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Entre os Melhores

Conteúdo Popular

Mostrando conteúdo com maior reputação em 27-09-2022 em todas as áreas

  1. Truta esperta e voraz Agua pura , cristalina Correndo entre as pedras de um jeito natural A força dessas aguas é descomunal Agua pura , cristalina Em um rio de belezas infinitas Com margens encantadoras Extensas terras Serpentiadas por aguas promissoras Cada trecho do rio Pinta um quadro Para sempre,sempre ser lembrado É tanta beleza Que os olhos não cansam de ver Essas maravilhas de lugares Em que as trutas gostam de viver Truta esperta e voraz Faz correr a adrenalina Gravando na memoria Lembranças que não serão esquecidas Agua pura, cristalina Descendo o rio nos ensina A apreciar o belo Cada trecho do rio Pinta um quadro Para sempre, sempre ser lembrado Truta esperta e voraz Faz correr a adrenalina Gravando na memoria Lembranças que não serão esquecidas!
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  2. Amigos, Desculpem-me pelo relato tão longo, mas fui escrevendo, escrevendo e quando vi estava imenso. Sei que poucos tem tempo ou gostam de ler relatos tão grandes, mas pode ser legal pra conhecer um pouco a região, já que até hoje pouco se disse aqui sobre esse lugar. Como muitos já sabem, nos últimos dias do ano passado fui ao Chile em férias, juntamente com a Marcela, minha mulher. Já estávamos acompanhados de mais um ser que habita o ventre dela desde o final de novembro, mas até então não sabíamos. Antes de mais nada, um parênteses: É absolutamente incorreto chamar a região do Rio Baker (meu destino) de Coyhaique (como eu mesmo chamava antes). Coyhaique é a região de Aysén (eu fui pro sul) e possui características completamente diferentes: Muitos e muitos lagos; rios em que a melhor época difere da melhor época na região do Baker, etc. E mais. Ficam mais de 300 kms uma da outra. Portanto, o correto é se referir ao local para o qual eu fui como a região do Rio Baker (ou a Cuenca del Baker). E os chilenos não pronunciam “Beiquer”, como eu pensava, mas sim “Báquer”... Bom, feitas estas considerações, voltemos à viagem. Ficamos em Santiago entre a tarde do dia 26 e a manhã do dia 29/12. Nesse tempo, além de ótimos passeios e jantares na cidade (com direito a vinho e cerveja - estava sem beber havia 2 meses, por problemas de saúde), tratei de fazer aquela chata (hehehe) perigrinação por lojas de pesca locais . Comprei umas coisinhas que me faltavam: Dry Shake, luvas, colete, etc, além de materiais de atado, já pensando em meu retorno a São Paulo. Aqui, a primeira constatação: Atualmente não há uma grande concentração de penas e pêlos nas flyshops locais. Disseram-me que está havendo muita restrição para a entrada de materiais desse tipo no Chile. Mas deu pra encontrar algumas coisinhas de que eu precisava No dia 29/12 partimos em direção ao aeroporto da cidade de Balmaceda, distante mais de 1600 km de Santiago. No avião, vários gringos pescadores, facilmente identificáveis por viajarem já vestindo camisas que se usam durante as pescarias (Columbia, Ex Officio, etc), algumas extravagantemente estampadas com trutas, etc. Gosto duvidoso o desses americanos... Depois de uma viagem de 3 horas, fomos recebidos no aeroporto pelo gerente do Patagonia Baker Lodge, Manuel Reyes (que, não sabíamos, estava no mesmo vôo) e pelo guia Marcelo Soto. Apresentações feitas, bagagens arrumadas na pick-up L-200 do Lodge, partimos para mais 270 KM ao sul, nosso destino final. Cinco minutos após sairmos do aerporto, quando fazíamos uma conversão à esquerda para acessar uma vicinal, um caminhoneiro maluco chocou-se com nosso carro. Achei que iria dar merda, pois o motorista e seus dois ajudantes desceram do caminhão com "sangue nos olhos". Mas a culpa era deles: Estavam ultrapassando em