom, acho que foi isso prás eclosões de danica em 2020. Assim como começaram, foram diminuindo devagarinho, até acabar. Agora reina uma calma profunda nos rios. Os peixes ainda podemn ser observados no aberto, mas estão quietinhos no fundo. No fim de tarde, quase à noitinha, sobem calmos para apanhar midges e caddys. Algumas espécies de efêmeras menores fazem pequenas eclosões alo longo do dia, mas não entusiasmam a clientela. . Talvez quando começarem as BWOs, a coisa  fique mais agitada de novo. Não obstante, a pescaria segue boa. 

     

    Foi uma temporada chocante, onde aprendi muito, de novo. Ainda estou processando tudo que vivi no último mês, meio que num estado de admiração. 

     

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  3. Salve,

     

    esta primavera tem sido boa por aqui para quem gosta de pescar com seca. Tem havido boas eclosões de Olivas (Baetis sp.) no Blau e de vários gêneros de Heptagênias,  como Súlfuras (Heptagenia sulphurea) e algo que me parece ser uma espécie de March Brown (Rhithrogena sp.), no Jller.

     

    Embora na primavera seja comum a pesca com seca no Blau, nem todo ano é assim no Jller. Se a vazão do Iller estiver alta, há pouca atividade na superfície. Mas do ponto de vista da pesca, e ainda com secas, está sendo um bom ano.

     

    As características de cada pesca, embora ambas com seca, é bem diferente e cada uma apresenta as suas dificuldades. 

     

    No Jller, a correnteza é rápida e as área  de pesca aberta e extensa. O Grayling está normalmente em maior número, e se vê peixe subindo para todo  lado que se olha. Parece fácil pescar nestas condiçoes mas, de certa forma surpreendentemente, não é.  Na torrente rápida, o Grayling se desloca muito pouco lateralmente quando sobe. Ele sobe e desce em uma pista muito estreita. A mosca tem que ser apresentada em deriva morta nesta pista, no compasso  de subida do peixe. 

     

    Foto 1: dia de gala na barra do JIler, um trecho muito rápido. Pesca do barranco com seca.

    DSC_3267.JPG

     

    Foto 2: KEEPEMWET.

    DSC_3260.JPG

     

     

    O Blau é bem diferente. Tem muito mais estrutura. Mas para contrastar com o Jller, quero escrever agora sobre um trecho extremamente lento, com fundo lodoso e cercado de mata, que se vê na foto abaixo. Em um ambiente tão calmo e com esta mata, as dificuldades são respectivamente a aproximação  e o arremesso. A foto foi feita do local de onde eu estava arremessando. Em água tão calma, e se tratando de marrom,  pode excluir qualquer tipo de arremesso q ancorado. Prá "arco-e-flecha", estava muito longe.  Restava um arremesso lateral. A 2 metros atrás de mim, havia um vão de 1 metro entre uma galhada e a água. A minha  solução foi meter o back cast neste vão. Acocorado por mais de meia hora 😕.

     

    Foto 3: Welcome to the jungle! A marrom estava saindo lá debaixo das galhadas na outra margem prá pegar Olivas descendo pelo meio do rio. Saía, pegava a mosca, e voltava, sem nenhuma pressa.

    DSC_3284.JPG

     

    Foto 4: Marrom número 1.

    DSC_3283.JPG

     

    Foto 5:   Marrom número 2, do mesmo lugar. Hummm, não parece uma híbrida de marmorata?

    DSC_3286.JPG

     

    Prá fechar, quero dizer que achar a mosca certa foi bem difícil nas duas situações. Mas uma vez achada, tudo pareceu tão fácil.

     

    []'s 

     

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  4. Uma pequena contribuição,

     

    A rede pode ser usada também durante um hatch na fase em que as ninfas estão emergindo. Nesta fase,  basta segurar a rede na torrente mais próximo à superfície,  sem necessidade de revolver o fundo. Aliás,  começar com uma amostragem sem revolvimento do fundo é aconselhável,  na minha opinião. 

     

    Eu uso deste tipo aqui de rede, que é mais fácil de "ler" do que a de aquário :

    insektennetz_2.jpg

  5. É uma pergunta relevante. A bibliografia que eu li, escrita por entomólogos de profissão, não diz nada sobre o que acontece após a re-entrada.

     

    Por outro lado, a postura é o último ato na vida do ímago. Porque ele ainda teria forças ou motivação para caminhar tudo de volta. Acho que faz mais sentido que o ímago se largue depois do clímax. Poeticamente falando, pelos menos 🙂 

     

     

         

  6. Segundo a informação colhida na bibliografia: o ímago fêmea põe as ovas sobre o substrato submerso, porém não nada mas caminha a partir da margem para dentro do rio.  🤓 

     

    Apenas pensando nas implicações para a apresentação da M-17 como uma remerger de Baetis.

     

    []'s

     

     

  7. É verdade, esta foto do "remerger" trazida pelo Odimir é reveladora.

     

    Estou estudando um pouco da Entomologia específica da Europa central , e a bibliografia menciona que algumas efêmeras do gênero Baetis pôem as ovas submersas. Só não havia visto uma foto tão ilustrativa como esta.

     

    A M17 é uma representação perfeita deste estágio. Muito construtiva esta thread.

     

    []'s

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