local proibido (em cima de uma ponte!) e estávamos dando seta à esquerda. Não aconteceu nada de mais, só quebrou um farol, grade e um pouco da lateral dianteira da L-200. Não sou muito supersticioso (uma das frases que mais gosto é uma contraditória - na verdade, uma piada - que diz "acreditar em superstição dá azar"; hahahaha), mas não posso negar que pensei "xiii, começou mal"... O trajeto até o Lodge é lindo, recheado das mais belas paisagens que já vi. Daqui se vê a bacia do Rio Ibañez e o imenso e lindo Cerro Castillo (dizem que é tão bonito quanto as Torres Del Paine, mas com muito menos estrutura turística – como nunca fui lá, não posso opinar). Seguindo um pouco mais, paramos para almoçar numa lanchonete pitoresca, de uma chilena simpática chamada Sole. Sanduba excelente! Detalhes do ambiente interno: Cheio de mochileiros malucos. Marcela “mamando” uma cervejinha, antes de saber que tava grávida... Marcela e Manuel hablando portunhol Seguindo mais algumas dezenas de kms, o tempo virou radicalmente. Tava um friozinho, mas com sol entre nuvens. De repente, fechou tudo, com um baita vento e muito frio. Já tava pensando se eu tava com azar... hahahaha Este é o Bosque Muerto: A explicação pro fenômeno estava na placa Vejam como as cinzas tiveram o poder de matar as árvores e alterar totalmente o curso do Rio Ibañéz (sua calha principal passa ao fundo da foto acima, mas as águas se espalharam por uma vasta área, tornando tudo um charco morto). Disseram que o Ibañéz era um rio lindo, com muitos peixes. Uma pena, mas é a natureza. Vejam, pela cara da Marcela, o frio que estava: Tudo bem que o frio e o vento são normais nessa região. O grande problema é que alguns dias antes estava 32 graus, o que é raríssimo para a região. No dia anterior estava 28 e de repente despencou pra 5 graus... Essa mudança repentina e tão grande trouxe muitos problemas para os dois primeiros dias da pescaria, conforme vocês poderão ver abaixo. Por ora, vamos continuar o trajeto. Um pouco de turismo não faz mal a ninguém – hehehehe – e ajuda a compreender a região. Não fiz fotos do trecho restante no dia em que fomos, mas sim no retorno. Vou colocar aqui pra facilitar o roteiro e compreensão do local. Notem que o tempo já era completamente outro. Na verdade, o dia em que fomos embora foi o mais quentinho desde que chegamos, o que comprova o meu pé-frio... Este é o Lago General Carrera, o segundo maior lago da América do Sul, depois do Titicaca: A maior parte deste lago está em território chileno, mas também avança dezenas de kms pela Argentina, onde se chama Lago Buenos Aires. A chamada Golden Gate patagônica: Apenas uma parte inicial da Carretera Austral é asfaltada, o restante é com piso de terra e pedriscos, que eles chamam de “rípia”: Depois de umas 5 horas de viagem, chegamos ao P. Baker Lodge. As acomodações e estrutura de lá são excelentes. A comida é ótima e os vinhos e cerveja (tudo incluído na hospedagem) também. Aliás, pra quem for para aquelas bandas, não deixe de experimentar uma cerveja feita em Coyhaique chamada “Dolbeck”. É surpreendentemente excelente, no nível das grandes cervejas européias! Próximo do Lodge não tem quase nada. Há uma micro-cidade chamada Puerto Bertrand há três kms, mas tem umas 200 pessoas fixas que moram por lá. Leve remédios de casa, pois se precisar, só há mais de 40 kms, o que, pela Carretera Austral, dá uma hora ou mais de viagem. A vista que se tinha do Lodge era esta, do Cordón Contreras (uma cadeia montanhosa que separa essa área do Campo de Hielo Norte): Fantástico, não? Mas não era esse o visual do dia de chegada... Quando lá chegamos nem conseguimos ver essas montanhas, tamanha era a nebulosidade, chuva e frio. Paro por aqui, porque tá dando a informação de que excedi o máximo de imagens por post. Então, posto a seguir.
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  3. No terceiro dia, ano novo, vida nova. Acordei tarde (o pessoal idem – foram dormir às 8:00h!), almocei e só fui pescar de novo às 16:00h. Fomos pescar novamente no Baker e no começo não queria sair nada. Quando começou o hatche, finalmente peguei minha primeira truta! Foi um grito e uma alegria só. Estava pescando com um dooper com uma Elk Hair Caddis e uma pupa de caddis. Pegou na pupa, mas, na briga, a Elk acabou por enganchar também na barbatana dorsal. Demorou uns 20 minutos pra conseguir embarcar a truta, que não se entregava por nada. Tinha um pouco mais de 1 kilo, mas na briga parecia ter uns 4! Depois deu uma parada nas ações e o guia sugeriu que eu colocasse uma X Caddis, uma mosca que imita o momento em que a Caddis está saindo de sua casca de pupa e se aprontando pra levantar vôo. Na verdade, lendo aqui na net, vi que ela imita uma caddis “cripple” (manca, aleijada), ou seja, uma caddis que não conseguiu sair totalmente da casca de seu estágio de pupa (ou exúvio) para alçar vôo, tornando-se presa fácil e preferencial para as trutas. Essa preferência faz sentido: Basta ver que, quando atacam uma manada, os predadores preferem os animais mais jovens, velhos ou doente, ou seja, os mais fáceis de serem predados. Eis uma foto de uma mosca desse modelo (extraída do site www.westfly.com) E a mosca foi um sucesso. Em pouco mais de uma hora, foram mais 6 trutas, todas com, no mínimo, umas 900 gramas, chegando a cerca de 1,5 kilos. As trutas lá do Baker não são muito compridas, mas são bem “musculosas” para agüentar a correnteza e tem muita força para uma truta do tamanho delas. Algumas fotos: Alma lavada e leve! No quarto dia, fomos pescar no famoso Rio Cochrane. Fica ao largo da cidade de mesmo nome, 40 kms (1 hora de viagem) do Lodge. É um rio lindo e muito “técnico”. Como diriam uns caras do Ryos y Senderos, “Rio técnico” é aquele tipo de rio no qual se pega pouco peixe – hahahahaha O Cochrane é dificílimo para as capturas, pois a água é extremamente cristalina e calma. As trutas (marrons e arco-íris) são imensas e muito velhacas, difíceis de enganar. Fui pra lá leve, sem a cobrança e pretensão de sacar peixe algum, apenas o prazer de estar pescando. Afinal, grandes pescadores saírem de lá no dedo (não porque não tem peixe, mas sim porque é difícil) é normal. O tempo não era o ideal, pois estava nublado e lá é necessária muita luminosidade, pois, tirando os poções, lá se pesca somente no visual. O frio também continuava, o que fazia com que as trutas não subissem dos poções para comer. Logo que chegamos, fomos a um poção no qual com um streamer, depois de um tempo capturei uma arco-íris de uns 2,5 kg ou mais. Ela não era comprida, mas era bem parruda. Vejam como minha mão nem consegue segurá-la direito: Fiquei muito feliz, porque, apesar de não ter sido “no estilo”, o Cochrane tinha me agraciado com uma de suas difíceis trutas. Depois disso caminhamos um pouco pelas margens do rio, mas não conseguimos outras ações nos outros poções. Bom, picamos a mula por volta das 13:00/14:00h para nos encontrarmos com a Marcela, que havia ido com outro guia até Cochrane tentar ver uns huemules na Reserva Tamango. Aqui, um ponto negativo pro Lodge: A estrutura deles para passeios não é muito boa, portanto, se forem com suas mulheres, é melhor que elas gostem de ler. A Marcela levou um livro com mais de 1000 páginas e leu 600... Há passeios interessantes, mas todos distantes, como, por exemplo, pra Caleta Tortel, uma pequena cidade na foz do Baker, toda construída sobre passarelas, mas está há umas três horas de viagem até lá. Não há uma estrutura turística mínima, como, pasmem, um telefone pra contato com a Reserva Tamango. A Marcela foi até lá e o fulano que sabia onde estavam os huemules, simplesmente não estava no local. E ficou num baita frio me esperando chegar para nosso almoço, um churrasco na Reserva. Obviamente, seu humor não era dos melhores... Marcela tomando um vinho num baita frio. Marcelo e Shino fazendo a “parrillada” Depois da ótima comida, demos uma rodada pra Marcela ver umas lebres e uns guanacos. Voltamos meio tarde pro Lodge e, como a Marcela não estava no melhor de seu humor, resolvi ficar o resto do dia com ela. Não fui mais pescar. De noite, fiz uma aula de atado com o Manoel. Foi muito bom, porque, se sou principiante no fly, no atado sou muito mais. Vejam a cara de quem ta pensando, “isso vai sair uma merda...” – hahahaha No dia seguinte, estava programada uma flotada pelo Baker, mas como o dia amanheceu com o tempo bom, achamos mais interessante voltar ao Cochrane pra tentar pegar umas marrons. Fomos por outro caminho, pra variar um pouco. Cruzamos o Baker por uma ponte e fomos pela outra margem até um ponto no qual há uma balsa muito legal, movida apenas pela força da correnteza. A cor leitosa do Baker (depois da confluência com o Neff) sob a ponte Muitas “tranqueiras” pelo caminho E dezenas de lebres. Fiquei pensando num assado de lebre ou numas orelhas pra atar umas Hare’s Ear – hahahaha. Na verdade, o Marcelo até me convidou para caçarmos algumas à noite, mas não curto dar tiros em animais, não. Nesse dia, com o tempo bom, o Cochrane estava mais lindo ainda. O mais engraçado é que, apesar de não ter conseguido sacar um único peixe, foi o dia mais legal da viagem. Foi o dia mais “fly fishing” de todos. Pesca só no visual, peixes ultra-seletivos... excelente! Logo que chegamos, fomos a um ponto mais remoto do Cochrane. Havia um paredão de uns 15 metros em uma das margens. Subimos nele e lá de cima avistamos duas arco-íris “ninfando”. Uma, menor, de uns 2 kilos. A outra, imensa. O Marcelo disse que foi a maior arco-íris que já havia visto naquele rio, devendo ter uns 4 kilos! Fomos à caça delas. A primeira me deu um baita trabalho, porque eu tava com um rasgo no wader na parte de cima da bunda, e o local que precisávamos nos posicionar era mais profundo. Então, tentei um pouco e desisti, passei a vara pro Marcelo e fui pra margem consertar o wader. Usei uma cola da Loon (UV Sense) e resolveu o problema. Aquela truta não queria saber de nada, então, fomo em busca da maior. Atravessamos o rio, caminhamos com cuidado, entramos até um ponto da curva do rio além do qual não poderíamos ir, sob pena de a trutona nos ver. Passamos umas duas horas tentando pegá-la, mas nada. Usamos todas as ninfas, emergers, midges e vários streamers da caixa. Até a Gummy Minnow, mas a truta não queria saber de nada. A única coisa que fez ela “virar o pescoço” um pouco, mas refugar, foi uma isca só de marabou, que eu fiz seguindo os conselhos do Gérson. Fomos almoçar em Cochrane. Comemos um excelente Salmão Chinook fresco, que tinha vindo do Lago Vargas, onde os salmões estavam presentes. Voltamos ao trecho em que havíamos ido no dia anterior. Vimos uma marrom bonita, que também nada quis conosco. No poção, desta vez nenhuma truta se manifestou. Na volta, paramos em mais um ponto, este bem próximo da estrada. Toda hora passava um carro que levantava uma baita poeira. Mas tinha uma bela marrom dando sopa. Devia ter uns 4 Kg. Ficamos um tempão tentando capturá-la. Foi muito divertido, só que ela não capturava nenhuma mosca. O mais emocionante é que, num dado momento em que eu tava me preparando pra arremessar, saiu uma enorme marrom debaixo dos sauces e tomou minha ninfa! Como eu tava já recolhendo a linha, acabou rompendo o líder 5x. Baita susto! Pensamos, “Bom, essa aí com piercing na boca não vai mais querer saber de comer” e nos concentramos na primeira marrom, aquela que estava uns 6 metros mais à frente. Ledo engano... Quando estava na mesma situação anterior, já prestes a fazer outro arremesso, a marrom com piercing voltou a atacar. Tava com a linha frouxa, devido à posição. Dei uns passos pra trás pra tentar fisgá-la, mas não deu certo. A adrenalina e a diversão estavam altas. Saí um pouco da água e subi no barranco da margem pra poder ver melhor a localização dessa truta esfomeada. Ao descer, escorreguei nos pedregulhos do barranco e caí com tudo, batendo a bunda no chão. Putz, doeu pra caramba. Tô com hematoma até hoje. Tentei mais um pouco e, por causa da dor, acabei desistindo. O Marcelo passou a tentar pegá-la e, depois de um tempo, conseguiu. Quis porque quis passar a vara pra mim, pra que eu conhecesse a força de uma marrom. E eu com um baita receio de deixar o tippet 5x estourar. Ele falou pra eu forçar e evitar que ela corresse pra debaixo dos sauces que estavam muito próximos. Eu juro que forcei até pensar que o tippet não agüentaria, mas não foi o suficiente e ela se meteu embaixo dos arbustos. Aí não teve jeito de tirá-la. Aprendi a lição: Se os sauces estiverem muito próximos e a truta estiver indo pra lá, tem de forçar mesmo e se o tippet estourar, paciência. Ou você força e corre o sério risco de estourar, ou vai acabar perdendo o peixe de qualquer jeito pros sauces. Já tava tarde e fomos embora. Foi um dia muito legal mesmo. Jantamos num restaurante novo de umas cabanas (Konaiken) próximas do Lodge. No dia seguinte, o último de pescarias. Flotamos o Baker e o vento havia voltado com tudo. Estava mais forte até que o dia da Laguna Del Diablo. Havia rajadas que certamente chegavam ou superavam os 50 km/h! Nenhuma truta na Chernobyl. Num determinado trecho do Baker (bem no meio do grande rio) havia umas trutas (pequenas, cerca de 500 gramas). Estavam comendo na superfície movimentada e com muitos redemoinhos e correnteza. Era difícil fazer com a mosca derivasse na direção delas, por conta dos redemoinhos e mudanças de direção da água. Tinha de arremessar bem próximo delas, que se mexiam a todo o momento. Com o vento, então, já viu. Panelei, não tive competência pra pegá-las. Tentamos um trecho um poço mais abrigado (mas não muito) e peguei três trutas boas, todas na faixa de 1 Kg ou mais, nas margens, usando uma Elk Hair Caddis. Não tenho fotos porque levei a máquina sem bateria... Tinha uma que tava comendo, mas não tive competência pra arremessar até ela. Estávamos há uns 25 metros dela e, com o vento contrário, faltavam sempre uns dois metros pra mosca chegar até o ponto correto. Fora as vezes que a linha ia, mas o líder não... Meus arremessos melhoraram consideravelmente ao longo dos dias. Saí satisfeito, ainda que saiba que não estavam nem um pouco perfeitos. Na parte da tarde, voltamos às margens do rio próximo ao Lodge. As trutas estavam comendo um tipo de formiga pequena alada, que mais parecia um mosquito, porque ficavam voando paradas sobre a água, em bandos. As trutas chegavam a saltar fora d’água pra abocanhar esses bandos. Acho que, em cada salto, pegavam umas três de cada vez. Tentamos tudo o que tínhamos de parecido na caixa (não muita coisa): Midges, uma outra mosca atada pelo Gregório com asas e corpo de pena de pavão, black ant sem asa, etc, mas nada. E não era só eu que estava tentando. O Manoel e os outros dois guias do Lodge também, mas ninguém pegou absolutamente nada! E eram dezenas e dezenas de arco-íris pulando na nossa frente, quase aos nossos pés! Desesperador! Acho, sinceramente, que elas não tavam comendo os insetos que tavam na água, mas sim os que voavam baixo e parados nos mesmo ponto, muito próximos d'água. Não sei se isso é possível, mas foi o que me pareceu Fomos almo-jantar um cordeiro feito ao estilo patagônico, no fogo-de-chão. Eles queriam servir na mesa interna, como normalmente fazem, mas, depois de muita insistência nossa, comemos ao pé do fogo. Ora, não tem sentido um cordeiro de fogo-de-chão servido normalmente, numa mesa formal. Assim, tanto faz se veio do forno, da panela, etc. A graça está em ficar com a faca na mão cortando seus próprios pedaços, tomando vinho e batendo papo. Marcela Javier (faz-tudo do Lodge) e Millie (garçonete) Estava delicioso, principalmente os riñones. Já com uns vinhos na cabeça e com a noite chegando (esqueci de dizer: nessa época do ano lá escurece por volta das 21:30/22:00h) voltei pra beirada do rio e estava ocorrendo uma eclosão de Caddis e May Flies. Mas parece que as trutas ainda só estavam querendo comer as formigas aladas, porque não quiseram saber nem da Elk Hair Caddis, nem das Adams, May Flies Cripples, etc. A campeã X Caddis, eu não tinha mais. No dia seguinte, voltamos a Santiago, que tava um forno. Encontramos minha sogra por dois dias e regressamos a São Paulo. Sobrevoando os Andes, havia uma linda lagoa, que me fez pensar se nela havia trutas e me deu uma vontade incrível de voltar a pescar. Bom, agora só na próxima temporada. Ou melhor, como vem um filho por aí, sei lá eu quando!!! Bom, a pescaria não foi excelente no que diz respeito à quantidade de peixes capturados. Não tem nem comparação com a imensidão relatada pelo Jorge e também pelo Nelson. Na verdade, nesse ponto foi uma merda, mas valeu muitíssimo pela experiência e pela forma “fina” com a qual a maioria foi capturada, além da estadia agradável. Por último, uma dica: disseram que a melhor época pra pescar naquela região é em outubro, no início da temporada, quando há mais opções de rios cristalinos em volta. Mas disseram, também, que o frio come solto! Fica aqui uma pergunta pros mais experientes: Pensava que no Cochrane fosse ver um montão de trutas em suas águas cristalinas. Na verdade, haviam poucas, mas grandes. Disseram que é porque as grandes são muito territorialistas e não deixam as pequenas chegar. É assim mesmo que a coisa funciona ou tinha pouco peixe lá? Ah, o pessoal adorou a varinha feita pelo Beto. Gérson, mais uma vez, muito obrigado pela aula e dicas. Luiz Pescador, valeu por ter me cedido a Teeny 250S.
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  4. No dia seguinte, fomos pescar no rio que fica em frente ao Lodge, o Rio Baker. Esse rio é o mais caudaloso de todo o Chile. Nasce do deságüe do Lago Bertrand, há poucos kms do Lodge. O Lago Bertrand, por sua vez, nada mais é do que uma continuação daquele lago gigante que falei acima, o General Carrera. A côr da água do Baker é simplesmente inacreditável: Parece o mar do Caribe! Verde-azulada e absolutamente cristalina. Navegando, víamos o fundo há vários metros. É um rio largo; penso que chegue a ter em alguns trechos mais de 100 metros, mas sua calha varia muito. Às vezes é tão profunda que chega há uns 14 metros. Em outros pontos, é raso, surgem ilhotas, baias, etc. Mas o mais surpreendente é que, apesar de a corrente central do rio ser tão forte (ou devido a ela!) há várias pequenas correntes em sentidos absolutamente contrários no rio! Quando se navega, muitas vezes o barco vai “dançando” de acordo com as correntes laterais (e algumas vezes contrárias!) que cruza. Vira e mexe tem uns redemoinhos, mas nada grande ou perigoso. Isso faz com que esse rio tenha uma característica fantástica: Muitas vezes, nas margens, há correntes ascendente, contrárias ao fluxo normal do rio. Isso nas beiras do rio, ou seja, onde a profundidade é bem menor. Então, em vários trechos, pescávamos rio acima (upstream) caminhando rio abaixo! São muitos rios dentro de um só! Simplesmente fantástico! Isso faz com que a pesca lá seja totalmente diferente do que eu esperava. Pensava que usaria 90% do tempo vara #7 com linha afundante, mas não, os guias priorizam varas mais leves, como a #5 com linha floating, pesca visual, etc. Muito mais “fino” do que eu esperava, mas muito mais difícil, também, por conta do vento e da grandiosidade do Baker. Outra coisa: No Baker é raro fisgar-se uma marrom. Há, mas muito poucas, porque, segundo disseram, a marrom, diferentemente da arco-íris, não gosta de muita correnteza. A mudança radical do tempo não ajudou nada nesse primeiro dia. Tá certo que, por conta da ansiedade e da falta de prática, dei umas paneladas. Acabei por imprimir muita força no único peixe que bateu numa ninfa que eu utilizava pela manhã numa ilhota acima do Lodge e o tippet estourou... Pra falar a verdade, nem achava que tivesse fisgado com muita força, mas só vi a bela truta saltando que nem louca pra fora d’água pra tentar se livrar do anzol... Até me assustei. Eu, que não sou supersticioso (?!), pensei na hora, “dizem que não se pode perder o primeiro peixe, porque dá azar”... Passamos cerca de uma hora tentando capturar uma grande arco-íris que havíamos visto, mas ela não parecia querer comer. Nada adiantou. Até passei a vara pro Marcelo Soto (o guia) pra ver se era eu que tava panelando, mas ele também não conseguiu capturá-la. O Marcelo é um cara muito legal, e tem a reputação de ser um dos melhores guias do Lodge. É lá de Puerto Bertrand mesmo. É jovem, tem menos de 25 anos, mas pesca desde os 14. Bom, nada na manhã, então, almoço, “siesta” e voltamos a pescar na parte da tarde. Perdi umas 3 fisgadas. O guia disse que eu tinha que fisgar rápido, pq truta arco-íris se fisga rápido e marrom mais lento, mas acho que o problema não era esse não. Ou as trutas eram pequenas ou não estavam indo com muita vontade nas moscas. Lembrei-me dos conselhos do Mestre Gérson, que sustenta não ser necessário fisgar uma truta, mas só levantar a vara suavemente. Tentei isso e também a fisgada rápida recomendada pelo Marcelo, mas nenhuma técnica funcionou. Também, devo dizer que não foram tantas paneladas assim: Houve, na tarde toda, só três ataques à mosca, o que é muitíssimo pouco e demonstra que as trutas não estavam mesmo querendo comer. Mesmo durante uma pequena eclosão de caddis, elas não queriam saber de nada. Resultado: Sai “zapatero” no primeiro dia. Ah, meus arremessos nesse primeiro dia estavam absolutamente toscos. Muito vento, eu não conseguia controlar direito o cast com a vara #5 e a linha floating. Um horror, mas foi melhorando ao longo dos dias. No segundo dia fomos a uma laguna recém descoberta, onde nunca haviam levado outro cliente, só amigos. Tinham ido três vezes lá e, na última, pegaram 9 peixes em dois: arco-íris e marrons na faixa dos 4 kilos. Fomos de carro até Cochrane, uma cidade maiorzinha que Puerto Bertrand, mas ainda pequena. No caminho, passamos pela confluência do Rio Baker com o Rio Neff, um ponto turístico local: Não dá pra ver direito na foto, mas no lado esquerdo o Rio Neff deságua no Baker, mudando totalmente a cor da água. O Baker tem aquela cor maravilhosa do Caribe, um verde-azulado (há controvérsias, a Marcela jura que é azul-esverdeado – hahahahaha) e o Neff tem a cor leitosa. Dizem que nasce num “ventisqueiro” (uma geleira na montanha) na qual a água, por causa de tanta pressão do gelo, não tem muita oxigenação, ficando com a cor leitosa. Sei lá se é uma explicação plausível... O fato é que no local da confluência há umas quedas d’água muito bonitas e o contrate entre as duas cores do Rio Baker, antes e depois do Neff, é muito bonito. Só se pesca até essa confluência, pois a água leitosa prejudica enormemente a pescaria. No caminho, cenários maravilhosos e animais idem: Após Cochrane, entramos numa vicinal e, por fim, na propriedade de uma sitiante. É das terras dele que sai a trilha que leva até a laguna, localizada no alto de uma montanha. Caminhamos 1 hora. Não dá pra dizer que é uma caminhada leve. Na verdade, ao menos para mim, foi bem pesada, com muita subida. Quase morri no meio do caminho. Ah, lá também tive um encontro com os “amigos” do Luiz Pescador, os tábanos. Devo dizer que, apesar de chatos, não eram muitos não. Tinha só uma dúzia dessas moscas bobonas (se elas posam em você, é só dar um peteleco que caem tontas no chão) e nenhuma me picou. Tava com um baita medo, porque dizem que mais ao norte, onde é mais quente, em janeiro há milhões de tábanos que picam doído e ficam às centenas ao redor das cabeças dos pescadores, impedindo-os de pescar (o Manoel, gerente do Lodge, disse que mais ao norte, Puelo, não sei, houve uma vez em que uma camisa bege dele estava negra, de tantos tábanos. A “diversão” era fazer uma competição entre os amigos e ver quem matava mais com uma “mãozada” só. O recorde foram 11!!! Assustador!). Comigo foram pouco, que só encheram o saco com o barulho. Tudo numa boa. Depois de uns 10 minutos que chegamos na laguna, começou um vento absurdo, insuportável! Ficamos lá até as 16 hora e nada! E olha que eu joguei uma vara na mão do guia pra ele tentar também (pensava se era culpa minha). Mas nada. Ele só teve uma ação, um corte na linha quando trabalhava uma wolly bugger. Eu, nem isso. Tava conseguindo lançar bem com a vara # 7 e a linha Teeny, mais até do que eu esperava. Fiz um intensivão com o Gérson um domingo antes de ir viajar, o que certamente ajudou muitíssimo. Aqui um grande agradecimento a ele por todas as dicas e conselhos! Valeu Mestre! O vento, segundo estimativas do guia, beirava os 50 km/h! Já não tinha mais carneirinho na água, mas sim ondas! O nome da laguna era Del Diablo, e eu já achava que ele tava solto por ali... Voltei extremamente frustrado, muito triste mesmo, pensando na minha “mala suerte”. Bom, mas ela não parou por aí. Chegando na pick-up, a bateria havia descarregado por alguma luz que o guia esqueceu acessa o dia todo... Pensei, “nada é tão ruim que não possa piorar” – hehehe. Empurra daqui, empurra dali e não pega. O celular também não pegava... O campesino não tinha telefone, nem carro, nem bateria, nada... O guia foi, então, em busca de ajuda numa propriedade vizinha ou na estrada. E eu lá me lamentando do azar, pensando que não era possível que aquilo estivesse acontecendo: Estar na Patagônia por dois dias, não pegar nada, o tempo passando e eu perdendo o hatche daquele final de tarde no Baker porque a bateria estava arriada, etc, etc, etc. Já tava desesperado, pensando o que mais faltava pra me acontecer: “Bom, agora só falta saber a que horas será o terremoto”! Mas ao mesmo tempo pensava que esses três últimos dias (esse segundo dia era a véspera do Reveillon) eram a síntese de 2007. Pra mim, foi um ano muito ruim, um dos piores que já tive, com falecimento na família, problemas de saúde, etc. A esperança era que o dia seguinte não seria apenas um novo dia, mas também um novo ano... Carro arrumado, voltamos pro Lodge. No caminho, passamos pelo lindo Lago Cochrane. A pesca lá só é boa no início da temporada. Banho tomado, cueca e meias brancas novas, fomos ceiar. Ah, esqueci de dizer, de hóspede só tínhamos eu e a Marcela (não tem muitos malucos que querem passar o Reveillon isolados do resto do Mundo – hahaha). Passamos a ceia com o guia, o Manoel, a garçonete (Millie) e mais dois guias que chegaram depois, o André (ou Shino) e o Alejandro. Foi muito legal, tomei muito vinho, liberei o guia na parte da manhã seguinte, pois somos todos humanos e fui dormir.
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  5. Ao contrário da truta peluda, o wolpertinger existe de fato na Bavária. Prova abaixo. []'s
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